Um estudo apresentado pela TNS Worldpanel, esta semana, indica que o comportamento dos consumidores portugueses face à crise é induzido pelo ambiente social e pela falta de confiança, mais do que a efectiva situação financeira dos lares.
A base da análise é relativa ao comportamento de consumo dos lares em Portugal Continental, nos primeiros oito meses de 2009.
Através deste estudo foram identificados quatro grupos de lares cujos comportamentos face às compras de supermercado e reacções perante a actual recessão diferem: os Despreocupados, os Solidários, os Influenciáveis e os Impactados.
Os Despreocupados são aqueles que afirmam não sentir crise e não economizam, por outro lado os Solidários não sentem a crise, mas economizam por precaução.
Os Influenciáveis, que representam a grande fatia (50%) da população nacional, afirmam sentir a crise e passaram a tomar mais cuidado com as suas despesas não essenciais. Reduziram também o consumo, apesar de não terem razões objectivas ou obrigatórias para o fazer. São casais com filhos pequenos e agregados familiares de três pessoas, com rendimentos iguais à média. Consideram-se muito pessimistas e 60% acredita que a crise vai prolongar-se por mais dois anos.
Os Impactados foram verdadeiramente afectados pela crise económica e constituem 22% da população nacional. Reduziram os gastos em produtos de grande consumo (-3,1%). São tipicamente casais com filhos adolescentes ou famílias numerosas, auferem um rendimento muito inferior à média, sendo o factor ?preço? primordial nas suas compras e cada acto de consumo é racionalizado.
Passaram a comprar mais produtos de Marca do Distribuidor e 52% afirma ter mudado de loja habitual em busca de preços mais baixos. A maior parte deste grupo reduziu as compras por impulso e passou a ir menos às compras.
«Notámos que o impacto nos hábitos de consumo foi claramente induzido pelo ambiente social, mais do que propriamente pela situação financeira efectiva dos portugueses, daí que um dos grandes desafios para 2010 passe por reconstruir a confiança do consumidor», refere Paulo Caldeira, director de comunicação da TNS Worldpanel Portugal, em comunicado.
Segundo o responsável, já são visíveis os sinais de recuperação no comportamento de consumo apesar da crise ter criado um consumidor mais contido e racional.