A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) revelou que a venda de livros registou um crescimento de 9% em valor em 2024, comparativamente a 2023, totalizando aproximadamente 14 milhões de unidades vendidas.
Os resultados têm por base uma análise da GfK – an NIQ company, que monitoriza as vendas de edições gerais através dos retalhistas do seu painel.
Tendo já registado um crescimento de 7% em 2023, o mercado livreiro “manteve a tendência”, que advém, maioritariamente, do aumento de livros comprados na categoria de “Ficção”, que cresceu 13% face a 2024, nomeadamente a “Literatura” (12%), a “Ficção Infantojuvenil” (15%) e a “Literatura Importada” (20%). Já a categoria de “Não Ficção” apresentou uma evolução de 4%.
“Mantém-se a tendência de crescimento registada desde a pandemia, o que constitui um sinal muito positivo para o setor do livro, mas que acima de tudo é auspicioso para o futuro do nosso país, na medida em que os livros e a leitura desempenham um papel decisivo no desenvolvimento do potencial humano”, referiu Miguel Pauseiro, presidente da APEL.
Segundo o comunicado de imprensa, este crescimento é ainda impulsionado pelas faixas etárias mais novas, que estão a comprar na categoria “Ficção”. Para Miguel Pauseiro, “é o resultado de um esforço coletivo que começa nos jovens, mas que envolve pais, educadores, influenciadores, autores, editores, livreiros, entidades e organismos públicos, e que está a dar frutos, mas que está longe de estar consolidado. Há muito para fazer”.
E continua: “não podemos permitir que seja uma moda passageira, mas sim uma mudança estrutural que vinque a centralidade do livro no processo educativo e formativo das crianças e dos jovens, bem como nas relações interpessoais, familiares e sociais”.
Segundo os dados da GfK, o crescimento ocorreu de forma homogénea no canal livreiro e na grande distribuição durante o ano passado. Além disso, registou-se ainda uma maior concentração de vendas no conjunto dos mil títulos mais vendidos, que representaram mais de 50% das unidades vendidas, uma subida de três pontos percentuais face ao ano anterior.
O número de novos títulos editados cresceu 11%, o que segundo Miguel Pauseiro “é revelador da dinâmica que os editores estão a imprimir no mercado e do risco que estão dispostos a correr, como principais financiadores da cadeia de valor, para garantir o seu papel nesta missão coletiva de aumentar a literacia da nossa sociedade”.
Os dados do estudo revelaram ainda que a taxa de crescimento das vendas de livros importados foi mais do dobro da taxa de crescimento das vendas de livros do mercado no seu todo (20%). As estimativas da APEL apontam para um peso do livro importado entre 5% a 8% do total do mercado nacional.
A APEL enfatiza que, apesar de o setor viver um “momento positivo”, “carece de consolidação” e sugere ser o “momento ideal” para equacionar medidas de apoio à instalação de novas livrarias, rever a Lei do Preço Fixo do Livro, apoiar autores de língua portuguesa e reforçar os orçamentos para a aquisição de livros quer para as bibliotecas municipais quer para as bibliotecas escolares.