As empresas de meios e métodos de pagamento têm vindo a adaptar-se, a fazer crescer os seus negócios e a entregar nas mãos dos consumidores, a possibilidade de escolha de ferramentas mais cómodas e uma gestão segura do seu dinheiro. Espera-se uma maior democratização na hora de pagar. E no futuro, a impressão digital será apenas uma parte da equação. É que a forma como piscamos os olhos e nos movimentamos pode vir a fazer a diferença.
Longe vão os tempos em que era absolutamente necessário ter dinheiro na carteira para levantar uma verba no multibanco. Ou em que os pagamentos se faziam da mesma forma, sem grandes novidades e por rotina. Uma coisa é certa atualmente: os pagamentos em numerário começam a fazer parte do passado e a ser substituídos por outras transações. Ou será que não? As opiniões divergem. As empresas do setor tornaram-se mais ágeis e flexíveis, passaram a fornecer uma panóplia de soluções que proporcionam maior comodidade e confiança aos utilizadores. “Um dos objetivos do PayPal passa por continuar a crescer para que os pagamentos em dinheiro se tornem cada vez mais residuais e as pessoas se acostumem à digitalização dos métodos de pagamento. Os pagamentos, como os conhecemos atualmente, devem desaparecer”, começa por garantir o diretor de negócios do PayPal em Portugal, Miguel Fernandes, à DISTRIBUIÇÃO HOJE.
O objetivo desta empresa é claro: “colocar diretamente nas mãos dos utilizadores, as ferramentas necessárias para uma boa e segura gestão do dinheiro”, garante Miguel Fernandes. Tendo em conta os números e a performance do PayPal no ano passado (ver caixa), o responsável acredita que o crescimento continuará a acontecer. “2019 será mais um grande ano.”
A Visa em Portugal tem como objetivos estratégicos construir parcerias, transformar a tecnologia e expandir o acesso às contas. “Há também uma necessidade de maior consciência sobre os benefícios dos pagamentos eletrónicos em detrimento dos pagamentos em dinheiro”, defende Paula Antunes da Costa, country manager. De forma global, são três as prioridades para o setor: “continuar a expandir as infraestruturas e aceitação de pagamentos eletrónicos; consolidar os pagamentos contactless e preparar o caminho para desenvolver os pagamentos móveis; e promover os pagamentos e-commerce”.
Também a Easypay cresceu “em todos os indicadores” em 2018, indica o CEO Sebastião Lancastre (ver caixa). O responsável considera que é este o panorama do mercado: crescer especialmente na utilização de novos meios de pagamento e nas compras online que representam apenas “10% do total das compras feitas pelos portugueses”. A concorrência também tem vindo a aumentar, o que significa para a Easypay “um estímulo ainda maior para inovar e nos diferenciarmos, fornecendo ao cliente final, soluções mais vantajosas e úteis para os seus hábitos”. O CEO denota que “há cinco anos, poucos eram os que conheciam alternativas aos bancos. Hoje, existem Fintechs, como a Easypay, e ainda as Big Techs, como a Google, a Amazon ou o Facebook a entrar no mercado da banca. Será que vão permanecer por cá?”, questiona. Não sabemos. Mas é inquestionável a evolução do mercado neste setor.
Em Portugal, 70% dos pagamentos são ainda feitos em dinheiro o que, comparando com outros países da Europa, é muitíssimo superior ao desejado. Na Suécia, por exemplo, apenas 19% dos pagamentos são em numerário” – Sebastião Lancastre, Easypay
O caminho tem vindo a ser feito aos poucos. Sebastião Lancastre não considera que os pagamentos em dinheiro sejam ultrapassados em larga medida. “Em Portugal, 70% dos pagamentos são ainda feitos em dinheiro o que, comparando com outros países da Europa, é muitíssimo superior ao desejado. Na Suécia, por exemplo, apenas 19% são em numerário”, explica. Na sua opinião, o que mais trava a adoção de novas tecnologias é o preço. O CEO critica a realidade de alguns tipos de comércio que só aceitam pagamentos em multibanco acima dos 5€. “Por outro lado, é claro que se torna urgente criar políticas que lutem contra a evasão fiscal, através do incentivo para a utilização de novos meios de pagamento”, acrescenta.
