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Editorial

Mudar a mudança

Mudar a mudança

Depois de umas semanas de descanso, a maioria dos portugueses está de regresso à normalidade. A mudança de paradigma do merecido descanso das férias para o regresso à exigente exigência do dia a dia é muitas vezes dolorosa, mas necessária.
Finda a silly season – se bem que para o retalho nunca o é verdadeiramente –, está na altura de preparar a reentrada dos três meses mais relevantes para o retalho, com a chegada do regresso às aulas, depois os saldos, depois o pré-Natal, o pós-Natal e o Ano Novo.
E se ainda é cedo para fazer um exame a 2024, facto é que durante os últimos meses temos todos assistido a uma corrida vertiginosa de transformação. Depois do “pânico” inicial da chegada da IA, poucas foram as empresas que não se mobilizaram para acomodar mais este elemento transformador da jornada de trabalho.
Com promessas de aligeiramento dos volumes de trabalho, permitindo-nos disponibilidade para outras tarefas, a verdade é que a IA veio também pôr-nos numa mudança acima daquela em que já andávamos. O tempo parece-nos, assim, uma unidade cada vez menos disponível para ser ocupada e transbordam-nos as tarefas para lá do relógio… mesmo com a ajuda da IA.
Relativamente a este tema, durante os últimos dias, cruzei-me com um vídeo que alertava para isso mesmo. Se antes os mais rápidos eram os vencedores e a aceleração era o bem mais desejado, hoje o paradigma inverteu-se e o maior bem que vemos à vista desarmada é o tempo desacelerado.
Sendo a commodity mais desejada por todos, também o retalho terá de melhor gerir o(s) seu(s) tempo(s). É que o consumidor parece estar num estado de alguém que foi atropelado, fruto de tantos estímulos e tanta comunicação direcionada. A sensação de quem vê de fora – com um pé dentro – é de que os que conseguirem dar mais tempo aos seus consumidores, ganharão um cliente.
E parece também que nós, clientes, como o somos todos, não desejamos mais rapidez, mas mais atenção. Talvez seja este o tempo dessa mudança. O de pôr a mudança abaixo. Dar tempo ao cliente e conquistá-lo não pela voracidade que temos de o conquistar, mas conquistando pela disponibilidade para estar ao seu lado, no seu tempo, sem lhe fazer perder tempo.

 

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