A expansão internacional do retalho deixou de ser de um só lado, agora a via tem dois sentidos. Quem o diz é a consultora AT Kearney, que, segundo um estudo por si desenvolvido, afirma que cerca de 30% das empresas de retalho dos países emergentes pretendem expandir-se para os mercados dos países desenvolvidos com forte aposta na Europa e na América do Norte.
De acordo com o estudo, estes novos players prometem alterar a dinâmica do retalho mundial para os próximos anos, ameaçando claramente os gigantes europeus e norte-americanos. «Eles aprendem rápido e movem-se ainda mais rápido. Não devemos subestimar a velocidade dos retalhistas emergentes», alerta um responsável de um grupo alemão do sector, citado pela consultora.
A AT Kearney faz também referência ao facto de nos últimos anos os retalhistas emergentes terem aproveitado a dimensão e a expansão dos seus mercados internos para ganharem escala e know-how, dois importantes ingredientes para a internacionalização.
Ainda de acordo a consultora, o processo de internacionalização dos retalhistas emergentes na generalidade tem tomado o seguinte percurso: primeiro os mercados regionais, onde a cultura e os hábitos dos consumidores são conhecidos, e logo a seguir os mercados desenvolvidos do Ocidente.
Mas a outra versão da história é igualmente verdade: com as previsões de lento crescimento económico para os Estados Unidos e Europa, a AT Kearney aponta a expansão internacional como uma prioridade crescente para os retalhistas dos países desenvolvidos. O grupo dos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) continuará então a ser um destino favorito dado enorme potencial de crescimento e a dimensão única dos seus mercados. Menos afectados pela crise e com benefícios fiscais aliciantes, alguns países do Médio Oriente e do Norte de África oferecem hoje as melhores oportunidades de crescimento para o retalho. A América Latina é outro dos destinos favoritos, com uma classe média cada vez maior e com ambiente económico pouco afectado pela crise.