Será possível destronar a Amazon como um dos maiores retalhistas mundiais em e-commerce? A startup norte-americana Jet.com, que esta semana lançou um site de e-commerce, acredita que sim.
Com um financiamento inicial de 220 milhões de dólares, a empresa acaba de nascer com uma promessa que irá dar trabalho a cumprir: oferecer os preços mais baixos em comércio eletrónico, lançando para isso uma assinatura anual para membros com um custo de 50 dólares que dá acesso a “cerca de 4,5 milhões de produtos com os preços mais baixos do mercado”.
As assinaturas para membros têm sido, aliás, uma das estratégias mais utilizadas nos últimos tempos por retalhistas online, uma forma de rivalizar com o programa ‘Prime’ da Amazon, que oferece, entre outras regalias, entregas dentro de dois dias por uma assinatura anual que tem um custo de 99 dólares.
O projeto agora lançado é de Marc Lore, que em 2010 vendeu à Amazon a startup Quidsi, dona do Diapers.com e do Soap.com, por cerca de 545 milhões de dólares, depois de alguns anos de guerras de preços entre as empresas.
Depois de meses de testes beta com 150 000 consumidores, o site foi esta semana para o ‘ar’ e já é avaliado em cerca de 600 milhões de dólares. O objetivo é atrair um consumidor “consciente dos custos dos produtos, desde os millennials aos baby boomers, e à procura de poupanças”, estando disposto a fazer uma subscrição para se tornar membro.
“Só fazemos dinheiro através das assinaturas, e é por isso que podemos cortar as margens de lucro para zero. Mas o verdadeiro segredo é a nossa tecnologia. É mais um site de comércio em tempo real do que um site de e-commerce”, referiu Marc Lore, CEO da Jet.com, em declarações ao USA Today.
Na verdade, a tecnologia parece simples: adicionam-se os artigos ao carrinho e uma espécie de cronómetro começa a contar o desconto total. Quanto mais for adicionado, maior é o desconto. Já a razão pela qual os fundadores acreditam tratar-se de um site de comércio em tempo real, tem a ver com o facto do site ter a capacidade de ajustar os descontos tendo em conta o local em que se encontra o fornecedor. Quanto mais perto o produto estiver da pessoa que encomenda, menor será o preço.
“O momento decisivo para mim foi quando pensei na rentabilidade de uma única referência. Numa embalagem de ketchup da Heinz podíamos perder 20% se tivéssemos que atravessar o país para entregar a encomenda ou podíamos ganhar 20% se fosse perto do consumidor. Por isso pensámos: Vamos dar aos retalhistas a possibilidade de competirem pela venda do ketchup dependendo de onde vem a encomenda”, explica.
“Percebi que, na verdade, não se trata do serviço prestado ao cliente, porque isso é difícil de definir: será atender o telefone mais rápido ou ser simpático? Se quisermos ser um sucesso em e-commerce (…) é fundamental ganhar nos preços”, acredita.
Marc Lore defende ainda que o seu objetivo não é competir com a Amazon, na verdade, o Jet.com pretende ser “anti-Amazon”. “O modelo Prime da Amazon encoraja o consumidor a adicionar ineficiência ao sistema. No Jet, a ideia é que quanto maior for o carrinho de compras, mais custos conseguimos retirar do sistema e mais conseguimos poupar.”
A empresa tem agora como meta atingir cerca de 20 mil milhões de dólares em vendas nos próximos cinco anos. Para isso, irá iniciar já este ano um investimento de 100 milhões de dólares em comunicação: outdoors em dez cidades dos EUA e uma campanha de publicidade em TV já a partir de setembro.