Foi apresentado ao público em geral no começo de maio e tem superado as expectativas. No primeiro mês, o marketplace reuniu 17 categorias, mais de 1.500 subcategorias, mais de 500 mil referências, mais de 400 parceiros e o site recentemente lançado já recebeu um milhão de visitas. Os CTT e a Sonae são os impulsionadores do Dott e comprometem-se a investir 10 a 15 milhões de euros nos próximos cinco anos com o intuito de revolucionar o e-commerce em Portugal.
O Dott nasceu com uma missão concreta: ser o site de compras online de referência em Portugal. Além do compromisso de proporcionar uma melhor experiência de e-commerce no nosso país através da maior rede de distribuição a nível nacional e com opções de entrega adaptadas aos clientes, um dos objetivos é chegar às 100 mil encomendas e reunir um milhão de produtos até ao final deste ano. Atualmente, as mais de 500 mil referências disponibilizadas equivalem a dois hipermercados.
Em entrevista à DISTRIBUIÇÃO HOJE, Gaspar D’Orey garante que o Dott pode ajudar as empresas da indústria e os retalhistas a lançarem as suas marcas próprias e revela as principais metas do projeto.
Como nasceu o Dott e o que levou à criação deste projeto?
O Dott nasceu de uma joint venture entre os CTT e a Sonae. A ideia, na verdade, partiu dos CTT que estão a inovar, a passar por uma fase de transformação digital bastante grande e a crescer a dois dígitos na área de encomendas. Com todo este shift das compras online, de e-commerce, os CTT, enquanto maior distribuidor português e com a maior malha nacional, tomam a linha da frente no que toca a encomendas e deparam-se com uma realidade portuguesa que indica que o nível do retalho no nosso país ainda está pouco digitalizado.
Atualmente, apenas 1/3 dos portugueses compram online e só 3% das receitas dos retalhistas provêm dos canais digitais. Quando comparamos com outros países mais maduros como, por exemplo, Inglaterra, que se situa nos 15%, percebemos que há muito espaço para crescer. Os CTT consideraram então que tinham de ajudar os retalhistas, não necessariamente os grandes, mas sobretudo os mais tradicionais, e as PME’s nacionais que precisam de maior apoio.
Por outro lado, os parceiros do Dott precisam de um conhecimento muito específico ao nível de marketing online. Foi assim que entrou a Sonae e ambas as empresas comprometeram-se a investir 10 a 15 milhões nos próximos cinco anos. Tivemos a aprovação da Autoridade da Concorrência em julho passado, e a partir daí, começámos a desenvolver o site. Até fevereiro passado, conseguimos angariar 400 sellers, e neste momento, estamos com aproximadamente 500. Somos o primeiro marketplace puro a nascer em Portugal com este modelo de negócio.
Qual é o balanço que faz da fase de arranque do Dott?
No final de fevereiro, abrimos o site numa fase final de testes, sem divulgarmos ao público em geral, fizemos a limpeza aos “bugs” que fomos encontrando, e atualmente, a cada duas semanas, temos funcionalidades novas a sair para o mercado. É um processo muito dinâmico.
Decidimos lançar a campanha de comunicação offline e online, a 1 de maio, em TV, rádio, outdoors e redes sociais. Do ponto de vista de notoriedade, conseguimos chegar ao milhão de visitas neste período, o que é muito bom para uma marca nova no mercado. Não era de todo esperado e foi bastante positivo.
O objetivo é trazer muitas pessoas a conhecer o site, as marcas e os produtos, de forma a ganharem confiança com o Dott. Por outro lado, queremos que tenham uma boa experiência quando compram um produto nosso e que nos recomendem a outros, se tudo correr bem. Este ciclo recomeça depois e é desta forma que trabalhamos.
Neste momento, estamos a superar todas as expectativas e pretendemos chegar às 100 mil encomendas, a mil sellers (estamos na fase de triagem) e a um milhão de produtos, até ao final deste ano. Estamos a caminhar passo a passo para reunir as marcas que os portugueses consomem no dia a dia.
