As alterações à regulamentação europeia de forma a reclassificar os trabalhadores de food delivery das plataformas europeias pode desmobilizar até 250 mil estafetas. A conclusão é do estudo da Copenhagen Economics, em nome da Delivery Platforms Europe – plataforma que reúne restaurantes e plataformas de entrega como a Bolt, a Uber Eats e a Glovo.
Em comunicado, a Copenhagen Economics informa que, baseado no inquérito pan-europeu que envolveu mais de 16.000 estafetas, a principal razão (67%) pela qual os estafetas trabalham com plataformas de entrega é a flexibilidade para trabalhar quando e onde quiserem.
A maioria dos trabalhadores (72%) considera o seu trabalho através de plataformas como uma atividade complementar, sendo que 34% admite fazer entregas enquanto estuda e outro terço (34%) para aumentar o rendimento em complemento com outro trabalho em tempo integral ou parcial.
Em média, apenas metade (54%) do rendimento dos estafetas é gerado a partir do trabalho em plataformas. A maioria trabalha em média 23 horas por semana
O estudo também apurou que a maioria dos estafetas (69%) continua a preferir a flexibilidade em vez de um horário predeterminado, mesmo se tivessem a possibilidade de ganhar um rendimento 15% superior nesse cenário.
Possíveis impactos
De acordo com o estudo, se o trabalho independente fosse substituído por um modelo de emprego menos flexível, onde as horas são predeterminadas, entre 100.000 e 150.000 estafetas seriam forçados a desistir do seu trabalho de entregas, aumentando para até 250.000 se fossem obrigados a trabalhar mais horas do que atualmente.
Adicionalmente, o estudo revela que até 75.000 estafetas de food delivery em toda a Europa poderiam ser forçados a deixar completamente a força laboral.
Em 2020, os consumidores fizeram 19,4 milhões de pedidos por semana. Com base nessas evidências, o estudo conclui que, em 2020, o ecossistema de entrega de alimentos gerou cerca de 20 mil milhões de euros de receitas para estafetas, plataformas e restaurantes.
Comentários
O diretor da Copenhagen Economics, Bruno Basalisco, comentou que “ a partir das evidências, fica claro que, para a maioria dos estafetas, a flexibilidade é crítica, já que o trabalho de entregas é uma atividade complementar aos seus estudos ou outros empregos”.
Já o cofundador e CEO da Wolt, Miki Kuusi, afirmou: “A maioria dos estafetas valoriza a flexibilidade e gostaria de manter o controlo da quantidade, quando e onde trabalham. Este estudo pan-europeu abrangente confirma isso. A flexibilidade não deve prejudicar a segurança e o bem-estar dos estafetas. Queremos trabalhar com legisladores e decisores políticos para encontrar soluções para combinar flexibilidade e redes de segurança”.
O estudo foi conduzido entre mais de 16.000 estafetas que trabalham com Bolt, Deliveroo, Delivery Hero, Uber e Wolt em países da UE (exceto Bulgária, Dinamarca, Alemanha, Luxemburgo e Noruega). Adicionalmente, o estudo apurou dados das empresas sobre fatores como horas de trabalho, número de entregas e valor da entrega para avaliar possíveis consequências para o mercado.