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Alimentaria 2018: Empresas nacionais muito satisfeitas

Alimentaria 2018: Empresas nacionais muito satisfeitas

A Alimentaria Barcelona 2018 afirmou-se, nesta primeira edição conjunta com a Hostelco, como grande feira mundial de alimentação e HoReCa. Portugal foi o terceiro país estrangeiro em número de expositores e as empresas com que falámos mostraram-se muito satisfeitas com a participação e esperam repetir a presença. Uma intenção confirmada também pelo presidente da PortugalFoods.

A edição deste ano da Alimentaria Barcelona, que decorreu de 16 a 19 de abril, cresceu em toda a linha: cerca de 150.000 visitantes, sendo 30% estrangeiros – de 156 países, visitaram os 4.500 expositores, de 70 países, abrangendo 100.000 m2 de espaço. “Os excelentes resultados e as sinergias alcançadas são prova do sucesso do modelo que propomos, que transforma o evento num grande marco internacional que traça uma linha futura de interesse estratégico”, considera o diretor da Alimentaria Exhibitions, J. Antonio Valls, em entrevista à DISTRIBUIÇÃO HOJE. (Ver Caixa)

 

Também a presença portuguesa na Alimentaria aumentou em 2018, com o nosso país a subir ao terceiro lugar do pódio (fora Espanha), com 59 empresas (24 com a PortugalFoods – sendo seis através da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), mais seis com a Inovcluster – e cinco pela mão da consultora Exumas). Uma presença que, no global, as empresas disseram ser positiva mostrando-se, na maioria, com interesse em repetir a participação em edições futuras, como também sublinhou Amândio Santos, presidente do conselho de administração da PortugalFoods, em entrevista à DISTRIBUIÇÃO HOJE: “É, de facto, um certame no qual a PortugalFoods continuará a apostar e a alargar a participação nacional sob a marca-chapéu PortugalFoods, criando assim maior massa crítica e visibilidade para o setor agroalimentar português”, porque “Espanha é o principal cliente do setor agroalimentar nacional, representando em 2016, cerca de 34% das exportações agroalimentares portuguesas”. (Ver Caixa)

Por setores, a panificação e pastelaria voltou a ter uma grande representação (tal como há dois anos), seguida pelos queijos e outros produtos lácteos (com algumas empresas a participarem pela primeira vez na feira), havendo também várias companhias da área das carnes transformadas e novas participações de empresas de frutas desidratadas e suplementos alimentares, entre outras.

 

Bons contactos e organização

Quase todas as empresas presentes na feira já exportam para vários mercados, tendo como objetivo reunir com representantes e distribuidores, bem como potenciais novos parceiros e mercados. “A feira correu dentro das expetativas. Com visitas de atuais clientes, fornecedores e potenciais novos clientes. (…) será uma presença a repetir devido à importância que esta feira tem, ainda mais para nós que é um mercado de extrema importância”, diz-nos Tiago Lameiro, responsável de comunicação e marketing da Rialto, de Oliveira do Bairro, que produz croutons, biscoitos integrais, pão ralado tostas com sabores (biscottinas).

 

Também o export manager da Nuvi Fruits (empresa de fruta desidratada do grupo Luís Vicente, com a marca Frubis) afirma que “a feira correu muito bem para nós. Conseguimos realizar um conjunto de reuniões importantes com potenciais parceiros de diversos países da América Central e do Sul. Países nos quais ainda não trabalhamos mas que temos verificado um interesse crescente nestes tipos de produtos”.

Como fator positivo da Alimentaria Sebastião Lorena salienta a “plataforma Matchmaking. Através da mesma conseguimos preparar a feira com bastante antecedência e agendar um conjunto de reuniões importantes. Como oportunidade de melhoria gostaríamos de ver mais parceiros (buyers) europeus na feira”. Uma questão também levantada pelo chief comercial officer da Prozis (a líder europeia em suplementação e alimentação funcional): “Temos um foco muito grande neste momento em massmarket no mercado europeu e esta feira não tinha quase ninguém destes mercados… o que é uma pena não se apostar mais na presença de possíveis compradores europeus”.

 

Por seu lado, Vânia Mascarenhas, responsável de marketing da Infos (empresa de soluções informáticas para vário setores, com destaque para a distribuição e logística), explica que “neste momento temos um grande foco em Espanha, Marrocos e Angola mas pretendemos expandir a nossa presença com as soluções de gestão de negócio que desenvolvemos: MULTI – ERP, KORA – Solução de Mobilidade Comercial e MAXIRETAIL – Gestão de Rede de Lojas”, salientando que “a organização é muito boa com diversos serviços disponíveis que permitem rentabilizar a presença através de plataformas para a logística da organização, convites, marcação de reuniões, … apesar de ser uma feira enorme (com nove pavilhões) a equipa é muito disponível e disponibilizam tudo o que uma empresa necessita para uma presença de sucesso. Temos apenas boas referências nesta participação”.

Louvor também à PortugalFoods

O diretor comercial da Cistér, empresa nacional que transforma e embala leguminosas, destaca que “a PortugalFoods fez um excelente trabalho, tal como nos tem vindo a acostumar. Uma excelente localização no certame e um pavilhão muito apelativo”. Sobre “uma futura presença na Alimentaria” José Sanches Silva afirma, todavia, que “não está nos nossos planos, pois achamos que as feiras SIAL e ANUGA abrangem mais clientes, devido à sua antiguidade”, frisando que “os nossos mercados mais fortes são os países do Médio Oriente devido a um grande consumo de leguminosas”.