Isso implica uma grande aposta a nível comercial. Considera que alguns parceiros preferiram esperar e juntar-se depois do Dott ser lançado e estar em funcionamento?
Claramente. Houve quem preferisse ver-nos de portas abertas para saber o que esperar, ainda que outros tenham decidido entrar de imediato e ser early adopters. Nós valorizamos e agradecemos muito a quem confiou na ideia desde o começo.
Uma das diferenciações do Dott assenta na diversidade de categorias…
Sim, temos 17 categorias, muito variadas, desde a moda e calçado, a acessórios para veículos, passando por brinquedos, vinhos, entre muitas outras. Temos também mais de 1.500 subcategorias e um total de 500 mil referências. Por enquanto, não apostamos no retalho alimentar sobretudo pela questão operacional que é muito mais complexa. Queremos dar um passo de cada vez. A avançar, tem de ser bem feito.
O grande objetivo do Dott é ser o “top of mind” dos portugueses em termos de compras online e estamos a trabalhar para que pensem em nós em primeiro lugar quando precisam de comprar algo. Enquanto agregador de todos os tipos de produtos, temos uma junção de duas oportunidades, quer do lado do seller, quer do lado do buyer.
Como funciona a distribuição na prática?
Na prática, juntamos várias lojas no Dott que vão disponibilizar os seus produtos ao cliente final e somos nós que tratamos de toda a logística associada à compra. É muito fácil comprar no Dott: o cliente pesquisa o produto que quer nas várias categorias, escolhe onde prefere receber a sua encomenda, indicando a morada para o efeito, ou opta por levantar num dos 1.600 pontos de entrega que temos em todo o país, incluindo ilhas. O facto de termos parceria com os CTT garante-nos o acesso a um conjunto de funcionalidades que nos permitem uma maior flexibilidade com o cliente final. Esta é a maior rede de distribuição nacional e nós beneficiamos disso.
Na opção de “como quer pagar”, disponibilizamos todos os meios de pagamento que os clientes mais gostam, desde referências multibanco, a cartão de crédito e Payshop, o que lhes confere uma maior confiança. Assim, o cliente pode pagar onde quiser e como quiser.
Em quantos dias é que entregam as encomendas?
As entregas podem variar desde o dia seguinte até dois, três ou quatro dias. Como trabalhamos com várias lojas, há que ter em conta que cada uma pode ter prazos mais alargados ou mais curtos. No limite, estamos a falar de quatro dias de entrega, sem custos. Se o cliente quiser receber a sua encomenda no dia seguinte, o valor associado é pouco significativo. Temos também entregas gratuitas para encomendas a partir dos 19,99€. Neste campo em particular, vamos ter várias novidades em breve.
A partir do momento em que o cliente compra, o retalhista recebe uma notificação por correio eletrónico, tem de colocar o produto dentro da caixa Dott e dar-nos a indicação para posterior recolha. A partir daí, nós tratamos de todo o processo logístico, o que é uma vantagem gigante para o parceiro. Ao centralizarmos a logística do Dott, ao contrário de outros players internacionais, poupamos o seller a todo o processo de procurement de um parceiro logístico e a toda a negociação em caso de problemas de entrega, assegurando o apoio direto ao cliente. Acreditamos que facilitamos a vida ao cliente final dando-lhe uma experiência unificada de A a Z.
Recorremos ao seller quando recebemos perguntas muito específicas e mais técnicas sobre determinado produto. Fazemos esta intermediação que acrescenta valor e confere uma maior proximidade entre o cliente final e o próprio parceiro.
Como caracteriza os parceiros do Dott?
Os parceiros podem ser desde retalhistas já conhecidos dos portugueses a PME’s muito mais incipientes que provavelmente já nasceram digitais, que têm ótimos produtos, mas não tinham forma de escalar o seu negócio, como por exemplo, a Volt que é uma empresa portuguesa de raquetes de padel.
