Depois da apresentação do programa do Governo em matéria de transportes e logística, a Associação dos Transitários de Portugal (APAT) fez uma reflexão sobre as medidas propostas e o futuro do ecossistema logístico português.
A APAT “saúda a aposta na persecução de acordos transversais de longa duração no que concerne a projetos impactantes que acarretam investimentos avultados, e, por consequência, prazos de retorno do investimento mais extensos”, refere o comunicado de imprensa enviado às redações.
Neste sentido, “considera ainda encorajador o desígnio de promoção da transferência modal das mercadorias para o meio ferroviário – corrigindo-se os desequilíbrios na taxação da infraestrutura e fomentando-se a eficiência do transporte – esperando, contudo, que tal meta possa ser reforçada com medidas complementares de fomento do aumento da quota ferroviária no transporte de mercadorias”.
De acordo com a Associação, o transporte ferroviário de mercadorias “continuará a ser prioritário rumo a um futuro mais multimodal e sustentável”, sendo importante “impulsionar este meio de transporte, estando esta perspetiva na origem da criação de uma Comunidade de Logística Ferroviária”, que reúna os agentes do ecossistema ferroviário, de forma “a ultrapassar os principais constrangimentos que ferem a competitividade de um método de transporte que continua a operar abaixo do seu verdadeiro potencial”.
A Associação dos Transitários de Portugal continua também a defender “a definição de corredores logísticos, capazes de integrar portos marítimos, portos secos e terminais rodo-ferroviários”. De modo a serem estabelecidas “políticas uniformes e coerentes que possibilitem esta transferência modal sem ostracizar qualquer elemento deste ecossistema logístico, no qual todos os agentes deveriam estar conectados, promovendo uma maior competitividade”, esclarece o comunicado.
Relativamente ao sistema portuário, a APAT diz ser de “inegável importância a manutenção de políticas de investimento (público, mas também privado) que concorram para materializar o imenso potencial geostratégico que os portos nacionais possuem”.
Neste sentido, a Associação explica que “a globalização da economia exige portos capazes de competir por um lugar nas mais influentes rotas comerciais, tendo Portugal trunfos geográficos e operacionais que não deverão ser desperdiçados”, admitindo existirem “condições para manter a rota do sucesso”.
Já em relação ao transporte aéreo de mercadorias, “muito se encontra ainda por fazer”, avança a Associação.
 “Denotando a urgência de resoluções efetivas, a APAT criou, em 2023, o Fórum Nacional de Carga Aérea, na tentativa de agregar os stakeholders deste segmento para um debate construtivo em torno dos seus (persistentes) problemas”, enfatiza a Associação.
E continua: “Portugal carece de terminais de carga adequados, não só às novas exigências operacionais, como às diretrizes de segurança às quais a legislação internacional obriga”.
Ainda neste campo, a APAT salienta estar preocupada com “a ausência de uma perspetiva integrada, que entenda que a aposta no transporte de passageiros nunca pode significar a exclusão ou secundarização do investimento na carga aérea – algo que, tememos, possa acontecer com o novo aeroporto, cujo dossier parece não contemplar a construção de um hub de carga, fundamental para o país”.
APEF reage a medidas do Governo para a ferrovia: “Propostas são primeiro passo importante”