Para Paulo Raposo, diretor geral da Mastercard em Portugal, “Portugal tem estado a perder terreno em relação a outros países, como por exemplo, Espanha, na adoção dos mais modernos sistemas de pagamentos. Por exemplo, as transações contactless ainda representam menos de 3% do total de transações [no nosso país], quando, em outros países europeus o já representa entre 30 e 50%.” E dá exemplos concretos desta realidade. “Em Londres, por exemplo, a introdução desta tecnologia na TFL (Transport for London) permitiu uma redução de custos na ordem dos 35%, superior a 100 milhões de euros. Na Suécia, quatro em cada cinco transações já não envolvem dinheiro físico. As notas e moedas foram abolidas nos autocarros e a maior parte das atrações turísticas de Estocolmo já só aceitam pagamentos digitais. Já na Dinamarca é expetável que os pagamentos em dinheiro sejam abolidos até 2030”.
Para o diretor geral da Mastercard em Portugal, é notória “a relação emocional com o dinheiro com expressão significativa naqueles que residem no interior, mas também nos que têm menos escolaridade”. Ainda assim, a principal conclusão de dois estudos realizados recentemente pela empresa, é a de que os portugueses estão predispostos a utilizar novas soluções de pagamento mas que é necessário “continuar a investir em campanhas de sensibilização para as vantagens destes novos meios de pagamento, nomeadamente, em relação à tecnologia contactless, que é, sem dúvida, o próximo nível tecnológico do setor dos pagamentos e os portugueses mostram uma total abertura e vontade de a utilizar.”
Cada vez mais digitais?
A atuar no mercado há 14 anos, a Ifthenpay [Fintech portuguesa especializada na emissão e gestão de referências multibanco para empresas] tem-se focado na componente tecnológica associada a alguns serviços financeiros de forma a ter vantagens competitivas. “Por outro lado, apesar de a banca ser um parceiro de sempre, e essencial para o funcionamento das Fintechs, muitas vezes, existe a tendência e os receios compreensíveis de parte a parte”, explica Nuno Breda, co-founder e co-CEO da empresa.
Neste momento a trabalhar no aumento da sua oferta na área dos métodos de pagamento, e apesar de considerar que as referências multibanco continuam a ser “o método rei” dos pagamentos em Portugal, o também co-founder e co-CEO da Ifthenpay, Filipe Moura, considera que, em Portugal, sistemas novos como o MB Way, que a empresa já integra, “estão a ter um grande crescimento no volume de pagamentos”.
“Temos um dos sistemas de pagamento mais modernos da Europa, e em algumas funcionalidades, estamos mesmo entre os melhores do mundo” – Maria Antónia Saldanha, SIBS
Quando a Pagaqui se lançou no mercado, em 2014, começou com apenas quatro produtos. “Hoje já disponibiliza mais de 1600”, explica João Barros, CEO da empresa, à DISTRIBUIÇÃO HOJE. Com um crescimento progressivo, entre o ano de fundação da empresa e 2017, a empresa consegue “duplicar anualmente o número de transações”. É uma fase de transformação, esta que vive Portugal, no que respeita a meios e métodos de pagamento. “O mercado tem tendência a moldar-se com as novas tecnologias apresentadas. Recorrer a instituições bancárias físicas para tratar de determinados assuntos, como as transferências, está a deixar de acontecer, pois já existem várias soluções que o permitem fazer sem sair de casa, através do telemóvel ou computador”, adianta o responsável.
