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Sustentabilidade

GS1 Portugal debateu o futuro empresarial com foco na sustentabilidade e inovação

GS1 Portugal debateu o futuro empresarial com foco na sustentabilidade e inovação Direitos Reservados

Na 10.ª edição do seu congresso anual, que decorreu no passado dia 8 de outubro, a GS1 Portugal reuniu líderes e especialistas para debater o futuro do tecido empresarial e produtivo, destacando como a sustentabilidade, a inovação e a inteligência artificial (IA) podem converter desafios globais em oportunidades e impulsionar uma economia mais eficiente e competitiva.

De acordo com o comunicado de imprensa, num contexto em que a urgência climática e a transição tecnológica moldam a economia global, a industrialização verde afirma-se como imperativo estratégico para empresas e sociedades. A descarbonização, impulsionada pela inovação e pela inteligência artificial, está a transformar processos produtivos, cadeias de abastecimento e modelos de negócio, tornando-os mais sustentáveis, eficientes e resilientes.

 

Na abertura do congresso, Gonçalo Sousa Machado, Vice-Presidente da Direção da GS1 Portugal e CEO da Sogrape, afirmou que a competitividade das empresas e dos países está hoje condicionada por uma “reconfiguração geopolítica” e pelo “redesenho das cadeias de valor”, impulsionados pela transição tecnológica e energética.

Além disso, considerou ainda que a industrialização verde representa “um elemento agregador”, capaz de conciliar crescimento económico e progresso social, acrescentando que Portugal poderá beneficiar como plataforma industrial e produtiva neste novo cenário global.

 

Já Lídia Machado, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, salientou a importância de ligar a industrialização verde — que combina descarbonização, inovação e inteligência artificial — à valorização das marcas nacionais.

A responsável destacou ainda o valor estratégico do prefixo 560 nos códigos de barras, que identifica o registo na GS1 Portugal e atua como “primeiro embaixador” da eficiência, rastreabilidade e qualidade dos produtos ao longo das cadeias de valor, contribuindo para transações mais transparentes e sustentáveis.

 

“O mundo continua razoavelmente imprevisível”, afirmou Paulo Portas, ex-Vice-Primeiro-Ministro e docente na NOVA SBE, ao traçar o atual cenário geopolítico e geoeconómico. Em comparação com o ano anterior, disse ser possível confirmar tendências claras: a aceleração de uma visão mais protecionista da economia e a persistência de conflitos comerciais entre China e Estados Unidos, sustentados por um poder de dissuasão mútua.

Citando Mario Draghi, alertou que “a inércia tem um custo” e que, enquanto outros avançam, a Europa arrisca perder relevância. Sublinhou que, neste cenário, a Península Ibérica tem funcionado como “uma jangada autónoma” dentro da zona euro, com Portugal e Espanha a registarem um desempenho económico acima da média, sustentado pelo turismo, energia, ativos estratégicos, fundos europeus e imigração.

 

A par disso, defendeu ainda que, para as empresas, reconhecer riscos é também identificar oportunidades, apontando o investimento em inovação e inteligência artificial como essencial para modernizar operações e reforçar a competitividade.

Segundo a comunicação, o emprego e o volume de negócios das empresas portuguesas cresceram de forma expressiva na última década, o que levou Teresa Cardoso de Menezes, Diretora-Geral da Informa D&B, a concluir que o tecido empresarial nacional está hoje mais robusto, rentável e resiliente.

Ainda assim, a responsável avança que o panorama continua marcado pela predominância de microempresas (93% do total), com baixa mobilidade entre escalões de dimensão e necessidade de um crescimento mais sustentado. Teresa Cardoso destacou ainda a sustentabilidade como um desafio incontornável, sublinhando a pressão crescente dos stakeholders e os benefícios evidentes para as empresas que integram práticas ESG.

No painel “Industrialização Verde – Governança, Inovação e IA”, os oradores concordaram que crescimento económico e sustentabilidade podem coexistir, desde que assentes em governança sólida, ética e literacia. João Moreira Rato, Presidente do Instituto Português de Corporate Governance, destacou a governança como pilar essencial para decisões estratégicas robustas, enquanto José Germano de Sousa, Presidente da Associação das Empresas Familiares, sublinhou que, num futuro dominado pela inteligência artificial, o fator humano continuará a ser a verdadeira vantagem competitiva.

Já Lídia Tarré, Administradora da Gelpeixe, reforçou que a sustentabilidade é uma responsabilidade direta das empresas, atribuindo às pessoas um papel central nesse processo. Por sua vez, Paulo Câmara, sócio da Sérvulo & Associados, defendeu a necessidade de regras equilibradas e globais em matéria de sustentabilidade, apoiadas por maior literacia e consciencialização em todos os níveis.

No painel “Roteiro da Neutralidade Carbónica – Cadeias de Abastecimento”, Ana Sofia Amaral, Sustainability Leader da L’Oréal, afirmou que atingir a neutralidade carbónica implica compreender o impacto total do negócio e atuar de forma integrada com clientes, fornecedores e restantes stakeholders. Defendeu uma abordagem baseada em inovação, colaboração e eficiência no uso de recursos, capaz de responder rapidamente às crescentes exigências dos consumidores e de impulsionar uma transformação global e sustentável.

Luís Duarte, Diretor-Geral da Herdade dos Grous, partilhou a experiência da empresa no alcance da neutralidade carbónica, destacando a importância de uma monitorização rigorosa e apelando ao reconhecimento do trabalho desenvolvido no setor agrícola.

Já Mário Parra da Silva, Presidente da Associação Portuguesa de Ética Empresarial, afirmou que conciliar competitividade com neutralidade carbónica “não é só possível, como indispensável”, sublinhando que “a sustentabilidade é uma condição de negócio de futuro” e que “não vale a pena ser campeão, vale a pena participar no esforço global”. Alertou ainda que a ética deve estar no centro das decisões empresariais, garantindo que a sustentabilidade “não seja apenas marketing, mas parte da sobrevivência das empresas”.

Graham Miller, professor de Sustainable Business na NOVA SBE e Hope Speaker do 10.º Congresso da GS1 Portugal, afirmou que “a esperança é a energia humana necessária para conduzir à mudança” e que a sustentabilidade deve ser encarada como uma oportunidade. Incentivou empresas e indivíduos a agir na construção de soluções sustentáveis, lembrando que os resultados podem ser graduais, mas que “o sistema vai mudar quando nós mudarmos”.

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