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Congresso Nacional de Marketing

“Nenhuma área empresarial está a ‘salvo’ da disrupção da economia da partilha”

Congresso Nacional de Marketing APPM Distribuição Hoje

A próxima semana é a semana XVII Semana Nacional do Marketing. Inserida nos vários eventos a Associação Portuguesa de Profissionais de Marketing (APPM) realiza no dia 31 de maio, em Lisboa, o Congresso Nacional de Marketing dedicado ao tema “Sharing Economy, Sharking Economy”. Entrevistámos Rui Ventura, presidente da APPM que nos explica a temática e sublinha os pontos altos dos debates e apresentações do Congresso.

 

 

Entrevista por Filipe Gil

 

 

Porque razão escolheram o tema Sharing Economy, Sharking Economy?

O fenómeno da Sharing Economy ou da on-demand Economy é um fenómeno que veio para ficar e que se está a estender a todas as áreas da nossa sociedade. É exatamente sobre este desenvolvimento e sobre quais os desafios futuros e as implicações que este novo modelo trás junto das empresas, dos profissionais de marketing e da sociedade que queremos abordar. Hoje vivemos um período único da história mundial, em que a tecnologia aliada à criatividade e à disrupção nos negócios joga um papel fundamental na rapidez com que as mudanças são apresentadas e executadas. Queremos ainda ligar o tema ao fenómeno das Start-ups, das aceleradoras e da nova geração de empresas e profissionais de marketing, são eles os verdadeiros agentes de mudança.

 

Por outro lado o nome do evento “Sharing Economy ou Sharking Economy” veio da diferença fonética subtil que separa as palavras sharing e sharking, e fizemo-lo como uma provocação. Porque um dos pontos que queremos discutir no congresso é exatamente a componente ética, social, tributiva e legal que as mudanças mais disruptivas da sharing economy estão a provocar. Queremos ainda questionar se o real interesse das empresas da sharing economy são a partilha e o acesso a recursos, ou, pelo contrário, se têm uma visão mais tradicional, capitalista, mais sharky e utilizam o romantismo da partilha para montarem os seus negócios de uma forma mais barata, mais simples e com menos obrigações legais.

Rui Ventura

Rui Ventura, Presidente da APPM

 

Quais os temas que destacam neste Congresso?

Iremos ter dois Keynote speakers internacionais, a Jillian Suleski e o Greg Westhoff, especialistas sobre o tema que irão trazer-nos numa estreia mundial o documentário “Shareconomy”. Vamos ainda contar com 27 oradores divididos por 4 painéis de discussão, onde irão partilhar com o auditório . A sua visão, as principais novidades e refletir sobre o futuro da economia colaborativa. a ideia é agitar consciências e promover a discussão em torno de um dos temas mais estruturantes da nossa sociedade.

Os temas em destaque são: “Ameaças e Oportunidades para as indústrias instaladas” onde iremos ter as principais industrias da economia atual: Turismo, Telecomunicações, Serviços e Consumo. No segundo painel iremos abordar os “Constrangimentos éticos e legais da Economia Colaborativa” ou seja, de que forma está a sociedade preparada para se adaptar à nova realidade da Sharing Economy? A perspetiva Moral, a perspetiva Ética e a Perspetiva Legal. O Keynote speaker será o Ex-Secretário de Estado do Turismo e advogado especializado nesta área, Adolfo Mesquita Nunes.

O terceiro painel é dedicado às “Oportunidades e ameaças para as Start-Ups” vamos ter algumas das start-ups de maior sucesso nas suas áreas, e perceber os pontos críticos de sucesso e insucesso. A Key note speaker será Cristina Fonseca co-fundadora da Talkdesk e uma das empreendedoras portuguesas mais brilhantes. Cristina que integra a restrita lista da Forbes “30 under 30” sendo considerada uma das pessoas mais influentes do Mundo na sua área.

O último painel do dia é dedicado ao tema “Enablers da Sharing Economy” e pretende trazer a debate as principais plataformas tecnológicas, serviços e incubadoras de start-ups e perceber qual o seu contributo para esta nova geração de empresas, profissionais e marcas. O Keynote speaker será Alexandre Barbosa, co-founder da Faber Ventures uma das mais reputadas incubadoras, responsável pelo desenvolvimento de algumas das start-ups portuguesas de maior sucesso.

 

Para as marcas de retalho e produção, onde está o interesse em assistir a este Congresso?

O peer-to-peer é uma realidade que é transversal a todas as esferas da sociedade. E as áreas do retalho e da produção já começam a ter modelos, embora ainda experimentais e de pequena dimensão, centrados nos princípios da sharing economy. É fundamental olharem para este tema, porque irá obrigá-los a repensar os seus modelos de negócio. E na realidade nenhuma área empresarial está a “salvo” da disrupção da economia da partilha. Por isso é importante olharmos para os exemplos de outras áreas de negócio para que antecipadamente se possam fazer diagnósticos e, caso existam áreas potencialmente disruptivas, tomar a liderança dessa mudança e assumir uma posição única. Um exemplo muito recente desta forma de pensar à frente é a BMW, que recentemente criou e lançou o projeto DriveNow apoiado nos princípios da sharing economy e aplicando-o ao negócio da venda e utilização dos seus automóveis. Muitas vezes, estes processos disruptivos obrigam as empresas a mudanças extremas, para as quais não estão preparadas.

 

O que gostava que saísse, como conclusão, deste congresso?

Este é um tema verdadeiramente apaixonante e que me motiva bastante. Gostava que as conclusões ajudassem a percebermos o poder coletivo das pessoas, a sua psicologia, estudar os seus motivos e comportamentos e sobretudo estudar os modelos de negócio por detrás destas motivações humanas. Perceber de que forma é que juntando alguns ingredientes, aparentemente simples, como os interesses comuns entre pessoas, o gosto de viajar por exemplo, se cria um espaço comum com recurso a tecnologia web e móvel, que se autoregula e onde a confiança entre estranhos é vital, e se consegue criar um negocio global, escalável e verdadeiramente disruptivo com base nestas premissas. É um novo Mundo, uma nova forma de criar valor e sobretudo uma oportunidade para os profissionais de marketing de adaptar o seu conhecimento e o seu know-how a este novo tipo de empresas que necessitam de Brand Equity, de construção de marca e de consistência.

 

Apesar do dia do Congresso, temos também a semana nacional do Marketing, o que vai acontecer durante essa semana?

A Semana Nacional do Marketing é um evento que pretende juntar toda a comunidade nacional de Marketeer em torno de um tema comum. Na SNM temos dois eventos de referência o Congresso Nacional em Lisboa e o Marketing Leaders Night , no próximo dia 1 de Junho no Auditório do IPAM no Porto. O evento do Porto irá contar com um painel de discussão e 2 keynote speakers internacionais, precisamente Jillian Suleski e Greg Westhoff. Para além destes dois eventos nas principais cidades portuguesas, iremos ainda ter eventos em seis universidades de norte a sul do país.

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