Temos muitos parceiros de indústria, como por exemplo, fábricas que tipicamente produzem para os maiores retalhistas nacionais e que têm marcas próprias, mas que nunca as colocaram no mercado. O Dott é uma forma de irem ter com o consumidor pela primeira vez, o que vem dinamizar a criação de marcas nacionais porque, na prática, os retalhistas estão de forma gratuita na plataforma pagando apenas quando há alguma transação (comissão da venda). Quanto mais alargarmos o mercado, mais e-commerce vai existir e todos ganham com isso.
Existem requisitos a cumprir por parte de empresas que pretendam integrar o Dott?
Temos uma check list com cerca de 40 parâmetros que atentam à maturidade do seller, à componente financeira, à qualidade do produto, ao potencial de vendas que terá no Dott, entre outros fatores. Fomentamos uma proximidade muito grande com os parceiros, ou seja, cada seller tem um account manager a quem ligar a qualquer altura, sempre que precisar, e isso é algo que nos diferencia. Queremos mesmo fazer este caminho em conjunto e dizer-lhes que todos têm a ganhar se estiverem no Dott.
Atualmente, a nossa equipa comercial recebe contactos de potenciais parceiros que querem estar na plataforma e juntar-se a nós, o que inverteu um pouco o trabalho. É um momento muito saudável da nossa curta vida como site.
Qual é o vosso perfil de cliente?
Na prática, temos três grandes targets: os millennials que tipicamente já nasceram na era digital e não têm qualquer problema em comprar online mas que procuram sobretudo as oportunidades e as promoções; os young professionals, jovens famílias que estão à procura de valor, ou seja, não querem pagar demais pelos produtos mas querem conveniência e comodidade e são os que têm feito mais encomendas até ao momento; e as pessoas com mais de 55 anos que são clientes que, apesar de constituírem uma fatia menor de compras online, têm um maior poder de compra e gostam de comprar produtos de qualidade.
Como é composta a equipa do Dott?
Temos uma equipa de 35 pessoas. Acreditamos na descentralização total, com sede no Porto e escritórios em Lisboa. A nossa comunicação é muito ativa, a equipa de marketing está maioritariamente em Lisboa, bem como algumas pessoas da área de comercial, e no Porto, temos as operações, a tecnologia e a restante equipa comercial.
O que diria a potenciais parceiros que possam ter interesse em integrar o Dott?
Queremos ajudar as empresas da indústria que queiram lançar as suas marcas próprias. Temos assim uma aproximação muito grande de todos os parceiros e estamos focados a ajudá-los a fazer este caminho no e-commerce.
Na prática, temos parceiros que utilizam a página do Dott para fomentar o e-commerce nos seus próprios sites porque isto traz tanto trabalho acrescido em termos de logística e de pagamentos, e nós acabamos por poupá-los a esse nível. Do nosso lado, vamos colocar o produto ao cliente certo, na hora certa. O nosso objetivo é a ultrapersonalização do site, ou seja, a partir da segunda ou terceira visita que um cliente faça, apresenta-se de forma diferente, consoante as suas opções. Com base no comportamento que a pessoa demonstra nas buscas que faz, conseguimos propor produtos que sejam mais recentes, mais visitados, com mais extração ou com uma probabilidade maior de o cliente vir a gostar.
Quais as expectativas para o Natal deste ano? Estão preparados para um acréscimo de encomendas?
Sim, o Natal é uma fase muito desafiante para qualquer distribuidor pelo pico de vendas no retalho. Aliás, no último trimestre, contamos ter um aumento muito grande de encomendas e maior tráfego do ponto de vista operacional, mas faz parte e é para isso que cá estamos.
Apostar em promoções faz parte da vossa estratégia?
O cliente português está habituado a promoções e é claro que vai ser uma aposta nossa. No primeiro ano, vamos testar a atividade promocional, incluindo uma Black Friday. Ainda não decidimos propriamente os formatos que vamos privilegiar pois queremos ser diferenciadores, em termos de posicionamento e de marketing.