Werner Vogels, VP & CTO na Amazon, lançou uma antevisão das quatro previsões para o setor tecnológico referentes a 2024.
- A IA generativa torna-se culturalmente consciente
Segundo o especialista, os próximos anos serão marcados por um papel crucial da cultura na forma como as tecnologias são desenvolvidas, implementadas e consumidas, sendo que os efeitos serão mais notórios no que diz respeito à IA generativa. Os seres humanos aprendem através de conversas, debates e troca de ideias, os modelos de linguagem de grande dimensão (LLM) não têm oportunidades semelhantes para expandir as suas perspetivas e compreender a cultura.
De acordo com o comunicado, “os modelos de linguagem de grande dimensão (LLM) desenvolvidos com dados culturalmente diversos vão permitir uma melhor compreensão da experiência humana e dos desafios sociais mais complexos. Esta fluência cultural promete tornar a IA generativa mais acessível aos utilizadores de todo o mundo”.
O ser humano lida com culturas diferentes e, por isso, acaba também por contextualizar várias informações, sintetizando-as, ajustando à sua compreensão, de forma a responder de maneira adequada. Assim, “porque esperar algo diferente das tecnologias que utilizadas no dia a dia?”, refere o especialista da Amazon.
- A FemTech finalmente levanta voo
À medida que os temas tabus se vão dissipando relativamente às necessidades de saúde das mulheres e que também mais financiamento chega a esta área, irá continuar a assistir-se a empresas FemTech (cuidados de saúde direcionados para as mulheres) a liderarem este processo de mudança. No mesmo sentido, também o acesso das mulheres aos serviços de saúde aumentará, fruto dos modelos de cuidados híbridos que “tiram partido das plataformas médicas online, da disponibilidade de dispositivos de diagnóstico de baixo custo e do acesso a profissionais médicos a pedido”.
De acordo com o especialista, “a ascensão da FemTech não só beneficiará todas as mulheres, como também beneficiará todo o sistema de saúde”, salientando que os cuidados de saúde femininos “não são um nicho de mercado”.
- Os assistentes de IA redefinem a produtividade dos programadores
De acordo com Werner Vogels, os futuros assistentes de IA “não só vão compreender e escrever código, como também serão colaboradores e professores incansáveis”.
E continua: “estes assistentes serão altamente personalizáveis nível individual, de equipa ou de empresa. Serão capazes de explicar o interior de sistemas complexos, em termos simples, o que os torna ferramentas educativas de valor inestimável. Os programadores juniores utilizá-los-ão para se familiarizarem rapidamente com infraestruturas desconhecidas. Os engenheiros seniores para compreender novos projetos ou bases de código e começar a fazer contribuições significativas”.
Para ele, será o ponto de partida para existir mais trabalho, mas sem a sobrecarga, permitindo aos programadores dedicarem-se no trabalho criativo e no desenvolvimento de projetos de inovação.
“Nos próximos anos, as equipas de engenharia tornar-se-ão mais produtivas, desenvolverão sistemas de maior qualidade e encurtarão os ciclos de vida de lançamento de software, à medida que os assistentes de IA passam de novidade a necessidade em toda a indústria de software”, finaliza o especialista.
- A educação evolui para acompanhar a rápida inovação tecnológica
Na área da educação é “amplamente aceite” que, para contratar as melhores pessoas e para conseguir o melhor emprego, um diploma universitário é fundamental, tendo isto sido verdade no ramo da tecnologia, no entanto, Werner Vogels afirma estar “o modelo a desmoronar-se, tanto para os indivíduos como para as empresas”.
“À medida que cada vez mais indústrias exigem especialização dos seus empregados, o fosso entre o que é ensinado na escola e o que os empregadores precisam está a aumentar”, refere o especialista. E adianta que a mudança começa a notar-se há já alguns anos, pois a adesão aos cursos de aprendizagem continuou a crescer, uma vez que a educação especializada pode ser fornecida pelo empregador e os formandos podem ser remunerados à medida que aprendem.
Assim, “as próprias empresas estão a começar a investir seriamente na educação baseada em competências em grande escala, de forma contínua e no local de trabalho”, o que não significa que os cursos tradicionais deixem de existir, mas “existirão muitos setores em que o impacto da tecnologia ultrapassa os sistemas educativos tradicionais”. Deste modo, para dar resposta às necessidades das empresas, “surgirá uma nova era de oportunidades educativas orientadas para a indústria que não podem ser ignoradas”.