Apesar da inteligência artificial (IA) estar já a transformar o setor das finanças corporativas e os pagamentos em tempo real estarem a tornar-se numa norma, muitas empresas continuam ‘presas’ a processos manuais e em papel.
Segundo o relatório “Virtual Cards Cut Payment Delays and Protect Buyer-Supplier Ties”, publicado pela PYMNTS Intelligence, realizado em parceria com a American Express, estas práticas tradicionais estão a custar milhares de milhões às empresas.
O problema não é apenas tecnológico, mas também cultural, concluiu a análise que se focou no mercado empresarial dos Estados Unidos da América (EUA).
Apesar de oito em cada dez empresas afirmarem estarem a planear melhorar os seus processos de pagamento já este ano, apenas 17% os automatizaram totalmente. As restantes continuam expostas a erros, atrasos e instabilidade de fluxo de caixa.
Os cartões virtuais surgem como alternativa: automatizam pagamentos, utilizam tokenização para segurança e permitem reconciliação em tempo real. No entanto, a adoção permanece desigual.
O relatório destacou que 97% das agências de marketing e criativas registaram pagamentos em atraso em 2025, com dois terços a reportar que pelo menos 25% das faturas chegam fora de prazo, o que leva a adiamentos de projetos e bloqueio de liquidez.
Além disso, 46% dos utilizadores de cartões virtuais apontaram a melhoria na segurança e a redução do risco de fraude como principal vantagem, em contraste com 65% das empresas que admitiram sofrer fraudes através de cheques em papel.
Apesar de 88% dos líderes financeiros globais considerarem adotar cartões virtuais, apenas 48% refere que os utilizam atualmente, o que revelou uma grande diferença entre intenção e execução.
 Os investigadores apontaram que os principais obstáculos são percecionais, não de infraestrutura. Isto porque, alguns fornecedores ainda veem os cartões virtuais como complexos ou dispendiosos e outros receiam que os sistemas digitais dos compradores não se integrem com os seus.
Setores como a saúde e a construção estão entre os primeiros a adotar estas soluções. Ainda assim, muitos diretores financeiros de empresas de média dimensão, com 78% dos quais a demonstrem forte interesse, a continuarem entre a consciência e a ação.
Num contexto de inflação, tarifas e pressão sobre as cadeias de abastecimento, o estudo concluiu que pagamentos mais rápidos e seguros deixaram de ser opcionais, enfatizando que, as empresas que vão prosperar, vão ser as que substituírem rotinas manuais, definirem metas de automação e educarem fornecedores.

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