Ainda em termos de organização e localização, também Joaquim Pereira, diretor-geral do Mundo das Sobremesas (grupo Jopan), estava muito satisfeito, quando falámos com ele na feira, com a sugestão da organização da Alimentaria para mudar para o pavilhão internacional: “aqui estamos a ter muito melhores compradores e contactos excecionais, com algumas dezenas de potenciais clientes”.

Mesmo ao lado, Luís Costa, gerente da Chocolates Avianense, que participou no certame pela primeira vez, também nos disse estar satisfeito, salientando que “estamos a apostar muito nos produtos para turista, como as sardinhas, as tabletes turísticas, de cidades, entre outros produtos”.

Igualmente estreante, a responsável de exportação do Pão da Vermelha, Susana Seixas refere que a feira correu muito bem, “consegui realizar alguns bons contactos, foi uma ótima oportunidade de networking para o Pão da Vermelha, não só entramos em contacto com o mercado espanhol mas também com outros mercados internacionais”. Uma opinião partilhada por Cláudio Arsénio, da Casa do Crespo em Aveiro, que já exporta para vários países, inclusive para Espanha, mas cujo objetivo é “continuar a crescer mas de forma lenta e sustentada”.

Outra empresa que participou na Alimentaria pela primeira vez foi a RealSabor, de Avintes, de produtos fumados e cozidos. Um desafio, admitiu a responsável de marketing, num país onde reinam os embutidos e o jamon. Mesmo assim, Rita Diogo contou-nos que a empresa “quer apostar no crescimento da exportação, que nesta altura quinda é pouco significativa, centrando-se principalmente no mercado da saudade”.

Aumentar a exportação

Isabel Jesus e Xavier Santos da ASA Congelados, de Cantanhede, explicam que a empresa nacional de produtos congelados (com destaque para o peixe) já exporta para muitos países, com grande enfoque na Europa, mas também alguns africanos de expressão portuguesa, entre outros. Mas a responsável de qualidade sublinha que “a meta é aumentar a exportação e, para dar resposta a esse crescimento, estão a ser construídas novas instalações que deverão começar a funcionar no final do ano”.

Por seu lado, Serafim Nascimento, da Comifrio (empresa de congelados e pré-cozinhados), salienta que “já exportamos para diversos países, entrámos em Espanha há dois anos e está a correr muito bem”. O responsável da divisão de exportação da empresa de Vila Nova de Famalicão sublinha ainda que “cerca de 80% do que comercializamos é private label, inclusive de várias cadeias nacionais”.

Uma das empresas que foi à Alimentaria sob o chapéu PortugalFoods, mas através da CCIPD, foi a Quintal dos Açores, que confeciona compotas e temperos tradicionais. Fernando Sousa, sócio-gerente, diz que a empresa já vende para os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suíça e Rússia e considera que a “feira foi muito positiva para nós e voltaríamos a repetir a presença”.

Ali ao lado, estava a Companhia dos Açores que agrupa várias marcas e produtores açorianos e no conjunto de empresas presente na feira, também no stand da PortugalFoods, mas pela mão do InovCluster, estavam igualmente dois espaços ‘coletivos’: a empresa Maria Dias que distribui produtos de diversos produtores da região de Castelo Banco – como o mirtilo e o medronho da Erikae, o azeite Fio da Beira e o vinho Raya, entre outros, e a APROSERPA – que levou produtos e produtores de Serpa, nomeadamente de queijo, mas não só.

Nota negativa para a presença de público

A diretora-geral da SIA Aperitivos refere que “é a terceira vez que fazemos esta feira. Teremos de pensar se iremos repetir”.  Alexandra Sanches diz-nos que a empresa já está presente em diversos mercados e que “é um produto muito barato: batatas fritas, pelo que a parte logística tem um peso muito elevado na exportação”

Sobre a organização, a responsável lamenta ter sido “uma feira muito aberta ao público em geral que teve muito acesso”. Um reparo feito também pelo export director da Bicafé, Bruno Silva, que adianta, no entanto, a “captação de contactos da América Latina” como o melhor do certame e indica que a empresa deverá repetir a participação em próximas edições. A Bicafé já comercializa os seus produtos “em mais de 20 países, sete dos quais com empresa e equipas próprias, são eles Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Marrocos, Reino Unido e Brasil”.

Do lado das notas negativas à feira, há ainda a referir que Paulo Miranda, CCO da Prozis se mostrou “surpreso com o facto de os expositores no último dia pelas 11/12:00 abandonarem os stands e outros começarem a desmontar… ainda com pessoas a trabalhar”, bem como “muitos stands terem deixado tudo abandonado, o que provocou um verdadeira onda pessoas a ‘pegarem’ nos produtos”.

Sobre estas reclamações das empresas nacionais, o departamento de comunicação da feira responde que “o departamento de visitantes da Alimentaria é extremamente cuidadoso ao permitir que apenas visitantes profissionais entrem no show. Além disso, existe um acordo com o Banc dels Aliments, uma fundação que ajuda grupos de pessoas em risco de exclusão social. Esta fundação arrecadou quase 35 toneladas de alimentos e bebidas, doados pelos expositores (12,8% mais que na última edição), cada vez mais comprometidos com o combate ao desperdício alimentar”.

*A jornalista viajou a convite da Alimentaria Barcelona

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