Miguel Fernandes considera que os portugueses estão “totalmente abertos a novos meios de pagamento, são early adopters e procuram sempre as soluções que lhes oferecem melhores proteções e segurança, quer comprem em Portugal, ou no estrangeiro”. São consumidores mais informados que procuram pagar de forma rápida, fácil e segura. Na tendência de reduzir cada vez menos “o cash”, “desincentivada a utilização de funcionalidades ou soluções que incentivem o levantamento de dinheiro, e promovida a instalação e soluções interoperáveis globalmente em qualquer dispositivo, vamos assistir a uma aceleração das compras online, onde serão privilegiados os meios de pagamento que ofereçam uma experiência superior aos clientes, seja para comprar dentro ou fora do país, em smartphone, tablets ou computadores”, prevê o diretor de negócios.
“Para a Mastercard, o futuro é cashless e graças à incrível velocidade com que as novas tecnologias são adotadas, as carteiras físicas vão ser algo do passado, dando lugar aos pagamentos móveis. E a boa notícia é que o acordo no seio da indústria global de pagamentos remete para a criação de um standard para os pagamentos por token que podem ser feitos através de qualquer dispositivo, seja um telemóvel, um computador, um smartwatch (como o da FitBit ou da Garmin), um anel ou um casaco. O token é um novo patamar de segurança, e o contactless, a tecnologia que vai facilitar os pagamentos”, antecipa o diretor geral da Mastercard em Portugal. O objetivo é que a experiência de compra seja segura e decorra sem obstáculos. E ainda que o dinheiro não desapareça por completo, os pagamentos digitais irão aumentar e essa é uma tendência que veio para ficar.
Reunir todos os dispositivos de comércio conectados, graças à IoT, bastando para isso estarem ligados à internet, é algo que para a Mastercard será indiscutível. “As previsões apontam para que, até 2020, 62% dos wearables estejam aptos a efetuar pagamentos.
O ritmo no online tem vindo a acelerar. Há uma espécie de recuperação do tempo perdido, como explica Miguel Fernandes. “Ainda há poucos anos, não eram muitos os bancos que emitiam cartões de débito que funcionassem online, ao contrário de outros países mais desenvolvidos. ”Estamos perante uma nova realidade? A necessidade de soluções de pagamento de base tecnológica deve ser vista “como entusiasmante para consumidores, comerciantes, entidades financeiras e empresas de serviços financeiros assentes na tecnologia, como a SIBS, que estão na vanguarda destas soluções. O caminho passa certamente por continuar a reforçar a vertente seamless, isto é, que o consumidor ‘nem sinta’ que está a efetuar um pagamento, porque vai tornar-se cada vez mais uma experiência integrada em diferentes tipos de ambientes”, defende a diretora de marca e comunicação da SIBS, Maria Antónia Saldanha.
Para a responsável, não existem dúvidas. “Temos um dos sistemas de pagamento mais modernos da Europa, e em algumas funcionalidades, estamos mesmo entre os melhores do mundo. Os utilizadores aderem às novas tecnologias com rapidez e isso facilita a introdução de novos métodos de pagamento, mais modernos e disruptivos, que primam pela comodidade e simplicidade, como os pagamentos móveis e instantâneos, caso do MB Way.”
As novas gerações têm vindo a desenvolver um papel muito importante nesta mudança de comportamentos e são os primeiros a desafiar o setor de pagamentos e a banca. “Os millennials vivem na internet, onde fazem a maioria das suas compras, a qualquer hora e em qualquer lugar, comparam soluções e preços e investem em experiências, sem nunca descurar o fator da segurança. É também uma geração que procura soluções de pagamento acessíveis, integradas e imediatas”, explica a responsável da SIBS. João Barros acrescenta que as gerações vindouras serão mais aptas a estes novos métodos de pagamento, mas sublinha que há cada vez maior adesão por pessoas de várias idades. “Hoje em dia, o acesso à internet em agregados familiares continua a aumentar.”
“Há também [na Visa] uma necessidade de maior consciência sobre os benefícios dos pagamentos eletrónicos em detrimento dos pagamentos em dinheiro” – Paula Antunes da Costa, Visa Portugal
O futuro dos pagamentos – que já começa a ser a realidade atual – será então mais focado no cliente e potenciado pela tecnologia? “Todas as oportunidades estão em aberto. Hoje em dia, mais de 70% dos portugueses utiliza smartphones, e os portugueses estão, de facto, cada vez mais recetivos aos métodos de pagamento digitais sobretudo pela conveniência e simplicidade de uso. A tendência é mesmo que os pagamentos digitais suplantem cada vez mais a utilização de cash: as compras com cartão têm sido consistentemente superiores ao crescimento da economia e três vezes superiores ao crescimento dos levantamentos”, acrescenta Maria Antónia Saldanha.
Há quem defenda que a resistência à mudança já faz parte do passado. “A tecnologia contactless está a crescer rapidamente como o tipo de inovação que nos permitirá absorver uma parte significativa das transações em dinheiro que ainda são feitas em Portugal. A Visa está a acelerar a adoção de pagamentos contactless a nível global para continuar a tornar os pagamentos digitais mais rápidos, mais simples e mais seguros”, explica Paula Antunes da Costa. Através do programa “Visa Transit Solutions”, a empresa tem vindo a tentar ajudar as operadoras de transporte público a aceitar pagamentos com esta funcionalidade. “Cidades como Madrid, Londres, Milão ou Rio de Janeiro, para nomear apenas algumas, já têm soluções deste tipo em que o cliente utiliza apenas o seu cartão Visa contactless, de débito ou de crédito, para aceder diretamente à rede de transportes públicos, da mesma forma que utiliza o seu cartão contactless para fazer uma compra, ou seja, com uma simples aproximação do contactless do terminal”, sublinha.
No que respeita ao desenvolvimento de pagamentos digitais no nosso país, são ainda muitos os desafios. “A rede de terminais de pagamento que aceitam a tecnologia apresenta algumas inconsistências, mas acreditamos que estas irão gradualmente desaparecer em benefício da experiência do utilizador final.” A country manager não acredita que as novas formas de pagamento substituam as existentes, mas que será o consumidor a escolher o que melhor se adapta às suas necessidades do momento.
Novo ano, novas soluções
Será um ano estratégico para a Pagaqui que lançou recentemente o serviço de “Acquiring” [aceitação de pagamentos com cartões bancários através de um Terminal de Pagamento Automático (TPA)] e se prepara para o lançamento da “carteira digital”. Em relação ao primeiro, a recetividade por parte dos retalhistas tem sido grande, garante João Barros. “Passaram a contar com uma solução que permite aceitar pagamentos presenciais com cartões de débito e crédito internacionais Visa e Mastercard nos estabelecimentos comerciais ou online (existindo já negociações para o alargamento a outros emissores internacionais) e que não pressupõe qualquer fidelização para os comerciantes”. Todos os terminais físicos disponibilizados pela empresa incorporam a tecnologia contactless e uma das principais inovações é a ferramenta de backoffice que é disponibilizada aos comerciantes sobretudo para os que “tenham necessidade de controlar as cobranças em múltiplos pontos de venda permitindo aceder à informação online e em tempo real”, refere o responsável.
No que respeita à carteira digital, trata-se de uma aplicação 100% desenvolvida pela empresa que irá permitir fazer a gestão da conta pessoal, realizar transferências, carregamentos e realizar compras através do smartphone, tablet ou PC. “Terá associado um cartão de débito pré-pago Visa/Mastercard. A curto prazo, mas numa segunda fase pós lançamento, permitirá realizar empréstimos de curta duração (serviço ‘Emprestaqui’), com valores abaixo dos 200 euros e inferiores a 30 dias, e promover serviços de poupança (serviço ‘Poupaqui’) e ainda seguros.” Este ano ficará também marcado pela parceria, no âmbito da Liga das Nações, entre a PAGAQUI e a Alipay, numa primeira instância, com foco na região Norte, mas com objetivo de alargar a todo o território nacional. “Com esta parceria, a Pagaqui vai chegar mais perto do mercado turístico chinês, que tem aumentado significativamente no nosso país.”
“O mercado tem tendência a moldar-se com as novas tecnologias apresentadas. Recorrer a instituições bancárias físicas para tratar de determinados assuntos (…) está a deixar de acontecer” – João Barros, Pagaqui
O Paypal lançou recentemente em Portugal o serviço de pagamentos pessoais gratuitos, uma solução fácil e rápida para transferir dinheiro entre as pessoas. “Agora, enviar, receber e solicitar dinheiro de amigos e familiares pode ser feito rapidamente na aplicação ou no site do PayPal, sempre de forma gratuita, independentemente da fonte de financiamento escolhida para enviar o dinheiro, para qualquer país da zona euro”, conta Miguel Fernandes. Especificamente para o retalho, a empresa lançou há alguns meses “o PayPal Checkout” que oferece opções de pagamento às empresas, facilitando o processo de compra dos clientes, da forma que desejarem, sem terem de sair do próprio site. “Oferece ainda a possibilidade a milhões de pessoas de fazerem compras em qualquer site por intermédio de um smartphone, tablet ou computador, a partir de vários países. Foi também integrado o PayPal One Touch, que torna as compras online mais rápidas e fáceis, pois não é necessário inserir o nome de utilizador, senha e informações de pagamento cada vez que uma compra é feita, eliminando restrições durante a experiência de compra do utilizador”, assinala o diretor de negócios.
A grande novidade que a Mastercard quer trazer para o mercado este ano é a implementação do “Mastercard Digital Enablement Service (MDES)” que irá permitir aos clientes emissores portugueses, a digitalização dos seus cartões em distintas carteiras virtuais, “nomeadamente, Apple Pay (disponível em dispositivos Apple) e em wearables, como o Fitbit.
Facilitar a vida de comerciantes e de consumidores
Dentro da estratégia de crescimento e inovação a médio-prazo que resultará em investimentos variados, a SIBS, em Portugal, lançou novos serviços nos últimos meses, entre eles, a solução interbancária de “Instant Paymens Solution”, as novas funcionalidades da MB Way (pedir dinheiro, dividir a conta e utilizar multibanco), a compra de vouchers na rede Multibanco, a modalidade ‘pay-as-you-go’ no cartão Lisboa Viva, entre outros. Destaque ainda para a solução de fidelização de descontos multibanco e o primeiro ecossistema nacional de Open API, SIBS API Market.
“No mercado nacional, a SIBS impulsionou o desenvolvimento de e-commerce das empresas, sobretudo no segmento das PME, com soluções como a plataforma para pagamentos digitais, multicanal e multi-aceitação, juntamente com a solução Paywatch, que agrega capacidades analíticas avançadas e inteligência artificial, num modelo FPaaS (Fraud Prevention as a Service) e que está desenhada para fazer frente às novas tipologias de fraude e ataques de cibersegurança, o que dá garantias adicionais de segurança às entidades e clientes que utilizarem os serviços da SIBS”, anuncia Maria Antónia Saldanha.
Especificamente com o MB Way, as compras em loja com QR Code ou NFC e a funcionalidade “Utilizar Multibanco” vêm no sentido “de facilitar a vida dos consumidores diariamente e impulsionar o negócio de comerciantes”. A responsável da SIBS avança à DISTRIBUIÇÃO HOJE que serão apresentadas várias novidades no decorrer deste ano, relativas à app “que vão servir particulares, mas também o segmento de retalho, quer online, quer em lojas presenciais, para consolidar o crescimento da economia digital”. Também este ano serão criadas “as condições para o surgimento de vários negócios ou soluções digitais assentes nas API disponíveis no SIBS API Market”.
