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De pequena loja de rua a indústria

De pequena loja de rua a indústria

À semelhança da DISTRIBUIÇÃO HOJE, a aniversariante Riberalves também chega ao quarto de século em 2011, razão pela qual não podíamos deixar falar com Ricardo Alves, administrador daquela empresa, para perceber como se tem desenvolvido o negócio do bacalhau. 

Que balanço faz do mercado onde operam, tendo em conta os 25 anos que já passaram desde a fundação da Riberalves?

Antigamente, o bacalhau era regulado pelo Estado e a determinada altura o mercado começou a abrir para as empresas privadas. Foi aí que se deu o grande salto na indústria do bacalhau em Portugal e quando começámos a operar.

 

Observámos mudanças de consumo, mas a maior deu-se no bacalhau demolhado que tem vindo a ganhar terreno para o bacalhau seco.

Em Portugal temos um mercado estável e somos o maior consumidor de bacalhau no mundo per capita. As pessoas quando consomem não deixam de comprar, o que revela a importância do produto.

 

Como tem sido o crescimento da empresa?

Temos vindo a crescer gradualmente e sustentadamente. Em 2010 aumentámos as vendas na ordem dos 10%. Também crescemos de 2009 para 2010.

 

Todos os anos temos investido quatro a cinco milhões de euros e o grupo tem neste momento cerca de 450 empregados.

Que expressão tem esse crescimento no mercado internacional?

 

O bacalhau demolhado veio-nos abrir novas portas e novos mercados. Esse foi um passo muito importante para a nossa empresa e que nos veio permitir novas oportunidades. Essa aposta ajudou a que hoje 30% da nossa produção seja destinada a exportação. Este ano queremos chegar pelo menos aos 40%, mas o nosso mercado mais importante continua a ser o português.

Quando tiveram a perceção de que o bacalhau demolhado podia ser uma aposta importante da vossa oferta?

A Riberalves sempre se pautou por inovar e todos os novos produtos que vamos criando são pensados para incrementar e facilitar o consumo, abrindo portas para novos mercados. Nesse aspeto o meu pai contribuiu muito.

O bacalhau seco tem muita história no nosso país, mas esse mercado é completamente estável e maduro. Foi em 2001 que demos o passo e decidimos apostar no bacalhau demolhado, em que poucos acreditavam.

De que forma é que a vossa marca está presente nos vários mercados da distribuição?

Falando só no mercado nacional, os mercados mais importantes para as nossas vendas são o da moderna distribuição, com os hipers e supers e o canal horeca. No total do grupo, 60% dos nossos produtos estão presentes na moderna distribuição, mas vendemos a todas as grandes marcas de distribuição e ainda, como exemplo, a cooperativas ou pequenos retalhistas.

A moderna distribuição é um mercado maduro ou ainda há espaço para inovar?

Há bastante espaço. Existe uma guerra constante de preços no bacalhau seco. Este é um dos cinco produtos chamariz para a moderna distribuição.

E no que toca ao comércio tradicional, ainda é um mercado a ter em conta?

O mercado tradicional é importante para nós e é de qualidade, mas se falarmos nas pequenas mercearias, as dificuldades são grandes.

O que acham de iniciativas como a loja de congelados – Continente Ice?

Nós estamos presentes no Continente Ice. Queremos acompanhar a evolução do mercado e também acreditamos nesse modelo.

Todos os grupos da moderna distribuição são importantes para nós. Têm uma força de vendas enorme e portanto continuamos a ter relações importantes com esses grupos. Tenho a certeza que os alimentos congelados são o futuro e a Riberalves só tem que estar presente.

Neste momento quais são as vossas prioridades para continuar a dinamizar as vendas da marca?

O grande objetivo dos próximos anos é aumentar a exportação. Para atingir esse fim queremos apostar com força no mercado da saudade, que é constituído pelas ex-colónias e onde existem portugueses. Estamos a falar, se calhar, de seis ou sete milhões de portugueses a viver no estrangeiro, e outros tantos descendentes que têm por hábito consumir bacalhau. Tudo o que é Europa central, França, Luxemburgo, Suíça, Espanha, África, América do Sul, são mercados a explorar.

