Os recursos humanos são uma das áreas que mais tem merecido a atenção da sociedade em geral nos últimos anos. Desde formação contínua a novos regimes de trabalho, muito tem sido discutido. Com muita aceleração introduzida pela pandemia, sobretudo nos setores mais tradicionais, áreas como o retalho ou a logística também puseram pé a fundo no acelerador naquilo que deixaram de ser tendências para passar a realidade.
Com colaboradores crescentemente mais exigentes relativamente aos seus ambientes de trabalho, com os recrutadores/empresas com cada vez maior dificuldade para atrair ou reter talento, quisemos tentar perceber quais os desafios que são enfrentados diariamente pelas empresas da área da supply chain.
Neste sentido, e como ‘preview’ de um artigo que será publicado na integra na nossa edição impressa da revista de abril/maio, trazemos a perspetiva de Luís Simões, Logifrio, Conforama e APOL sobre quais os principais desafios a serem enfrentados e ultrapassados por empresas a atuar em Portugal e no contexto ibérico.
Começa por referir-nos a Luís Simões, através de Miguel Andrade, Gestor de Recursos Humanos, que “o colaborador é parte integrante” de um processo de transformação digital em curso, sendo que esta digitalização tem vindo a ser “ implementada de forma progressiva na gestão dos processos e na interação dos colaboradores com a organização em geral e com a área de Recursos Humanos em particular”.
Neste âmbito, a APOL considera também, através do seu diretor, Vítor Figueiredo, que o “setor tem terá e tem vindo a adaptar-se no sentido de 1) uma maior automatização, por vezes com recurso a algoritmos de inteligência artificial, 2) a tornar o ambiente de trabalho, incluindo o ambiente de trabalho digital mais atrativo e 3) de alguma forma gamificar o trabalho, dando mais alertas proativos e feedback mais imediato ao colaborador”. De acordo com Figueiredo, com o processo mais completado, “os colaboradores ganharam tempo para tratar de situações não automatizadas”.
Com a integração crescente de tecnologia nos processos logístico, a Logifrio identifica a transformação continua do setor como indissociável do próprio processo que tem acontecido também na sociedade em geral. “Em termos de recursos humanos temos vindo a acompanhar esta integração [de tecnologia] com a aposta no reforço de equipas de IT com recurso a pessoal qualificado, entre as quais, com a criação de uma função de gestor de projeto 100% dedicado à inovação”, explica-nos Carla Poço, Head of HR Development and Hapiness Iberia da Logifrio.
Noutro dos âmbitos em que questionámos os intervenientes neste artigo, perguntámos se estavam a sentir desafios no que pode ser considerado um ambiente de escassez de mão-de-obra. Silvia Marin Casanovas, Diretora de Logística da Conforama, explica-nos de forma muito concreta que “os principais desafios passam pela aquisição do talento necessário, mas não apenas um talento físico/conhecimento, mas também a nível da qualidade humana. Estas são as principais características procuradas pelas empresas e só assim se consegue garantir o futuro de uma marca”.
Com isto em mente, responde a mesma especialista que “o sucesso de uma empresa passa por dar aos colaboradores as ferramentas necessárias para realizar as tarefas diárias necessárias”, pelo que “apenas com formação interna essas ferramentas são adquiridas”.
Neste âmbito parece existir um largo consenso entre as marcas inquiridas pela DISTRIBUIÇÃO HOJE. A Luís Simões explica igualmente que “a formação interna representa cerca de 70% da formação” ministrada pela empresa, lembrando o responsável por nós ouvido que “há que ter em conta que a introdução de tecnologia no setor implica um forte investimento na formação”.
Neste âmbito, a Logifrio defende a mesma posição, com a empresa de logística de frio a admitir recorrer a entidades externas de formação, existindo “consciência que ninguém tem mais know how da nossa operação do que os nossos próprios recursos”.
