Durante os últimos meses têm sido várias as notícias de cortes nas forças de trabalho. Fruto de reajustamentos internos a realidade novas ou para aumentar a rentabilidade, muitas têm sido as marcas a levar a cabo despedimentos como forma de equilibrar as suas contas.
O mais recente episódio a tornar-se público foi na Nestlé, como a reconhecida marca a cortar 16 mil postos de trabalho. o que representa 5,8% dos cerca de 277.000 funcionários da Nestlé, com a chegada do novo CEO. Estes cortes ocorrerão um pouco por todo o mundo ao longo dos próximos dois anos e fazem parte de um plano de reestruturação para otimizar operações, concentrar recursos em produtos de alto rendimento e aumentar a rentabilidade sob a nova liderança de Philipp Navratil.
De acordo com a empresa, 12.000 dos empregos afetados pertencem a cargos administrativos e de escritório, enquanto 4.000 posições serão eliminadas nas áreas de fabrico, logística e cadeias de abastecimento. A medida faz parte de um esforço mais amplo para direcionar investimentos para marcas e segmentos com maior retorno, incluindo café, confeitaria e produtos premium.
A Nestlé informou ainda que está a concluir revisões estratégicas do seu portefólio nos negócios de águas, bebidas premium, vitaminas e suplementos. O objetivo é “mudar mais rápido”, segundo Philipp Navratil, para garantir competitividade num mercado global em rápida evolução. O novo CEO sublinhou que a “mentalidade de desempenho” será essencial para manter a quota de mercado.
Também a Heineken anunciou que irá reorganizar a sua sede global e colocar 400 empregos em risco. Segundo o noticiado internacional, a intenção é tornar mais leve a sua operação na sua sede global em Amesterdão. A medida integra a estratégia EverGreen 2030, que visa tornar a operação mais ágil e concentrada em funções estratégicas.
Segundo Dolf van den Brink, CEO da companhia, a mudança procura responder às pressões geopolíticas e económicas, ao mesmo tempo que acelera a transformação digital e reforça o foco no mercado. Parte dos colaboradores será realocada para a Heineken Business Services (HBS), enquanto outras funções serão eliminadas.
A cervejeira sublinha o compromisso em apoiar os trabalhadores durante a transição e afirma que a reorganização pretende fortalecer a empresa para novas oportunidades de crescimento e inovação.
Também a Unilever irá rever 200 cargos de topo no âmbito da sua estratégia de reestruturação. A multinacional quer olhar para as duas centenas de cargos de maior responsabilidade na empresa, medida que se insere num plano mais alargado que prevê a eliminação de cerca de 7.500 postos de trabalho a nível global, com o objetivo de melhorar a rentabilidade e recuperar o desempenho operacional.
Após a saída do antigo CEO, Hein Schumacher, e a nomeação do diretor financeiro Fernando Fernandez para o cargo, a Unilever reafirmou as metas para 2025: crescimento das vendas entre 3 % e 5 % e margens operacionais superiores a 18,9 %. A empresa sublinha que esta revisão visa criar uma estrutura mais eficiente e orientada para resultados, reforçando a capacidade de execução num mercado cada vez mais competitivo.
Também em marcas desportivas o cenário tem sido semelhante. Nike e Adidas têm vindo a reestruturar as suas operações com diferentes impactos. A Nike por exemplo vai cortar postos corporativos como parte de esforço de recuperação, sendo que a intenção é reduzir menos de 1 % do seu quadro corporativo, no âmbito de uma estratégia de reviravolta liderada pelo CEO Elliott Hill. A empresa afirma que reorganizará suas equipes em torno de esportes e cultura desportiva, para aprofundar a ligação com atletas e consumidores.
Já na Adidas, os cortes poderão ser um pouco mais profundos. A marca desportiva planeia eliminar até 500 empregos na sede em Herzogenaurach, na Alemanha, no âmbito de uma reorganização da estrutura corporativa. O plano foi revelado por uma fonte interna, presente numa reunião onde foi comunicado esse número. A empresa ainda não confirmou oficialmente essa magnitude de cortes, mas sabe-se que o CEO Bjoern Gulden justifica a medida com a necessidade de simplificar uma estrutura considerada excessivamente complexa face às constantes mudanças no mercado. Nos últimos tempos, a Adidas tem vindo a descentralizar decisões e a passar maior autonomia para os mercados locais.
Quadro resumo
Empresa | N.º de postos de trabalho afetados | Motivo principal | CEO / Liderança envolvida |
---|---|---|---|
Nestlé | 16 000 | Reestruturação para otimizar operações, concentrar recursos em produtos de alto rendimento e aumentar rentabilidade | Philipp Navratil |
Heineken | 400 | Tornar a estrutura mais leve e estratégica; acelerar transformação digital | Dolf van den Brink |
Unilever | 7 500 | Reestruturação para melhorar rentabilidade e eficiência operacional | Fernando Fernandez |
Adidas | Até 500 | Simplificação da estrutura corporativa e descentralização de decisões | Bjoern Gulden |
Nike | < 1 % do quadro corporativo | Esforço de recuperação e reorganização das equipas em torno de desporto e cultura | Elliott Hill |