A Geração Z está a redefinir a gestão financeira, afastando-se dos modelos bancários tradicionais e adotando novas plataformas digitais para controlar o seu dinheiro. Neste processo, os smartphones e os influenciadores desempenham um papel central, moldando a forma como esta geração cria e adapta os seus hábitos financeiros.
De acordo com o relatório de agosto de 2025 da PYMNTS Intelligence, intitulada “Os Hábitos Financeiros da Geração Z Colocam o Débito, as Carteiras Digitais e os Influenciadores no Comando”, esta geração tem demonstrado um comportamento financeiro significativamente distinto das gerações anteriores.
Uma das principais conclusões do estudo é que a Geração Z poupa mais agressivamente do que as gerações anteriores, guardando 36% da sua renda nos últimos seis meses, em comparação com 27% das gerações mais velhas.
No entanto, não é apenas a sua capacidade de poupança que é diferente, mas onde o dinheiro está a ser aplicado. Apenas uma pequena parte do dinheiro vai para contas bancárias tradicionais. Em vez disso, as carteiras digitais representam 13% das poupanças, enquanto o criptoativo, apesar da volatilidade, atrai ainda 6,3%.
Segundo o estudo, a principal ferramenta financeira desta geração não é uma agência bancária, mas sim o smartphone, que se tornou o centro do seu universo financeiro. Para 81% dos consumidores da Geração Z, as recomendações de influenciadores nas redes sociais são mais significativas do que as de conselheiros financeiros tradicionais, quase três vezes mais do que os baby boomers.
O relatório revelou ainda que a Geração Z tem uma forte preferência por usar débito em vez de cartões de crédito, cheques ou outras formas de pagamento tradicionais. Isto reflete tanto uma cultura de aversão ao crédito, como uma facilidade tecnológica, uma vez que o débito se integra com as carteiras móveis e apps de pagamento que dominam o seu dia a dia.
Para os bancos, isso representa um desafio significativo, uma vez que o modelo tradicional depende da captação de depósitos. Se a Geração Z não está a fazer depósitos em contas bancárias de forma significativa, o modelo de negócio bancário tradicional começa a mostrar sinais de fragilidade, explica a análise.
Desta forma, as carteiras digitais não são apenas formas de pagamento, estão efetivamente a tornar-se locais para guardar dinheiro. A Geração Z vê pouca diferença entre o dinheiro guardado em apps de pagamento, como Venmo ou Apple Cash, e o dinheiro em contas bancárias tradicionais.
 Por outro lado, o criptoativo, apesar da sua volatilidade, continua a ser visto por muitos como uma forma de poupança ou especulação de longo prazo, o que está a retirar a fatia de mercado dos bancos.
Além dos hábitos de poupança e gastos, o estudo sublinhou também duas forças culturais poderosas que estão a moldar as finanças da Geração Z: a Amazon e os influenciadores digitais.
Isto porque a Amazon é a sua loja de referência, não apenas para bens, mas também para serviços, com a plataforma simplificada de pagamento, a funcionalidade de comprar agora, pagar depois (BNPL) e a experiência de compra sem fricções a reforçarem o domínio dos canais digitais.
Por sua vez, os influenciadores nas redes sociais estão a substituir os bancos e consultores tradicionais ao oferecerem conselhos financeiros, muitas vezes de forma mais autêntica e próxima da linguagem da Geração Z.
O estudo realça que, perante este cenário, os bancos têm duas opções: ignorar este comportamento como uma fase passageira, assumindo que, com o tempo, a Geração Z voltará aos modelos tradicionais, ou adaptar-se às novas realidades e oferecer soluções mais integradas e digitais.

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