O ano de 2025 confirmou uma nova realidade para a economia digital e para o setor dos pagamentos: a volatilidade tornou-se estrutural. Mudanças nas rotas comerciais, flutuações na confiança dos consumidores e a consolidação da inteligência artificial (IA) como força decisiva estão a redefinir a forma como o dinheiro circula e é gerido.
De acordo com o relatório trimestral da PYMNTS (“Q3 2025 eBook”), cinco tendências vão marcar o último trimestre do ano e moldar a próxima fase do ecossistema financeiro global.
- A velocidade do dinheiro é o novo padrão
Os pagamentos em tempo real deixaram de ser uma inovação para se tornarem a norma, com as instituições financeiras a reverem os seus sistemas de liquidez, estruturas operacionais e mecanismos antifraude.
- A inteligência artificial passa de útil a decisiva
A IA já não é apenas utilizada para otimizar tarefas, assumindo cada vez mais um papel estratégico na tomada de decisões financeiras. Nas áreas de planeamento, precificação e gestão de capital, o seu impacto é comparável a uma “mudança de patamar”. De acordo com a análise, a automação gera eficiência, mas o verdadeiro valor está na capacidade preditiva e analítica.
- A confiança volta a ser um produto
O aumento das fraudes digitais impulsionou a evolução das ferramentas de defesa, com várias empresas a utilizar IA em tempo real para detetar e bloquear tentativas de fraude antes que o dinheiro seja movimentado. Identidades sintéticas, engenharia social e fraudes com deepfakes estão entre os maiores desafios para as equipas de risco neste último trimestre.
- Finanças integradas tornam-se infraestrutura
O conceito de finanças integradas (embedded finance) evoluiu de simples botões de pagamento para sistemas completos de gestão comercial. O estudo sublinha a existência de plataformas que integram pagamentos, contas, crédito e tesouraria num único ambiente, reduzindo tempos de ciclo e ampliando margens.
Assim, o relatório prevê uma expansão vertical, com setores como hotelaria, imobiliário e recursos humanos a automatizarem todo o ciclo financeiro em software.
- O pagamento é o novo produto
Com a infraestrutura das empresas a ser modernizada, o pagamento de saídas (payout) ganha centralidade, com o estudo a apontar para um modelo de pagamentos diários e instantâneos, ajustados a eventos como entregas, viagens ou faturas. Assim, a personalização e a rapidez destas operações estão a criar novas formas de fidelização entre instituições financeiras e utilizadores.
 De acordo com o relatório, existem duas inclinações transversais que marcam todas as tendências: a inteligência na gestão de fluxos de caixa B2B e a convergência entre identidade e pagamentos.
Desta forma, concluiu-se que as empresas estão a priorizar visibilidade em tempo real de contas a pagar e a receber, reforçando liquidez através da automação e da integração de dados.
Ao mesmo tempo, a autenticação baseada em risco está a aproximar-se da simplicidade da experiência do consumidor, equilibrando segurança e usabilidade. Como resume o relatório: “Velocidade sem segurança é uma falsa economia; segurança sem usabilidade é um travão ao crescimento”.
Assim, a análise da PYMNTS concluiu que a vantagem competitiva no setor financeiro será conquistada onde infraestrutura, risco e receita se cruzam. O desafio para 2026 será projetar sistemas que não só movimentem dinheiro em tempo real, mas que o façam com precisão, confiança e propósito estratégico.

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