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Retalho

Opinião: Tendências do retalho para 2025

A gestão de um negócio de retalho é cada vez mais uma operação extremamente complexa e difícil. Os retalhistas têm de selecionar, gerir e precificar stocks de milhares ou dezenas de milhares de SKUs, em cada loja ou redes de lojas, prever e planificar as compras seguintes aos fornecedores e assegurar os lineares sempre repletos de produtos. Têm igualmente de contratar e treinar as equipas de colaboradores, de modo que estes façam sempre as coisas certas, da maneira correta e na ordem devida.

Têm de lidar com milhares de consumidores que vão às suas lojas, diariamente, e assegurar que estes tenham sempre excelentes experiências de compra. Têm ainda de se confrontar com fenómenos económicos que não controlam como a legislação comercial, a inflação, a deflação, a quebra e os seus novos concorrentes do comércio digital. Ora, no futuro, tal não será possível ou será cada vez mais difícil, sem recurso à utilização de Inteligência Artificial, ou seja, a programas de computador que resolvam problemas complexos. E esta será, porventura, a principal e maior tendência do retalho, não só para 2025, mas para os anos seguintes.

 

Por cada decisão importante que um gestor humano tome hoje numa loja retalhista, um modelo de IA será capaz de tomar melhores, mais rápidas, mais precisas e menos erradas decisões, beneficiando de um maior contexto e grau de experiência que o ser humano, em áreas como o merchandising, a gestão de inventários, em sistemas de reaprovisionamento, na aplicação de preços e prática de promoções, na passagem pelas caixas de saída ou nos serviços prestados aos consumidores. Naturalmente, tal resultará em mais vendas, mais proveitos, melhores avaliações e experiências de compra dos consumidores.

Outra tendência cada vez mais marcante no retalho, e já hoje praticada pelas empresas em Portugal como o Pingo Doce, a Sonae e a Auchan, é a designada por Retail Media, ou seja, por estratégias de partilha de informação entre os retalhistas e os seus fornecedores ou parceiros. Entre eles desenvolvem-se práticas de utilização de plataformas de e-commerce, espaços físicos e marketplaces, para exibição de publicidade de marcas e produtos, no pressuposto de que os consumidores estão assim mais próximos do ponto de venda e, consequentemente, da decisão de compra.

 

O mesmo se diga da tendência designada por Live Shopping que consiste numa modalidade de vendas que combina transmissões ao vivo com comércio eletrónico, permitindo que os consumidores comprem produtos, em tempo real, enquanto interagem com o apresentador e com outros espectadores.

Muitas outras tendências se perspetivam para os próximos anos que não desenvolverei neste artigo, mas que deixo aqui registadas para abordagens futuras, nomeadamente, o novo universo do marketing designado por Metaverso e que consiste num mundo em 3D onde as ferramentas de negócio, informação e comunicação são imersivas e interoperáveis. A utilização cada vez maior das plataformas de social media marketing, nomeadamente, as redes sociais, desde as pioneiras como o Facebook às mais recentes como o TikTok.

 

Todas estas tendências irão alterar significativamente, não só as atuais variáveis de marketing-mix do retalhista, mas também a experiência de compra e a própria jornada do consumidor que deixará de ser tão linear, como o tradicional funil de vendas faz parecer. A cada passo da jornada haverá novas decisões importantes que o irão fazer recuar ou a procurar mais informação. Nunca como hoje os retalhistas necessitam de ter a mente aberta e recetiva a todas estas tendências, inovações e mudanças que não são para amanhã, são já para hoje ou mesmo até, para ontem.

José Rousseau

 

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