A assembleia-geral de acionistas do Grupo DIA decidiu esta quarta-feira (20 de março) aceitar a estratégia do multimilionário russo Mikhail Fridman para salvar a empresa da falência. A estratégia prevê uma recapitalização de 500 milhões de euros da cadeia de supermercados, condicionada ao êxito da OPA (de 0,67 euros por ação) que lançou recentemente.
A chave para este primeiro triunfo de Fridman foi a baixa participação dos acionistas, já que a reunião teve um quorum de somente 54,3% do capital, número que está abaixo da média dos últimos encontros, que rondou os 60%, avançando a imprensa espanhola que “com uma participação tão reduzida, a LetterOne teve a aprovação da sua proposta mais facilitada, já que atualmente possui 29% do capital da DIA.
Recorde-se que em cima da mesa estavam duas propostas: por um lado, a expansão proposta pelo atual Conselho de Administração e, por outro, o aumento de capital proposto pela LetterOne.
Segundo explicaram Richard Golding, presidente do grupo Dia, e o CEO, Borja de la Cierva, “a empresa tem um futuro promissor, somos a loja mais próxima, temos a melhor base de dados de clientes, uma marca bem conhecida que canaliza quase a metade das vendas e um modelo único de franquias”, disse Golding, avança o site Expansión.
Já do lado da LetterOne, que ofereceu 0,67 euros por ação, o que valorizaria o grupo em 414 milhões, colocou em cima da mesa uma proposta de 500 milhões de investimento, garantida pelo próprio fundo, e um plano de crescimento para os próximos cinco anos, em muitos pontos, semelhante à da atual direção.
“Os acionistas têm que escolher se desejam aprovar o plano de resgate abrangente da LetterOne ou do Conselho, o que levará à retirada da oferta. A proposta da LetterOne é mais favorável e menos diluente para o acionista”, referiu Stephan DuCharme, representante da LetterOne no Conselho, durante seu discurso.
A LetterOne irá pedir a saída do atual corpo diretivo do grupo Dia com a intenção de criar uma nova equipa de gestão, culpando a atual pela grave situação que o grupo atingiu. O aumento de capital está, no entanto, condicionado ao facto de 35,5% dos demais acionistas participarem da licitação e chegarem a um pacto com a banca.
O Grupo DIA, que conta atualmente com cerca de 6100 lojas em Portugal, Espanha, Brasil e Argentina, tem vindo a perder vendas ao longo dos últimos três anos, tendo passado de 9000 milhões de euros em 2015 para 7288 milhões em 2018.