O Inquérito às Expetativas dos Consumidores (CES) do Banco Central Europeu (BCE), divulgado pelo Banco de Portugal, investigou como as famílias da zona euro ajustam os seus planos de consumo em resposta às expectativas de inflação. A análise concluiu que os consumidores mais informados financeiramente ajustam menos os seus planos de consumo diante dessas mudanças.
As expectativas de inflação afetam as decisões de consumo e desempenham um papel importante na economia dos países. Nesta lógica, o Inquérito às Expetativas dos Consumidores (CES) do Banco Central Europeu (BCE), analisado na Revista de Estudos Económicos do Banco de Portugal, Vol. X, N.º 3, quis perceber como as famílias da zona euro respondem a essa variável nos seus hábitos de consumo.
A pesquisa revela que uma variação nas expectativas de inflação de 1 ponto percentual (pp) tem um impacto negativo e estatisticamente significativo no crescimento esperado das despesas das famílias.
“As estimativas para a elasticidade de substituição intertemporal para a área do euro estão entre os 0,6 e 0,7 pp em valor absoluto, para as diferentes especificações consideradas, o que é consistente com as estimativas encontradas na literatura. Isto significa que, tudo o resto constante, quando as pessoas esperam um maior aumento de preços para os 12 meses seguintes, aumentam o seu consumo no presente e, por isso, o crescimento do mesmo será menor no futuro”, pode ler-se na análise de João Nuno Quelhas, do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal.
As estimativas para a elasticidade que consideram apenas as famílias portuguesas foi ligeiramente superior, situando-se entre os 0,7 e os 0,8 pp.
Em conclusão, o estudo dá conta também que os consumidores com maior conhecimento financeiro são menos propensos a ajustar os seus planos de consumo em resposta a mudanças nas expectativas de inflação.