Durante os últimos anos, sobretudo por causa dos ‘danos’ da pandemia, o retalho teve de se repensar. Muitos foram os que auguraram diversas tendências, entre as quais um decréscimo de importância das lojas de rua. Porém, os dados mostram outra tendência.
Segundo o observado no mais recente relatório sobre comércio de rua da Cushman & Wakefiled, o comércio de rua foi um dos mais atrativos para investimento publicitário, com um número significativo de aberturas durante os últimos 10 anos.
Em termos gerias, Lisboa destacou-se com 2.160 novas unidades, seguida pelo Porto, com 770 novas lojas. Em ambas as cidades, o comércio de rua representou mais de 80% do número total de aberturas, explicam os responsáveis pelo estudo.
Em termos de análise, em 2024, “Lisboa consolidou-se como o principal destino para o comércio de rua, cujo número de lojas aumentou 12% quando comparando com 2019, agregando 31% da oferta total de comércio de rua”. Mas quem são os ‘arrendatários’? Oram bem, as marcas de moda e restauração assumiram-se cada vez mais como preponderante para este crescimento, representando respetivamente 26% e 29% da oferta existente.
Em termos de procura, a restauração foi mesmo o setor mais representativo ao longo da última década, responsável por 66% das aberturas no comércio de rua do Porto e 65% em Lisboa. O setor da moda, por sua vez, foi responsável por 9% das inaugurações no Porto e 10% em Lisboa, com maior peso entre as cadeias internacionais em ambas as cidades.
“Lisboa destaca-se pelas suas seis zonas prime de comércio de rua – Avenida da liberdade, Baixa, Restauradores e Rossio, Chiado, Cais do Sodré, Príncipe Real -, sendo a oferta de comércio de rua nestas localizações vasta e diversificada”, detalha o comunicado de imprensa enviado às redações.
A Avenida da Liberdade regista a maior concentração de cadeias internacionais (76%), seguida dos Restauradores e Rossio, com a presença de marcas internacionais a atingir os 52%, impulsionada por aberturas de grande relevância, como a nova flagship da Zara no Rossio, a segunda maior do mundo, com 5.000 m².
De acordo com João Esteves, Partner, líder do departamento de retalho da Cushman & Wakefield, “as alterações legislativas ao arrendamento urbano e os incentivos à reabilitação urbana, implementados há mais de uma década, juntamente com o aumento do turismo, continuam a ser fatores determinantes para o crescimento do comércio de rua. A nossa análise mostra também que, apesar da procura continuar a subir, a atividade de abertura de lojas pelos retalhistas é cada vez mais limitada pela reduzida oferta. A oferta nas principais localizações de luxo – a Avenida da Liberdade em Lisboa e a Avenida dos Aliados no Porto é ainda mais restrita. Este desequilíbrio reflete-se nos níveis de renda que continuaram a subir ao longo do último ano”.
À semelhança de Lisboa, mas com ainda maior predominância, o comércio de rua no Porto concentra-se no centro da cidade, tendo registado uma revitalização significativa impulsionada pelo aumento do turismo e pelas intervenções urbanísticas. O setor da moda assume o maior destaque, representando 35% da área total. Nos Clérigos, destaca-se também o peso da restauração nas Ruas da Galeria de Paris e Cândido dos Reis.
40% da oferta atual de Luxo e Premium abriu durante a última década
Outro dado interessante resultante do estudo da Cushman & Wakefield, está relacionado com a aposta das marcas de luxo em presença de rua. Em ambas as cidades, Porto e Lisboa, o segmento de Luxo e Premium mostrou também um dinamismo notável, refletindo o crescente interesse de marcas internacionais neste segmento, e impulsionado, em parte, pelo aumento do fluxo de turistas com elevado poder de compra.
Em termos concretos, durante os últimos 10 anos, mais de 30 novas unidades abriram na Avenida da Liberdade, distribuídas de forma praticamente equilibrada entre retalhistas de Luxo e Premium, e mais de 15 marcas no Porto, o correspondente a 40% da oferta total atual existente deste segmento.
“Em Lisboa, o número de lojas de Luxo e Premium tem registado uma evolução positiva nos últimos anos, atraindo marcas que anteriormente não operavam em Portugal. Atualmente, a área ocupada por estes setores na cidade é de 32.100 m², distribuídos por 120 lojas, o que corresponde a 10% do total da oferta de retalho de rua em Lisboa”, explica-se.
“No Porto, a Avenida dos Aliados concentra atualmente mais de 20% da oferta total de lojas de Luxo e Premium. O setor da moda impulsionou esta dinâmica, representando 44% desta nova oferta, seguido pelo segmento de joalharia e relojoaria, com 22% das aberturas”, destaca-se para finalizar.
Mercado de luxo continua em crescimento e deve superar 10% em 2024