Num mercado altamente competitivo como o do crédito ao consumo, conquistar o estatuto de “top-of-wallet” — ou seja, tornar-se o cartão principal utilizado pelo consumidor — é mais do que uma vantagem, trata-se de uma condição crítica para a rentabilidade das instituições emissoras de cartões.
É esta a principal conclusão do relatório “The Credit Economy: Top-of-Wallet Credit Cards”, publicado em maio de 2025 pela PYMNTS Intelligence, em colaboração com a plataforma tecnológica i2c. O estudo baseia-se num inquérito realizado entre 4 e 31 de março junto de 2.275 consumidores nos Estados Unidos da América (EUA) e analisa os comportamentos e preferências que determinam qual o cartão de crédito escolhido como principal.
Os cartões de crédito escolhidos como principais pelos consumidores norte-americanos são, de longe, os mais utilizados, gerando receitas significativamente superiores para os emissores. Os titulares transportam, em média, um saldo mensal de quase 2.000 dólares no cartão principal — valor que desce para pouco mais de 1.200 dólares no segundo cartão e cerca de 900 dólares no terceiro.
Segundo a análise, quanto mais cartões o consumidor tiver, mais evidente se torna esta concentração de utilização no cartão principal, sobretudo para despesas do dia a dia. Este comportamento reforça a importância de conquistar o lugar de destaque na carteira do cliente, uma vez que permite maximizar comissões, juros e outras receitas associadas à utilização do cartão.
As gerações mais jovens, nomeadamente os Geração Z (nascidos após 1996) e os millennials (nascidos entre 1981 e 1996), destacam-se pela elevada utilização do cartão principal e pela maior exigência em termos de funcionalidades. Em média, os Gen Z utilizam 30% do limite de crédito disponível no seu cartão principal, seguidos dos millennials com 27%. Em contraste, a Geração X (19%) e os baby boomers (16%) fazem uma utilização mais moderada.
Além disso, quase metade dos Gen Z (48%) e 41% dos millennials dizem estar dispostos a aumentar o uso do cartão principal se tiverem maior controlo sobre os pagamentos — por exemplo, com opções de pagamento em prestações mensais ou liquidação imediata no momento da compra.
Os programas de recompensas e descontos são o principal fator na escolha do cartão principal. Quase metade dos inquiridos (48%) indicaram que este tipo de benefício influenciou a sua escolha, sendo que, 31% afirmou tratar-se do motivo mais importante.
A análise sublinha que este peso das recompensas é particularmente evidente entre os consumidores que utilizam o cartão como meio de pagamento principal em despesas quotidianas, sublinhando a importância de benefícios tangíveis e atrativos.
 O relatório concluiu que o número de cartões detidos varia consoante a faixa etária e o nível de rendimento, mas os consumidores mais jovens, embora tenham geralmente menos cartões, fazem uma utilização muito mais intensa do cartão principal.
As motivações para a escolha do cartão também diferem consoante a finalidade: taxas de juro baixas são preferidas para emergências, enquanto características de segurança são mais valorizadas para pagamentos de contas.

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