A primeira parte da manhã do VI Congresso da APED, que se realiza hoje e amanhã no Museu do Oriente, foi dedicada ao tema “Petróleo, geopolítica e economia”. No painel de oradores foi discutido o papel das nações na liderança energética mundial.Uma das ideias que ficou sublinhada neste painel foi o facto da aposta energética dos Estados Unidos da América no Shell gás e no Shell oil estar a reequilibrar o domínio do petróleo a nível mundial
De acordo com António Costa Silva, presidente da Partex, “o Shell gás e o Shell oil são uma revolução que pode mudar o mundo. E está a mudar toda a geopolítica mundial”.
Por sua vez, José Caleia Rodrigues, perito em geopolítica do petróleo, afirmou que “o consumo do petróleo continuará a aumentar. O problema está na oferta. Atingir as grandes profundidades de exploração, como o Shell oil, só é possível a alguns Estados. A tecnologia é extremamente cara”. E acrescentou, “não estamos à procura de fornecedores, há petróleo a mais, deixou sim de ser um produto escasso e perdeu valor e apesar de continuar a ser um produto estratégico deixou de ser uma arma diplomática. Até mesmo no mercado de futuros perdeu valor. Os EUA passaram a ser fornecedores de energia”.
Por sua vez, Miguel Monjardino, professor da Universidade Católica, indicou que não se deve olhar só para os EUA mas também para o Canadá e México. “ Vai ser interessante ver como este bloco norte-americano vai gerir esta abundância energética. Para além disso, os EUA têm uma grande vantagem pelo fato de geograficamente terem muita água. A China, por exemplo, tem imensas reservas para o Shell oil e Shell gás, mas tem pouca água, essencial neste tipo de exploração”.
Manuel Santos Victor, advogado da PLMJ, sublinhou que “enquanto nos EUA o recurso que está debaixo do solo pertence ao proprietário do solo, na Europa o que está no subsolo é do Estado. Enquanto nos EUA posso fazer o que quero com o que é “meu”, com autorização do Estado, na Europa não se pode fazer até que isso seja permitido”, sublinhado a dificuldade no desenvolvimento de soluções energéticas no continente europeu.
Já Paulo Carmona, presidente da entidade nacional para o mercado dos combustíveis, indicou que “o petróleo é um ativo que se transaciona nas bolsa e é exatamente igual a outros ativos. É sujeito ao medo e à ganância. Não se passou nada de novo em termos estruturais no petróleo para baixar o preço por barril”.
O responsável fez ainda menção ao papel do setor da Distribuição que “vale 30% do mercado” da venda de combustíveis.
“As notícias do declínio da Europa foram manifestamente exageradas, tendo em conta o novo panorama energético mundial e futuro”, finalizou a mesa redonda, o jornalista Nicolau Santos, moderador deste painel.
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