Os consumidores portugueses estão mais confiantes e dispostos a investir em produtos de maior valor, segundo os dados mais recentes do Painel de Lares da Worldpanel by Numerator, em parceria com a Centromarca. A retoma económica e o abrandamento da inflação estão a impulsionar o dinamismo do consumo, com as Marcas de Fabricante (MDF) a ganharem destaque nas escolhas dos portugueses.
A análise revelou um consumidor mais disposto a gastar, tanto em casa como fora dela. O consumo doméstico ganhou força, impulsionado por uma preferência por produtos de maior qualidade e valor acrescentado.
Ao mesmo tempo, o consumo fora de casa continuou a crescer e a conquistar uma fatia cada vez maior do orçamento dos portugueses. Juntos, os segmentos Out of Home, Delivery e Take away já representam 39,2% de todas as despesas com alimentos e bebidas.
Ao contrário de períodos anteriores, em que o crescimento do consumo era impulsionado pela frequência de compras, o segundo trimestre de 2025 destaca-se pelo aumento do valor gasto por cesta. Este crescimento é motivado pela preferência dos consumidores pelas Marcas de Fabricante em várias categorias de grande consumo, o que tem levado a uma perda de protagonismo das Marcas de Distribuição (MDD).
Segundo o estudo, em 60% das categorias analisadas, os lares portugueses estão a direcionar mais gastos para as MDF, num claro movimento de “trade up”. Este comportamento, que reflete um aumento do gasto médio por categoria, é especialmente evidente em segmentos como Higiene e Beleza, Bebidas, Comida Pronta, Lácteos, Mercearia Doce e Saúde.
Em 35% dessas categorias, esse aumento no investimento em MDF é acompanhado por uma redução nos gastos com Marcas de Distribuição, demonstrando uma transferência de valor entre tipos de marca.
“Os dados do segundo trimestre confirmam os indícios observados no início do ano: o consumidor português está mais confiante e seletivo, e a priorizar a qualidade e a inovação que as Marcas de Fabricante oferecem. O ‘Trade Up’ é um sinal inequívoco de que o consumidor está disposto a investir em produtos de maior valor. É fundamental que fabricantes e retalhistas trabalhem em sintonia para valorizar uma oferta diferenciada, garantindo a melhor resposta a um consumidor que procura ativamente qualidade e novas propostas”, afirmou Pedro Pimentel, Diretor Geral da Centromarca.
“Hypes” e tendências de consumo
De acordo com a análise, sob outra perspetiva, o consumidor português tem-se mostrado cada vez mais exigente, aberto à inovação e menos fiel a marcas ou locais de compra.
Segundo os dados, 56,3% afirmaram gostar de experimentar novos produtos e 25,5% chegaram a procurar noutras lojas os lançamentos que não encontram nos seus pontos de compra habituais.
Este comportamento abre espaço para que marcas e retalhistas aproveitem os hypes, fenómenos de popularidade rápida, muitas vezes impulsionados pelas redes sociais, e as tendências emergentes como oportunidades estratégicas de crescimento.
Exemplos recentes, como o sucesso viral do chocolate do Dubai, mostram como os hypes nas redes sociais podem revitalizar categorias, atrair novos consumidores e até inverter tendências de queda.
No setor da Beleza, a tendência da “Beleza Natural” ganha cada vez mais relevância, sendo considerada prioritária por 78% dos consumidores. A influência digital é evidente: 69% recorrem à internet para obter informações sobre produtos e marcas, e 48% valorizam recomendações na hora de comprar artigos de beleza. Esta nova dinâmica tem impulsionado o crescimento dos retalhistas especializados em beleza, que ganham terreno sobretudo junto das gerações mais jovens.
Por fim, a análise confirmou a consolidação das entregas de refeições ao domicílio como uma tendência em crescimento. Ainda assim, 73% dos consumidores continuam a valorizar a experiência presencial nos restaurantes.
As Marcas de Fabricante também ganharam espaço no consumo fora de casa: 32% dos consumidores referem considerar as marcas disponíveis nos estabelecimentos como fator de decisão na escolha do local onde comer.
“Os dados do segundo trimestre mostram-nos uma dinâmica muito interessante, onde os ‘hypes’ e as tendências, muitas vezes nascidas no digital, estão a moldar profundamente o comportamento de compra, desde a experimentação de novos produtos até à escolha dos locais de consumo fora de casa. É importante que as marcas e os retalhistas compreendam e capitalizem estas nuances para se manterem relevantes e continuarem a crescer neste cenário em constante evolução”, referiu Marta Santos, Clients and Analytics Director da Worldpanel by Numerator.

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