A inteligência artificial (IA) está a ganhar peso nas decisões de compra, influenciando de forma crescente a escolha de produtos e marcas, com 25% dos consumidores a reconhecer já ter seguido recomendações baseadas em IA uma ou duas vezes, enquanto 20% admite tê-lo feito várias vezes.
As conclusões são da Escolha do Consumidor, que realizou um estudo sobre as tendências emergentes que estão a moldar os hábitos de compra dos portugueses, com a análise a destacar o papel crescente da IA nas decisões de consumo, a maior valorização da sustentabilidade e a mudança dos comportamentos ligados à economia circular.
Por outro lado, 27% dos entrevistados não sabem dizer se foram influenciados pela IA, um sinal do carácter discreto e integrado destas tecnologias na experiência de compra, e 28% afirmou nunca ter recebido influência de recomendações baseadas em IA.
De acordo com o estudo, a IA é também vista como uma forma de simplificar a experiência de compra, com 32% dos participantes a considerar que a tecnologia reduz o esforço de pesquisa, tornando o processo mais simples e eficiente. Para 25%, a IA facilitou a descoberta de novos produtos relevantes, ampliando as opções disponíveis.
Além disso, 19% destacou a personalização e a rapidez que oferece, ajustando a experiência às preferências individuais de cada consumidor.
Ainda assim, 14% dos inquiridos referiu não ter notado qualquer diferença com o uso da IA e 10% considera que a tecnologia complica o processo ou não transmite confiança. Os dados mostram uma aceitação crescente da IA no consumo, embora persistam dúvidas relacionadas com a sua credibilidade e utilidade percebida.
Segundo a análise, a maioria dos consumidores (53%) afirmou ainda planear reduzir o consumo, mas apenas em algumas categorias, evidenciando uma mudança seletiva e mais consciente. Já 21% afirma querer diminuir de forma significativa, revelando “uma mudança mais profunda nos seus hábitos de compra”. Por outro lado, 21% disse não saber como irá comportar-se no futuro e 5% avançou que pretende manter ou até aumentar o nível de consumo.
Sustentabilidade e economia circular
O estudo também concluiu que o compromisso ambiental tem vindo a ganhar importância, mas o preço continua a ser determinante na decisão de compra. Mais de metade dos consumidores (52%) disse preferir marcas sustentáveis apenas quando o preço é competitivo, revelando um equilíbrio entre valores éticos e acessibilidade económica.
Para 25% dos portugueses, o compromisso real com práticas sustentáveis é determinante na escolha de uma marca. Já 18% mostrou-se indiferente ao tema e 5% afirmou que este fator não influencia a sua decisão de compra.
No que toca à compra de produtos em segunda mão, 43% dos consumidores afirmou não ter esse hábito. Embora ainda não seja uma prática dominante, uma parte relevante da população já aderiu a este tipo de consumo. A investigação também concluiu que, entre os que compram usado, 24% escolhem sobretudo artigos de moda, seguidos da tecnologia (17%) e dos brinquedos (3%). Além disso, 13% refere optar por produtos em segunda mão de outras categorias.
No que toca aos sistemas de devolução e recompra oferecidos pelas marcas, 14% dos inquiridos já os utilizaram várias vezes e 20% apenas uma ou duas vezes, mostrando sinais de expansão.
Outros 29% dizem conhecer estes sistemas, mas nunca os usaram, enquanto 30% afirmou que não os conhece, evidenciando a necessidade de maior divulgação e sensibilização por parte das marcas.
Apenas 7% afirmou não ter interesse neste tipo de iniciativas, o que sugere que, apesar da adoção ainda ser limitada, existe um forte potencial de crescimento à medida que aumenta a sensibilização dos consumidores para o consumo sustentável.

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