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Produção

Ferrero: produzir sem óleo de palma “é uma utopia”

Ferrero: produzir sem óleo de palma “é uma utopia”

A apenas 25% de atingir o objetivo de ter apenas matérias primas 100% sustentáveis na sua cadeia de abastecimento, a Ferrero reuniu a imprensa e alguns parceiros para assegurar que se mantém focada na rota da Sustentabilidade. Roberto Torri, diretor de Relações Institucionais da Ferrero Ibérica, explicou à DISTRIBUIÇÃO HOJE que produzir com responsabilidade é possível e que o óleo de palma, debaixo de ‘fogo’ agora que o Parlamento Europeu se prepara para o banir, não deverá desaparecer da produção alimentar.

Foi na passada semana que o Grupo Ferrero apresentou as suas mais recentes conquistas em matéria de Responsabilidade Social Corporativa, um conceito que, segundo Antonella Sottero, diretora-geral da Ferrero Ibérica, “não é vazio” e representa “um compromisso tangível que marca a atividade diária da companhia em todo o mundo”.

 

75% do cacau certificado como sustentável, 50% das avelãs certificadas como sustentáveis, 70% do açúcar de cana certificado como sustentável, 100% do óleo de palma sustentável e 100% dos ovos provenientes de galinhas criadas ao ar livre. São estes os números que marcam o progresso da companhia no objetivo estabelecido para 2020: uma cadeia de abastecimento que utiliza apenas matérias primas 100% sustentáveis.

Roberto Torri, diretor de Relações Institucionais da Ferrero Ibérica, confessou à DISTRIBUIÇÃO HOJE que “em algumas [matérias primas] é mais complicado do que noutras (…) mas acredito que vamos conseguir atingir todos os objetivos”.

 

O Grupo Ferrero, que encerrou o ano de 2017 com uma faturação de cerca de 10 mil milhões de euros, é também o maior consumidor mundial de avelãs, matéria prima que entra na composição de quase todos os seus produtos e à qual é exigida rigorosos critérios de certificação.

“Com os produtores, independentemente de estarmos a falar de cacau ou avelã, temos uma série de acordos de colaboração para que se respeitem determinadas regras e para que possamos certificar que os nossos produtos são sustentáveis. É o caso, por exemplo, do óleo de palma. Nós somos sustentáveis desde 2015. 100% do óleo de palma que a Ferrero compra na Malásia é sustentável. Para além disso, pertencemos ao Roundtable on Sustainable Palm Oil, uma organização que reúne os produtores, os consumidores e, neste caso, o Governo da Malásia, e que certifica a sustentabilidade desta matéria prima. Existe ainda uma grande autorregulação nossa para que a matéria prima seja exatamente aquela que nós queremos usar. Todas as matérias primas com que a Ferrero trabalha são certificadas e todo o ciclo de produção é controlado por nós. Nem todas as empresas fazem isto”, sublinha Roberto Torri.

 

Essa rastreabilidade deverá tornar-se ainda mais exigente, sobretudo agora que o Parlamento Europeu anunciou que pretende banir as importações de óleo de palma para o espaço comunitário já em 2021, seja para utilização em biocombustíveis ou para produção alimentar.

Apresentação do Relatório de Responsabilidade Social Corporativa da Ferrero

O diretor de Relações Institucionais da Ferrero Ibérica acredita, no entanto, que essa proibição “é uma utopia”. “70% dos produtos alimentares são feitos com óleo de palma. Se amanhã alguém disser que não permite mais a sua utilização, não existe outro óleo vegetal que o possa substituir porque não existem quantidades suficientes de outros óleos vegetais para poder produzir todos os milhões de produtos que se fabricam em todo o mundo.”

 

“Por outro lado, se se fizerem as coisas bem, e nós fazemos bem, posso assegurar, pode-se utilizar óleo de palma sustentável, sem desflorestar, sem matar animais…Eu não digo que essas coisas não se tenham feito, porque se fizeram, mas a verdade é que se existir um compromisso de seriedade por parte das empresas, produzir óleo de palma sustentável é perfeitamente possível. Nós, pelo menos, sei que o fazemos. Sei que há muita polémica, em Portugal menos do que em Espanha, e é um tema de debate, mas nós defendemos este ingrediente como qualquer outro ingrediente desde que seja produzido de uma forma responsável e sustentável”, acrescenta.

Portugal é um dos países com maior consumo per capita de produtos Ferrero

Há 28 anos no mercado português, a Ferrero fatura no país cerca de 52 milhões de euros anuais, contando com uma quota de mercado de 24,8% e vendendo cerca de 4500 toneladas de produtos todos os anos.

“O chocolate mais vendido [em Portugal] é o Ferrero Rocher. Em Portugal vendemos um terço dos produtos que se vendem em Espanha. Em Espanha vendem-se quase 13 mil toneladas. Portugal é um país pequeno, mas gosto de dizer isto: Portugal é, no que diz respeito aos nossos produtos, um dos países com maior consumo per capita. Aqui não se pode vender muito mais, porque são apenas 10 milhões de habitantes, mas a verdade é que o consumo per capita dos nossos produtos é dos mais elevados do mundo”, revela Roberto Torri.

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