Também queremos apostar em novos mercados onde o consumo de bacalhau seco continua muito forte. Essa é uma estratégia a curto e médio prazo do nosso grupo.

Em relação ao mercado nacional pretendemos fortalecer-nos, criando novos produtos.

Temos como objetivo que as pessoas olhem para a Riberalves como a marca do bacalhau, e eu acho que elas começam a associar que o bacalhau é Riberalves, e Riberalves é o bacalhau.

Estão então centrados na conquista do mercado estrangeiro?

Temos de ver que Portugal tem cerca de dez milhões de pessoas e que é um mercado já maduro, se quisermos vender o dobro do que já vendemos não vamos conseguir. O caminho a seguir é claramente a exportação e criar novos mercados. Esse passo já está a ser dado.

Quais são os países onde se pretendem implementar para já?           

Estamos a pensar nos Estados Unidos e mercados do Oriente, nomeadamente Macau e Japão.

Quando vão querer dar esse passo?

O nosso departamento de vendas que se dedica à área da exportação está já a trabalhar nesse sentido e teremos resultados brevemente.

Quem são os vossos atuais parceiros internacionais?

Nós temos relações um pouco por todo o mundo. Por exemplo, com a Noruega, Rússia, Estados Unidos ou Alasca. Este ano conseguimos mesmo a nossa própria indústria na Noruega e Islândia.

Onde existe bacalhau a Riberalves está presente, porque é muito importante estar perto da matéria-prima. Muitos dos nossos próximos investimentos passarão pelo Atlântico Norte.

Que medidas em concreto pretendem adotar para atingir os vossos objetivos de expansão?

Apostar muito forte na publicidade e na qualidade dos nossos produtos para fidelizar o cliente à nossa marca. As vendas demonstram que o temos conseguido. Este investimento que temos vindo a fazer é a pensar unicamente na qualidade do produto e em aumentar a nossa produção.

Preveem, por exemplo, novas linhas de produtos?

Estamos a pensar seriamente nos pré cozinhados. É a última opção que nos resta para terminar as nossas linhas.

E quanto à internet, encaram-na como uma boa ferramenta para angariar clientes?

Sim, não temos presença nas redes sociais, mas temos um site da empresa. Obviamente que a internet é um caminho a seguir porque hoje em dia toda a gente trabalha com ela. No nosso site temos muitos comentários, principalmente do mercado brasileiro. Eles utilizam-no muito para saberem onde estamos, para saber como produzimos e nós explicamos, portanto há um crescendo de interação com o nosso consumidor através do site. Para as redes sociais também teremos de estar presentes porque é o futuro.

… é curioso destacar o mercado brasileiro. Por que acha que esse mercado é o que mais visita o site da Riberalves?

Em Portugal não há muito o hábito do consumidor final utilizar o site da empresa como meio para tirar mais informação. Com o Brasil é um bocadinho diferente. Ate já há pessoas que conhecemos só por causa do site. Note-se também que o Brasil é o nosso melhor mercado internacional.

Que rescaldo fazem destes 25 anos de existência da Riberalves?

É francamente positivo. Tudo começou com uma pequena loja de rua no centro de Torres Vedras que vendia bebidas e bacalhaus. Depois o meu pai criou o Cash & Carry, que foi vendido, e foi a partir daí que a Riberalves se focou a 100% no bacalhau.

O bacalhau sempre esteve presente na história da nossa família, já o meu avô o vendia a pequena escala e mais tarde o negócio passou para o meu pai.

25 anos depois, conseguimos criar uma estrutura que fatura 115 milhões de euros ao ano e portanto considero que é uma marca com importância na indústria, em  Portugal. O futuro espera-se de contínua expansão para nos tornarmos numa marca internacional.

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