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Potencial do mercado de pagamentos português ainda não foi consumado: A visão do setor

O estudo de mercado “Meios de Pagamento em Portugal” elaborado pela Nielsen Portugal foi apresentado na 1ª Conferência Anual da Associação Nacional de Instituições de Pagamento e Moeda Eletrónica (ANIPE). Com foco nos pagamentos e no crescimento da economia portuguesa, o estudo quis conhecer a perceção do mercado nacional e as tendências do setor junto de comerciantes e consumidores. Conheça as conclusões.

A investigação que teve autoria da VGD Consulting (VGD), e a colaboração da European Women Payments Network (EWPN), identificou como intervenientes mais relevantes, os utilizadores, os fornecedores de instrumentos de pagamento e os comerciantes a retalho. O estudo consistiu na realização de 800 entrevistas telefónicas junto dos consumidores, 207 entrevistas pessoais a turistas, 202 entrevistas telefónicas a comerciantes e 16 entrevistas em profundidade a empresas do setor.

 

Entre as principais conclusões do estudo destacam-se:

– Adaptação do mercado de pagamentos à nova realidade da relação com os clientes e de transformação entre empresas

 

A inovação tecnológica, a legislação europeia − com a Diretiva dos Serviços de Pagamento revista (DSP2) − e a pressão provocada pela pandemia foram as principais causas apontadas para o efeito.

– Visão do potencial do mercado de pagamentos português que ainda não foi consumado

 

“O alegado (…) monopólio da SIBS (…) é indicado como um dos principais entraves à inovação do setor financeiro em Portugal”, nota o estudo, apontando a Suécia e o Reino Unido como referência europeia. “Portugal poderia estar ao nível do Reino Unido se alegadamente não estivesse tão dependente da SIBS, que é vista como o maior entrave ao desenvolvimento. Apesar de inovador, Portugal é considerado pelo próprio setor como um mercado fechado.”

– Pagamentos de serviços exclusivos a contas bancárias nacionais encarados como entrave ao consumidor europeu

 

Com base no enquadramento de “uma Europa única, aberta e global” este facto é visto não só como uma barreira ao consumidor europeu, mas também ao desenvolvimento da economia do País.

Cartões de Débito e Crédito encarados como os meios de pagamento mais vantajosos

“Velocidade nas operações de pagamento, maior transparência, maior facilidade de conciliação, maior mobilidade do utilizador e interoperabilidade” foram apontados como os principais motivos pelos utilizadores. Por sua vez, o multibanco e o MBway foram associados a uma menor mobilidade, interoperabilidade e transparência.

Fragilidades reconhecidas no open banking

A DSP3, agora em discussão, é vista como uma necessidade para regular, criar modelo de negócio, novas áreas/moedas e alterar regras para uma experiência de utilizador sem fricção.

Tendências de pagamentos:

Do lado dos consumidores

Verificou-se que a maioria dos portugueses continua a utilizar os meios tradicionais de pagamento (dinheiro/numerário e cartões), apesar do impacto da pandemia na promoção de outros instrumentos de pagamento que não o dinheiro/numerário. “84% indicaram ser titulares de pelo menos um cartão de débito ou crédito”, com “a pandemia a contribuir significativamente para o aumento da utilização do pagamento por contactless e por MBway”, pode ler-se no estudo.

Constata-se também que a utilização do MBway continua a crescer e é um dos meios de pagamento com maior índice de utilização Pós-Covid, aproximando-se das transferências bancárias, das referências multibanco e dos débitos diretos. Os três benefícios mais associados à utilização de novas tecnologias nos meios de pagamento por parte dos consumidores são: “redução de risco de fraude (segurança), conveniência e poupança”.

Além disso, 10% dos utilizadores refere ter deixado de efetuar compras por duas vezes no último mês, por não ter dinheiro e/ou por não ser aceite outro meio de pagamento. Nas compras online, 12% apontam dificuldades no pagamento, nomeadamente no que respeita aos procedimentos de autenticação (informação solicitada), e aos consequentes erros e/ou bloqueios.

Ainda assim, a perceção geral é de satisfação face ao mercado de pagamentos português.

Aos olhos das empresas

A investigação concluiu que os comerciantes ainda se mostram muitos fiéis aos meios de pagamento tradicionais, embora existam novos meios de pagamento em crescimento. Destes, “destacam-se as transferências bancárias e os cartões de crédito, considerados como os mais competitivos ao nível de taxas e aos meios de pagamento mais habituais”.

Verifica-se também uma crescente tendência de melhoria da experiência do utilizador, nomeadamente através da disponibilização ao cliente final de várias alternativas de pagamento – a melhoria da experiência de compra ganha cada vez relevância no processo de decisão.

Para os comerciantes, o débito direto é o meio de pagamento preferencial (embora não seja o mais usado) “já que é um meio de pagamento que não implica qualquer ação do cliente, e traz mais vantagens para as empresas, como a previsibilidade e o custo das comissões”.

Uma experiência de compra “fácil, rápida, cómoda, mas simultaneamente segura e transparente”, são as principais razões para a utilização dos meios de pagamento eletrónicos. “Para as empresas é ainda considerada como muito relevante a possibilidade que os meios de pagamento vieram acrescentar do ponto de vista de integração e conciliação de dados (ex: contabilidade e faturação)”, sublinha o estudo.

Neste circuito, foram ainda referidos alguns constrangimentos. Das empresas inquiridas, “41% concorda que a não disponibilização de um determinado meio de pagamento é incómoda para o cliente, mas só 18% afirmam que podem perder vendas por não apresentarem os meios de pagamentos que o cliente pretende ou dispõe”. Adicionalmente, “cerca de 8% das empresas em Portugal afirma já terem passado por situações incómodas por não conseguirem aceitar algum meio de pagamento”.

Por último, a perceção de 25% dos comerciantes é de que a economia poderia verificar um maior crescimento se existisse uma maior abertura a outros meios de pagamento.

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