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Especial Bacalhau

Consumo estável, expetativas ambiciosas

Especial bacalhau
Apesar de o bacalhau congelado ter menos vendas que o bacalhau seco, o mercado tem demonstrado maior crescimento no primeiro. O setor mantém-se dinâmico, a faturação foi positiva para a maioria das empresas que comercializam bacalhau, o que tornas as expetativas para 2017  ambiciosas.

Segundo os dados mais recentes da Nielsen, a categoria de bacalhau congelado cresceu mais do que a de bacalhau seco, no que respeita à 43ª semana de 2016, em comparação ao mesmo período do ano transacto. Segundo Marta Teotónio Pereira, Client Business Partner da Nielsen, “o bacalhau seco apresentou quebra de vendas no último ano móvel (-5%). