Mais de 60% dos consumidores britânicos afirmaram ter reduzido o consumo de alimentos ultraprocessados no último ano, segundo um estudo da GlobalData.
A tendência, impulsionada por novas preocupações com a saúde e por mudanças nas restrições à promoção de “comida de plástico” no Reino Unido, está a transformar os hábitos de compra e poderá levar os supermercados a repensar a sua oferta.
“Os consumidores mais jovens estão a liderar a redução do consumo de alimentos ultraprocessados no Reino Unido”, afirmou Ashley Adeyemi, analista de retalho da GlobalData.
E continua: “cerca de 71,5% da Geração Z e 67,9% dos millennials diminuíram o consumo no último ano. A sua maior exposição à informação sobre saúde e a disposição para experimentar novas opções alimentares fazem com que mudem de comportamento mais rapidamente do que os consumidores mais velhos”.
De acordo com a análise, três em cada quatro britânicos (75,3%) reduziram o consumo de alimentos ultraprocessados por motivos de saúde, enquanto 42,2% referiram preocupações com o controlo de peso. A crescente popularidade de medicamentos para o emagrecimento e o aumento da consciência sobre o impacto da alimentação na saúde estão a reforçar este comportamento.
No mesmo sentido, as redes sociais também têm desempenhado um papel determinante. Plataformas como o TikTok e o Instagram estão a impulsionar conversas sobre alimentação equilibrada, saúde intestinal e consumo consciente, especialmente entre os mais jovens, tornando a moderação uma prática cada vez mais comum.
“Os consumidores estão a reorientar os seus gastos, substituindo alimentos ultraprocessados por produtos mais frescos e naturais”, explicou Ashley Adeyemi, sublinhando que “cerca de 47,7% dos que reduziram o consumo afirmaram gastar mais em frutas e legumes, e 32,1% em cereais integrais”.
Em contrapartida, categorias associadas a maior processamento estão em declínio: 47,8% gastam menos em refeições prontas, e mais de um terço cortou no consumo de doces e refrigerantes.
Apesar da crescente rejeição, os alimentos ultraprocessados continuam a ter um papel importante no dia a dia, com 62% dos consumidores do Reino Unido a consideram-nos mais práticos do que os alimentos frescos, e 60% a admitirem ter dificuldade em evitá-los quando comem fora.
Para os responsáveis pelo estudo, esta dualidade entre aspiração e conveniência representa uma oportunidade para os retalhistas.
“O desafio para os retalhistas é tornar as opções saudáveis tão fáceis e acessíveis quanto os alimentos processados que os consumidores estão a abandonar”, afirmou Ashley Adeyemi. E continua: “quem conseguir combinar saúde e conveniência será o vencedor neste novo cenário. Rótulos claros, reformulação credível e preços acessíveis serão essenciais para conquistar fidelidade”.
O estudo baseia-se num inquérito realizado em agosto de 2025 a 2.000 consumidores britânicos.

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