A digitalização, o mundo interconectado e a uniformização da experiência de compra estão a mobilizar as atenções dos principais players do mercado de pagamentos e a criar novas leads de competitividade que conduzem os mais tradicionais para modelos de negócio disruptivos que lhes garantirão a sustentabilidade do negócio
A digitalização do mundo, a utilização massiva de dispositivos móveis e a transformação digital que se impõe aos negócios não deixa margem para falhas. Os circuitos de pagamentos têm de mudar e isso está a acontecer um pouco por todo o mundo, nuns países mais rapidamente do que noutros, mas a realidade é que as aplicações de pagamentos móveis e digitais estão a ter um grande feedback, nomeadamente em Portugal. «Dentro de algum tempo teremos soluções muito completas nesta área», garante Miguel Fernandes, head of sales para Portugal da Paypal.
Numa paralelismo com a história da empresa , que surgiu com a bolha da Internet, e que após a integração no Ebay procurou reinventar-se inovando a experiência de consumo do mercado, colecionando no seu percurso aquisições, como a Braintree, a Paydiant, a Cyactive, ou a Xoom, que lhe permitiram fortalecer-se e olhar agora para o mercado com uma perspetiva mais abrangente. Um mercado no qual Miguel Fernandes diz existirem «oportunidades gigantescas».
Nos últimos anos Miguel Fernandes assinala a existência de grandes mudanças ao nível dos meios de pagamento, e tanto os comerciantes como os clientes tornaram-se mais atentos à inovação. O mercado quer «mudanças mais rápidas mais completas e que tragam mais valor acrescentado», sustenta o responsável. Procurando responder ao que o comércio pede e afastando-se da ideia de “botão”, o head of sales para Portugal, da Paypal, sublinha a importância das novas formas de pagamento garantirem o engagement com os clientes que as marcas tanto procuram, simplificando processos e registos, e, garantindo a abertura dos sistemas de pagamento a múltiplas plataformas.
Empresas como a CP ou a EMEL (ePark) estão na linha da frente na resposta às necessidades dos clientes em matéria de pagamentos digitais e são apenas alguns dos exemplos de projetos que a PayPal tem desenvolvido no nosso país.
A transformação digital nos pagamentos está a acontecer a um ritmo acelerado, no entanto a segurança continua ainda a ser um travão. No entanto Daniel Espolita, senior manager de Innovation Market Readiness da Visa Europe garante que essa questão pode ser esbatida com inovação e com novas formas de controlar as transações digitais. A Tokenização é uma das inovações que a Visa defende e que, de acordo com este responsável pode fazer a diferença na aceleração da adoção do contactless, que já está a conquistar a Europa. Com a informação dos cartões inserida num token, que posteriormente é embebido em qualquer dispositivo móvel, e pode ser configurado de forma a salvaguardar a sua utilização em múltiplos domínios (dispositivo em que funciona, montante, tipo transações, local de compra, etc), Daniel Espolita assume que estamos perante um «enabler para o desenvolvimento dos pagamentos contactless».
Daniel Espolita reconhece que a mudança de comportamento dos clientes está a acontecer e que isso é visível na proporção de 1 em cada 5 pagamentos Visa serem já realizados por via contactless. «Um em cada três cartões já são contactless», destaca ainda o responsável.
 Com os terminais contactless a invadirem o mercado, que assumirão de forma totalitária em 2020 por imposições regulamentares, o senior manager de Innovation Market Readiness da Visa Europe, assume que o contactless traz um valor importante para os utilizadores e para os bancos, na medida em que abre novos mercados que até agora não utilizavam cartões e aumenta em 18% os gastos dos clientes não só no comercio tradicional, como no ecommerce. «é uma tecnologia que agrada aos clientes pela comodidade e aos bancos pelo retorno», assume Daniel Espolita.
À medida que aumenta o número de dispositivos ligados, e que a IoT ganha expressão, a oportunidade que o mercado de pagamentos móveis encerra para os diferentes players ganha uma maior importância.
Estão abertas as portas para a convergência digital. Uma experiência simples e uniforme em todos os dispositivos é o caminho que nos leva para o futuro dos pagamentos digitais. Alberto López, digital payments responsible, Espanha e Portugal, na Mastercard diz que o contexto está montado e que a facilidade, a transparência dos pagamentos e a simplificação do checkout devem ser tidos em conta pelos players se quiserem manter-se no mercado. Apontado exemplos como a Uber, a Starbucks ou a Cepsa, este responsável aponta o caminho a seguir para a digitalização. «30% dos cartões de pagamentos deverão ser digitais em 2020», sustenta o responsável.
O mote para a mudança tem por trás a ameaça dos novos players que nascidos na era digital trazem consigo modelos disruptivos de negócio que seduzem o cliente com experiencias de compra apelativas, simplificadas, seamless e personalizadas.
O enorme potencial dos wearables e da IoT não deixa indiferente o setor, que temendo perder terreno para os novos players, um passo mais à frente, sabem agora que não podem esperar nem adiar mais a mudança. Daniel Espolita considera que os wearables e a IoT «conduzirão o futuro dos pagamentos» e guiarão os clientes para um contexto de convergência digital em que a experiência de compra será uniforme, independentemente do dispositivo utilizado para o pagamento.