A ExpoEuronics 2025 mostrou como o retalho tradicional pode reinventar-se, apostando na proximidade e na relação direta com o cliente. Num setor competitivo e cada vez mais digital, a Euronics afirma-se como uma alternativa sólida e em crescimento.
O Europarque, em Santa Maria da Feira, foi palco da segunda edição da ExpoEuronics – um evento que, mais do que mostrar inovações tecnológicas, revelou a vitalidade de um modelo de negócio assente na confiança, na proximidade e no conhecimento do cliente.
Com mais de 50 expositores e mais de mil participantes, esta feira exclusiva é hoje o maior ponto de encontro do retalho tradicional de eletrodomésticos em Portugal – e um símbolo da afirmação da Euronics como operador central no setor.
“Este evento tem um propósito claro: reforçar a ligação entre os nossos associados e os fornecedores”, explicou Jorge Lopes, presidente da Euronics Portugal. “Queremos que todos os lojistas que estão no terreno, a atender os clientes diariamente, tenham contacto direto com as novidades das marcas, conheçam as tecnologias, estabeleçam relações com os interlocutores certos. Isso faz toda a diferença quando se trata de vender com confiança, porque os negócios funcionam à velocidade da confiança”.
A ideia da feira surgiu em 2023, com uma edição-piloto realizada na Alfândega do Porto. O sucesso foi imediato. “Na altura convidámos apenas os nossos 20 maiores fornecedores, por volume de compras. Não havia, em Portugal, uma feira dedicada a este setor e percebemos que havia uma lacuna real no mercado”, recorda Patrícia Lacerda, diretora-geral da Euronics. “Dois anos depois, crescemos em número de expositores, em espaço, em visitantes e em ambição. Esta feira é hoje uma referência e tem margem para continuar a evoluir”, acrescentou.
Com uma forte presença de marcas como Samsung, Sony, SMEG, LG, Hisense, Electrolux, iRobot, Miele, Teka e muitas outras, o evento combinou exposição de produto com ativações de marca, showcookings e interação direta com influenciadores digitais. Os expositores investiram em cenografias imersivas e stands tecnologicamente sofisticados, num esforço claro para impressionar os parceiros de retalho.
“Foi uma forma de as marcas dizerem ‘estamos convosco’”, sublinha Jorge Lopes. “E muitos dos nossos associados perguntaram por que motivo este evento não é aberto ao público. É um bom sinal. Quer dizer que a experiência está a funcionar, que o ambiente criado é de valor e que o que aqui se mostra tem impacto”, diz ainda.
200 milhões de euros
Foi o volume recorde de compras da Euronics Portugal em 2024
Com 66 empresas associadas, mais de 100 lojas e 1074 membros ativos, a Euronics Portugal atravessa um ciclo de crescimento sustentado. Em 2024, registou um volume de compras recorde de 200 milhões de euros – mais do dobro do que fazia há cinco anos. Esse crescimento deve-se, em grande parte, à angariação de novos parceiros, à fidelização de lojistas independentes e à capacidade de manter um modelo híbrido: descentralizado, mas com apoio estratégico, tecnológico e comercial à escala nacional.

Mais de 50 marcas
Marcaram presença na ExpoEuronics 2025, num total de 5000 m2 de exposição
“A grande vantagem da Euronics é permitir que o retalhista mantenha a relação direta com a marca”, defende Jorge Lopes. “Essa ligação direta cria um compromisso que os armazenistas ou plataformas intermediárias não conseguem garantir. Quando há um problema, a marca resolve, porque o retalhista representa a marca. E isso faz toda a diferença”.
Um mercado pequeno, mas competitivo
Portugal é, naturalmente, um mercado pequeno à escala europeia – mas não é irrelevante. “Temos as nossas especificidades”, diz Jorge Lopes. “Por um lado, o peso de uma insígnia dominante, como a Worten, que concentra uma quota de mercado muito superior à de qualquer operador noutros países europeus. Por outro, a existência de muitas empresas ainda fora de qualquer central, ou integradas em centrais que não lhes dão resposta adequada. A Euronics é, por isso, uma alternativa com tração crescente”, defende.

“Os negócios funcionam à velocidade da confiança”
Jorge Lopes, presidente da Euronics Portugal
Na Europa, a Euronics é um verdadeiro gigante. Com presença em 36 países e mais de 7500 lojas, fatura cerca de 27 mil milhões de euros. Em mercados como a Polónia ou a França, a faturação supera os quatro mil milhões, o que dá uma ideia da escala a que a organização opera. Portugal está longe desses números, mas tem uma característica distintiva: um consumidor que valoriza a relação humana.
“Os portugueses gostam de ser atendidos por quem os conhece. Gostam de ir à loja e sentir que há alguém que sabe o que têm em casa, qual é a família, quais as necessidades. A Euronics representa esse toque humano num mundo cada vez mais digital”, afirma Jorge Lopes.
Essa proximidade, muitas vezes traduzida em atendimento personalizado, apoio pós-venda, instalação em casa e mesmo empréstimo de equipamentos em caso de avaria, é o traço identitário da rede. E é também o argumento com que a Euronics pretende continuar a crescer, num mercado pressionado por players online e pela erosão de margens.
O palco certo para o futuro do setor
Para Santa Maria da Feira, acolher um evento desta natureza é também sinal de vitalidade económica. Amadeu Albergaria, presidente da Câmara Municipal, destaca que o Europarque “renasceu com força nos últimos dois anos” e que tem hoje “uma programação anual quase fechada, com ocupação constante nas áreas do corporativo, da cultura e do lazer”.
O autarca sublinha ainda o dinamismo económico da região: “Temos mais de 17 mil empresas, lideramos setores como a cortiça, o calçado e a metalomecânica, e estamos a atrair grandes investimentos internacionais. Este é um concelho que cresce em população, em exportações e em obra pública – e que está preparado para receber eventos deste nível com profissionalismo e qualidade”.
Do lado da Euronics, o desafio passa agora por continuar a fazer crescer a rede sem perder o ADN. “Queremos mais associados, mais notoriedade para a marca e mais reconhecimento do nosso modelo. Mas sempre com foco no cliente, na verdade do aconselhamento e na utilidade real dos produtos que vendemos”, resume Patrícia Lacerda. “Esta feira mostra exatamente isso: que o retalho tradicional está vivo – e sabe reinventar-se”.

