Na última previsão que a Comissão Europeia (CE) faz antes das eleições europeias do próximo dia 26 de maio, Bruxelas, nas suas Previsões de Primavera, aponta para um crescimento de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) português para 2019. Esta previsão é 0,2 pontos percentuais (p.p.) inferior ao que o ministro das Finanças português, Mário Centeno, apontou para Portugal (1,9%). Este valor de 1,7% é, aliás, previsto para o crescimento da economia portuguesa não só para 2019 como, também, para 2020.
Apesar do valor ser inferior ao que o Ministério das Finanças avança, o PIB português cresce acima da média europeia, cuja evolução está prevista para 1,2%, em 2019, e 1,5% para 2020.
No documento de Bruxelas, referente a Portugal, pode ler-se que “a expansão económica deverá continuar em ritmo moderado, apesar de uma contribuição mais fraca das exportações líquidas, graças à força do consumo privado e do investimento”. No que diz ao desemprego, a CE avança que este “deve continuar a cair, mas a um ritmo mais lento”.
Quanto à visão global europeia, Bruxelas refere que, em 2019, a economia “deverá continuar a expandir-se pelo sétimo ano consecutivo, prevendo-se que o PIB real cresça em todos os Estados-Membros”. As incertezas que persistem a nível global são realçadas pela Comissão Europeia, referindo que “serão as dinâmicas internas a apoiar a economia europeia”, prevendo que o crescimento “volte a ganhar ritmo no próximo ano”.
“O recente abrandamento do crescimento e do comércio mundiais, juntamente com uma grande incerteza quanto às políticas comerciais, está a pesar sobre as perspetivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e 2020. A debilidade persistente da indústria transformadora também desempenha um papel importante, especialmente nos países que se deparam com problemas específicos na indústria automóvel”, refere a comissão.
Para Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo Euro e pelo Diálogo Social, bem como pela Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais, “os riscos que pesam sobre as perspetivas continuam a ser significativos. No plano externo, estes incluem uma nova escalada nos conflitos comerciais e fragilidades nos mercados emergentes, em especial na China. Na Europa, devemos continuar alerta para um possível ‘Brexit sem acordo’, a incerteza política e os possíveis ciclos viciosos entre a dívida bancária e a dívida soberana”.
Já Pierre Moscovici, Comissário responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros, Fiscalidade e União Aduaneira, declarou que “a economia europeia encontra-se à altura das circunstâncias globais menos favoráveis e de uma incerteza persistente. No entanto, devemos estar prontos para, se necessário, prestar mais apoio à economia, juntamente com novas reformas favoráveis ao crescimento. Acima de tudo, temos de evitar o protecionismo, o que só agravará as tensões sociais e económicas existentes nas nossas sociedades”.
Quanto aos “perigos” que as várias economias da Europa enfrentam, os riscos de revisão em baixa continuam a ser significativos. “O risco de medidas protecionistas a nível mundial e o atual abrandamento do crescimento e do comércio do PIB mundial poderão revelar-se mais persistentes do que o previsto, em especial se o crescimento na China for inferior ao esperado”, admite a Comissão Europeia nas suas Previsões de Primavera.
Já no campo interno, ou seja, Europa, “os riscos incluem o ‘Brexit sem acordo’ e a possibilidade de as perturbações temporárias que atualmente pesam sobre a indústria transformadora serem mais duradouras”, salientando, igualmente, o risco de “um aumento da incerteza política e de políticas menos favoráveis ao crescimento possa resultar numa retirada do investimento privado”.
Do lado positivo, o consumo privado e o investimento na UE podem revelar-se “mais resilientes do que o esperado, em especial se a confiança entre as empresas e os consumidores for menos sensível às incertezas e contrariedades internas, e caso seja acompanhada de medidas de política orçamental mais fortes do que o esperado em países com margem de manobra orçamental e de reformas favoráveis ao crescimento”, conclui Bruxelas.