Filipe Moura, da Ifthenpay adianta que a empresa está focada em desenvolver um método de pagamento próprio e internacional. “Ainda estamos em fase de preparação, mas será o grande promotor da nossa internacionalização.”, diz. Tendo no seu ADN, o desenvolvimento de soluções de software, a empresa pauta-se pela oferta de serviço de pagamentos integrado e automatizado com as plataformas dos comerciantes. “Ofereceremos todo este serviço sem custos fixos para o comerciante, e o consumidor tem nos métodos locais portugueses, especialmente na referência multibanco, um meio de pagamento sem custos, com uma segurança que os serviços da SIBS nos acostumaram e nos canais que os portugueses estão habituados a utilizar”, acrescenta Nuno Breda.
“Os pagamentos, como os conhecemos atualmente, devem desaparecer” – Miguel Fernandes, PayPal
Do lado da Easypay, estão a ser trabalhados dois novos serviços para acrescentar ao portefólio. “Aproveitando a nova realidade que é trazida pela nova diretiva de pagamentos (PSD2), nomeadamente no que diz respeito à agregação da informação bancária e à iniciação de pagamentos, estes dois novos serviços vão complementar a oferta, mantendo-a atual, vanguardista, flexível e conectada”, salienta Sebastião Lancastre. O novo método de pagamento em desenvolvimento será, na sua opinião, “uma mais valia para o B2B e para o B2C e irá facilitar a internacionalização dos nossos comerciantes, que este ano deverão chegar aos 15 mil. A integração na nossa app contribuirá também para uma solução mais abrangente e uma maior adesão por parte dos mesmos”.
Nos últimos anos, a plataforma de soluções digitais da Visa tem vindo a oferecer um portefólio crescente de serviços que permitem “que pagamentos com tokens, contactless, online, dispositivos móveis e P2P (pessoa-a-pessoa) sejam incorporados mais facilmente em novos produtos, como por exemplo, o Visa Token Service, Visa Direct, carros inteligentes conectados à internet, vários produtos contactless, etc.”, explica a country manager, em Portugal. Com o advento da digitalização, a empresa tem também apostado em novas medidas de segurança e de combate à fraude com progressos importantes.
Paulo Raposo denota que uma larga percentagem de comerciantes europeus desconhece a obrigatoriedade da SCA (Strong Costumer Authentication), nos termos da diretiva PSD2, a partir de setembro deste ano. “Os comerciantes online devem estar preparados para adotar as novas regras de autenticação, devendo para o efeito, discutir o tema com o seu acquirer ou com o prestador de serviço de gateway de pagamentos. Em paralelo, os bancos emissores de cartões também terão de informar os seus clientes sobre os novos e melhores métodos de autenticação, incluindo, se for disponibilizada, a autenticação biométrica”. Como forma de aumentar a segurança, “a Mastercard tem apresentado um conjunto de novas ferramentas de deteção de fraude baseada em Inteligência Artificial, permitindo às instituições financeiras aumentar a precisão das aprovações em tempo real, evitar fraudes e declínios falsos, otimizando a experiência de compra. Tal como o chip EMV trouxe mais segurança nos pagamentos feitos no ponto de venda, pretende-se com estas novas regras estender os mesmos standards de segurança aos pagamentos digitais”, acrescenta o responsável.
“As previsões apontam para que, até 2020, 62% dos wearables estejam aptos a efetuar pagamentos. Além disso, um estudo indica que um quarto dos europeus revela querer utilizar smartwatches, pulseiras, porta-chaves e outros objetos como forma de pagamento” – Paulo Raposo, Mastercard
“A Visa trabalhou para tornar a rede de tecnologia, a VisaNet, na maior plataforma aberta de comércio do mundo. A Visa Developer Platform permite o acesso simplificado aos produtos e serviços Visa mais solicitados através de uma rede de APIs da Visa, permitindo que qualquer pessoa transforme grandes ideias em novas experiências digitais”, defende Paula Antunes da Costa. Num mercado cada vez mais composto por Fintech, a Visa está à procura de novas oportunidades em todos os mercados europeus em que está presente. “Exemplo disso é a mais recente edição da Visa Everywhere Initiative, dando aos empreendedores a oportunidade de trabalhar mais de perto com especialistas e ferramentas da Visa. Este ano, optámos estrategicamente por direcionar este programa ao empreendedorismo feminino.”
