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Portugal lidera transição para pagamentos digitais, mas experiência ainda falha

Portugal lidera transição para pagamentos digitais, mas experiência ainda falha iStock

Portugal é hoje um dos países mais avançados na adoção de meios de pagamento digitais, conclui o relatório da Nuek, empresa tecnológica da Minsait (Indra Group). O estudo, que analisou consumidores bancarizados em 13 países da Europa e América Latina, coloca o mercado português entre os mais dinâmicos na utilização de cartões, transferências imediatas e soluções de identidade digital única.

O uso de dinheiro em pagamentos presenciais continua a cair de forma expressiva. Em 2024, apenas 72% dos portugueses bancarizados recorreram a numerário, um valor abaixo de países como Itália (84%) ou Espanha (79%). Apenas 8% escolhem hoje o dinheiro como principal meio de pagamento presencial — um sinal da preferência por soluções modernas e digitais.

 

O cartão mantém-se como método favorito, com 86% de penetração nos pagamentos presenciais e 57% no online. O cartão de débito domina nas transações presenciais (81%), enquanto no comércio eletrónico a taxa é de 40%.

Transferências imediatas e MBWay impulsionam digitalização

 

As transferências imediatas, suportadas por soluções como o MBWay, já são utilizadas por 50% dos consumidores no ambiente digital, colocando Portugal ao nível de líderes como Brasil e Colômbia.

Identidade digital e pagamentos móveis em crescimento

 

Portugal apresenta também forte predisposição para a identidade digital única, com 69% dos inquiridos abertos a adotar soluções alinhadas com a regulamentação europeia eIDAS2 e a futura EUDI Wallet.

Os pagamentos sem contacto via dispositivos móveis também ganham expressão: 44% dos utilizadores de smartphones ou smartwatches pagam regularmente com estes equipamentos, superando a Espanha (24%) e o Reino Unido (29%). Mais de metade estaria disponível para os usar noutras operações financeiras, como envio de dinheiro ou autenticação de transações.

 

Experiência de pagamento ainda limitada

Apesar do avanço, 66% dos portugueses afirmam não conseguir pagar sempre como preferem — contra 31% no Reino Unido. De acordo com Javier Rey, diretor executivo da Nuek, “quando 66% dos utilizadores não conseguem pagar como querem, o problema não é tecnológico. É de design. A verdadeira inovação nos pagamentos não é oferecer mais opções, mas criar uma experiência que funcione de forma simples, sem esforço.”

Cinco desafios que o setor precisa resolver

O relatório identifica cinco obstáculos estruturais que impedem uma experiência de pagamento verdadeiramente universal e sem fricção:

  1. Acesso desigual — Ter meios digitais não garante utilização em todos os contextos.
  2. Segurança como barreira — Processos ainda lentos ou pouco intuitivos, apesar de avanços como biometria e tokenização.
  3. Falta de integração — Incompatibilidade entre países, bancos e plataformas obriga o utilizador a adaptar-se.
  4. Pagamentos como identificação — Necessidade de regras claras e tecnologia confiável.
  5. Experiência não invisível — O objetivo é pagar sem obstáculos, de forma completamente fluida.

 

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