Depois de uma fase de instabilidade resultante da frágil conjuntura económica que o país e a Europa têm vivido, a DanCake voltou ao sucesso de outrora. Através de um processo de viabilização em curso, os resultados são visíveis e os números falam por si. O crescimento de 65% em 2014 refletem a aposta na nova imagem, o lançamento de produtos e da atividade promocional. Entrevistámos João Costa, CEO da Dan Cake.
A empresa está a apostar num plano de viabilização. Com que objetivos?
A DanCake estava a viver uma fase complicada fruto dos largos anos de crise que se têm vivido Portugal e decidiu apostar num plano de viabilização. Por um lado, quisemos fazer um bom diagnóstico do potencial da empresa a nível comercial, e com base nisso, apresentar um plano de negócios, tanto aos acionistas, como aos stakeholders em geral (os acionistas e os bancos credores da empresa) para propor um plano que nos permita fazer a recuperação da DanCake. Entrei na empresa para tomar conhecimento da situação da mesma no início de 2013. Durante esse ano, apresentámos o plano que foi aprovado pelos acionistas e pelos bancos, tendo sido concluída a sua aprovação em meados de 2014. Mesmo perante a difícil conjuntura económica difícil, tivemos o apoio da banca. O plano de viabilização da empresa decorre de 2015 a 2019 incluindo todas as metas previstas.
As dificuldades da empresa foram-se sentindo mesmas antes da crise económica?
Foram agravadas com a crise financeira que afetou todos os setores, não só em Portugal, como a nível internacional. A empresa foi apanhada por esta crise e ficou enfraquecida. Foi então necessário estabelecer uma mudança e apostar no relançamento do negócio com metas bastante agressivas, tanto a nível de vendas, como de resultados. A DanCake tem uma relação de grande proximidade com os consumidores e com os clientes. Destacaria o grande apoio que temos tido por parte do retalho e da distribuição neste plano de recuperação e de relançamento da empresa. Todos perceberam que era importante ter uma empresa portuguesa como a DanCake no mercado. Uma empresa com 45 anos, uma grande tradição no nosso país e bastante notoriedade.
Uma das premissas base de sucesso nesta área é o serviço a cliente. Temos de responder aos nossos clientes em tempo e horas nas quantidades que nos solicitam. É neste serviço que assenta toda a estratégia de recuperação e de conhecimento que existe da marca.
Houve a necessidade de renovar também a imagem da empresa…
Sim, sentimos essa necessidade. Trabalhamos e vendemos a marca DanCake em Portugal e nos países de língua portuguesa. Noutros países, temos outras marcas, como por exemplo, a Danesita. No que respeita à DanCake, sentimos a necessidade de criar uma imagem mais atual que vá de encontro aos valores da marca e que esteja entre aquilo que ambicionamos ser no mercado. Demos uma maior homogeneidade à empresa, apostando muito no packaging porque é isso que nos vai fazer sobressair no linear.
A aposta em novos produtos tem sido também uma realidade neste processo de recuperação da empresa?
Sim. Lançámos 11 produtos no ano passado e este ano vamos lançar 11 ou 12 novos produtos.
Como foi a faturação da empresa no final do ano passado?
Faturámos 43 milhões de euros em 2014 e estancámos o decréscimo de vendas que vinha a acontecer desde o ano de 2008. Parámos a quebra de vendas e crescemos muito a nível nacional. A marca DanCake cresceu 65% no ano passado fruto da nova imagem que criámos, da aposta na inovação e da atividade promocional. No fundo, voltámos a investir no mercado. Este ano, as vendas totais da DanCake cresceram 13% e a marca está a crescer 83% no mercado nacional.
A exportação é então uma mais valia para a empresa?
Estive recentemente a visitar a Ásia, nomeadamente, os mercados da China, Coreia e Japão e encontrei uma recetividade fantástica aos nossos produtos. A DanCake vende em 80 países e tem uma vocação exportadora desde a sua génese. O seu sócio fundador rapidamente percebeu que o que estava a construir não cabia apenas no mercado nacional e tinha de exportar. Pretendemos ter um foco especial em mercados prioritários em cada um dos continentes onde operamos. Temos uma grande flexibilidade em trocar ideias com os distribuidores e players locais para adequar os produtos à realidade e aos padrões de consumo de cada mercado.
Considera que o presente ano já é de retoma?
Somos uma empresa otimista por natureza. Toda a nossa equipa respira otimismo e uma das grandes vantagens é não estar dependente de um único mercado, nem nacional, nem a nível internacional, devido ao facto de termos um portfólio muito alargado. Queremos recuperar a posição que a DanCake já ocupou no mercado nacional. Estamos a crescer bastante e queremos continuar neste ritmo. Consideramos que temos um lugar a ocupar no mercado e há que ganhar esse espaço.
70% das vendas resultam da exportação. O grande driver do crescimento deverá vir fundamentalmente dos mercados fora da Europa uma vez que o mercado europeu apresenta perspetivas económicas mais complicadas nos próximos anos e um excesso de produtividade, o que faz com que as margens sejam menos atrativas. Consideramos que podemos ir buscar grande parte do nosso crescimento nos próximos anos fora da Europa. Temos também expositores presentes no mercado tradicional contando com uma rede de distribuição muito forte de forma a dinamizar os nossos produtos a nível dos pontos de venda. Esta foi uma nova iniciativa dentro do nosso plano de relançamento da marca.
Considera que a empresa sairá fortalecida da crise?
As empresas têm de se adaptar à realidade. Estamos a trabalhar no sentido de sair da crise muito mais fortes do que quando entrámos nela. Julgo que vamos conseguir cumprir este objetivo. A nossa trajetória passa pela qualidade dos nossos produtos, somos auditados pelos principais clientes, os nossos produtos são geralmente bem aceites pelos vários mercados, o que nos permite encarar o futuro com bastante otimismo. Temos de trabalhar muito a nível de eficiência porque um grande portfólio de produtos tem uma enorme complexidade associada que temos de aprender a gerir. Nesse sentido, dotámos a empresa de todo um conjunto de procedimentos e de organização que não existia e que nos permite atingir o tal nível de serviço que já referi.
Qual é a presença online da DanCake?
O nosso mercado não é muito recetivo às vendas online. Obviamente que não podemos estar fora dos meios digitais mas considero que o e-commerce não está muito desenvolvido no mercado nacional e nesta categoria em particular.