A necessidade de reunir esforços para que o impacto da inflação no consumidor seja o menor possível foi uma das principais conclusões da sétima edição do Congresso GS1 Portugal, que decorreu a 20 de outubro, sob o tema “Codificar o Futuro: Inflação, deflação e reduflação”.
Num painel onde estiveram presentes os CEO da Auchan Retail Portugal, da Delta Cafés, da Nestlé Portugal, da Sonae MC e da Unilever FIMA, a ideia de um trabalho em conjunto entre os vários elos da cadeia de valor saiu reforçada, nomeadamente na procura de matérias-primas mais próximas e na continuação do olhar para a sustentabilidade e para as alterações climáticas como fatores diferenciadores na procura da satisfação do mercado.
“O que importa é pensar de que forma é possível tornar a cadeia de valor mais eficiente, protegendo o consumidor”, declarou a CEO da Nestlé Portugal, Anna Lenza.
Por seu lado, o CEO da Sonae MC, Luís Moutinho, explica que o cliente tem vindo a ajustar-se às mudanças, tornando-se mais prudente, vivendo “um dia de cada vez”, afirma, como é o caso da opção de compra passar a ser de marcas de retalho, mais baratas.
Por outro lado, o CEO da Auchan Retail Portugal, Pedro Salter Cid, refere que, nestas mudanças graduais, vai haver uma constante: “os portugueses vão continuar a querer uma melhor alimentação, uma alimentação mais saudável, vão continuar a querer um planeta melhor”, tendo aqui o retalho um papel importante.
Já António Casanova, da Unilever Fima, apontou duas certezas: “vamos ter inflação e vamos ter uma recessão”. No caso da Delta, Rui Miguel Nabeiro indica que a inovação e a eficiência podem ajudar a dar resposta à crise, mas que, além disto, “temos de perceber o que é isto do preço justo, que passamos para o lado de lá, porque temos de manter a sustentabilidade das nossas organizações”, sendo este o grande desafio das empresas.
Metade dos portugueses diminuiu nas poupanças
O painel de debate foi antecedido pela partilha dos resultados de um estudo sobre o impacto da inflação nos comportamentos do consumidor, conduzido pela NielsenIQ Portugal.
Ana Paula Barbosa, Retailer Services Director da consultora, revelou que os consumidores se sentem, hoje, “menos seguros”, em especial devido à instabilidade económica. Prova disso está num cabaz completo de compras, que custa agora mais 36 euros por mês face a 2021, o que faz com que os portugueses sejam cada vez mais cautelosos, face à globalidade dos inquiridos (57% vs 38%).
Como consequência, acrescenta, 31% dos inquiridos afirmaram que pretendem comprar produtos em promoção, 26% assumiram que vão deixar de comprar algumas categorias e outros 20% admitiram optar por produtos de marca própria.
Além disto, cinco em cada dez portugueses diminuíram as suas poupanças, de modo a controlar os gastos na compra de bens de grande consumo. O consumidor atual vai comparar mais preços entre lojas, fazer mais refeições em casa e esperar por promoções para fazer compras, aponta ainda a análise.