A Cushman & Wakefield (C&W), consultora global em serviços imobiliários, lançou o Marketbeat Primavera 2024, uma análise semestral que resume a atividade do mercado imobiliário nacional em 2023, e destaca as principais tendências para 2024.
De acordo com a publicação, o imobiliário retalhista ficará marcado pelo surgimento de novos conceitos, o regresso de outros e a aposta nas temáticas da responsabilidade social e sustentabilidade. Já para o mercado logístico, antecipa-se um enfoque na otimização dos custos de operação. Relativamente ao mercado imobiliário comercial, existe a antecipação para uma retoma gradual generalizada e um crescimento homólogo de 7%.
Resultados de 2023 e perspetivas para o retalho
Segundo a publicação, o setor do retalho manteve uma “tendência de recuperação, num contexto de retoma gradual dos planos de expansão dos retalhistas”. No decorrer do ano passado, a consultora registou 600 novas aberturas, “ligeiramente acima dos valores registados no ano anterior”, tendo o setor do comércio de rua representado 64% do total de novas aberturas, com o setor da restauração a continuar a representar 45% dos novos arrendamentos. Relativamente aos retalhistas não-alimentares low-cost, foram os mais ativos durante o ano passado, seguidos pelo setor alimentar.
Em termos de perspetivas, o documento refere que as grandes marcas estão cada vez mais focadas na integração da “responsabilidade social e sustentabilidade nos seus próprios conceitos, inclusive através da adoção de práticas para diminuir a pegada de carbono e maior promoção de equidade social e bem-estar das comunidades envolvidas na cadeia de produção”.
De acordo com o estudo, o conceito de athleisure, que combina desporto e lazer, com uma componente muito focada na moda e bem-estar, é cada vez mais procurado pelos consumidores. Verificando-se também uma aposta contínua na experiência em loja pelos retalhistas de moda e desporto. Há ainda uma perspetiva de regresso das lojas pop-up como ferramenta de marketing.
Resultados de 2023 e perspetivas para o Industrial & Logística
A análise da consultora indica que a atividade ocupacional do mercado de industrial & logística abrandou nos últimos dois anos, tendo registado em 2023 uma quebra de 22%. Os negócios com maior dimensão registados pela Cushman são futuras ocupações de unidades logísticas por três empresas do setor alimentar.
 Ao nível da distribuição geográfica relativamente à procura, as regiões de Lisboa e Porto estão no topo. Por sua vez, a consultora verificou também uma distribuição equitativa entre operações de venda ou arrendamento comparativamente com projetos à medida do ocupante. A taxa de desocupação no mercado logístico da Grande Lisboa situou-se nos 4,2%, “demonstrando a escassez de oferta de qualidade, a qual continua a fomentar a promoção de novos projetos”.
De acordo com o estudo, em 2024, tenderá a verificar-se um “enfoque na otimização dos custos de operação, com as empresas a concluírem que o upgrade para novos espaços logísticos é mais eficiente do ponto de vista operacional, enquanto consolidam a sua operação, garantido espaço de forma antecipada”.
A empresa adianta que devido às características de Portugal, este deverá “beneficiar do aumento do nearshoring, ou seja, a intenção de se instalarem novas indústrias na Europa para responder às necessidades locais e internacionais; assim como da contínua expansão dos Data Centres”.
Por outro lado, a Cushman antecipa também que o segmento Self Storage continuará a crescer a nível nacional. Ao mesmo tempo, começa a existir “disponibilidade para pagar um premium por espaços modernos e com credenciais de sustentabilidade, num contexto em que ocupantes e investidores procuram sobretudo este tipo de imóveis”.
Resultados de 2023 e perspetivas para o imobiliário comercial
Segundo a consultora, a atividade de investimento imobiliário comercial “registou um abrandamento ao longo de 2023, com o volume de 1.690 milhões de euros a refletir uma quebra homóloga expressiva de 44%, ainda assim em linha com outros mercados europeus”.
A Cushman indica que o ano passado foi caracterizado por “uma maior prevalência de transações de menor dimensão”. Em função de uma menor disponibilidade de investimento estrangeiro, os investidores domésticos aumentaram a sua quota de mercado para 33% do volume total investido. E acrescenta que “a alocação de capital por setor demonstrou o maior interesse dos investidores nos setores de hotelaria e retalho, que agregaram 38% do volume total investido cada”.
Já no que toca a estimativas para 2024, a empresa indica que existe “a expectativa de retoma gradual generalizada do investimento em imobiliário comercial na segunda metade de 2024, as nossas estimativas para este ano rondam um valor de 2.000 milhões de euros. Neste momento, já conseguimos aliás identificar transações em diversas fases de negociação, e com conclusão prevista para este ano, na ordem dos 1.800 milhões de euros”.
Os ativos com melhores perspetivas são, maioritariamente, ativos novos ou remodelados com excelente desempenho ESG. A Cushman antecipa também “uma retoma progressiva do protagonismo dos grandes investidores internacionais, assim como algum alívio no acesso à dívida bancária e refinanciamento”.