Um futuro com mais do que impressão digital
Sebastião Lancastre ambicionaria ver, no decorrer de 2019, a confirmação do destinatário sempre que se faz uma transferência. “Não podemos aceitar que tenhamos de usar ATM’s para termos a certeza que estamos a transferir dinheiro para o destinatário certo, quando a maioria destes movimentos são já feitos no homebanking”, critica. No que respeita à autenticação forte para pagamento, o CEO concorda que todas as transações terão no futuro (à exceção dos débitos diretos), três dados de autenticação: “algo que tenhamos (como um cartão ou um telefone), algo que sabemos (como um pin ou password) e algo que somos (como a impressão digital ou a leitura da íris ou face)”.
Paula Antunes da Costa antecipa um futuro em que os consumidores irão entrar na loja, recolher o produto que desejam comprar e sair sem passar pela caixa de pagamento, com o valor a ser debitado automaticamente. Esta perspetiva já foi referida por diversas vezes em oradores de anteriores edições das Conferências DH, que já está a preparar a sua 14.ª edição [a realizar-se no próximo dia 2 de julho, no Museu do Oriente, em Lisboa]. “Os funcionários continuarão a ser necessários nas lojas, mas, em vez de ficarem atrás de uma caixa que passa produtos, serão cada vez mais, embaixadores da marca”, explica, notando que os setores do retalho, da banca ou dos transportes são os que mais irão sentir a mudança tecnológica.
E se a maneira como andamos ou piscamos os olhos tiver impacto na forma como pagamos? O futuro poderá contemplar muito mais do que uma impressão digital ou o reconhecimento facial. A identidade de cada um poderá influenciar os pagamentos? A responsável garante que sim. “A Visa já está a trabalhar no próximo passo naquilo a que chama de biometria comportamental.”
Este artigo foi originalmente publicado na edição 474 da revista DISTRIBUIÇÃO HOJE
NÚMEROS DE UM NEGÓCIO EM CRESCIMENTO *
• A nível global, o PayPal apresentou um crescimento de 17% de contas ativas, encerrando 2018 com 267 milhões (21 milhões delas eram contas de comerciantes).
• Durante o quarto trimestre de 2018, foram adicionadas 13,8 milhões de contas ativas líquidas no PayPal.
• Em dezembro de 2018, a Sibs processou mais de 276 milhões de operações, além de que foi alcançado um novo recorde de processamento mensal de mais de 116 milhões de compras nos TPA da rede Multibanco.
• O volume de processamento de transações da Sibs chegou aos 3,5 mil milhões.
• A Easypay cresceu 41% no que respeita a volume de pagamentos, no ano de 2018, referentes a 178 milhões de euros transacionados e 17% em número de transações (5 milhões).
• A previsão de crescimento da Easypay para 2019 é de 45% em volume de pagamentos, atingindo os 260 milhões de euros.
• A carteira de clientes da Easypay aumentou 30% para 6500 empresas e o volume de negócios, em 23%, para 2,16 milhões de euros. O resultado líquido registou um aumento de 22% para mais de 170 mil
• A Pagaqui encerrou o ano de 2018 com um volume de cobranças de 126 milhões de euros, o que representou um aumento de 40% em relação a 2017.
• No ano de 2018, a Pagaqui registou mais de 9 milhões de transações.
• A Ifthenpay fechou o ano de 2018 com um crescimento de 38% em volume de pagamento e uma faturação com um aumento de 25%.
• Para 2019, as expetativas da Ifthenpay passam por ter uma faturação superior de dois milhões de euros e atingir um volume de pagamentos de 530 milhões de euros.
*Os dados apresentados foram adiantados pelos entrevistados neste Especial, representantes das empresas mencionadas.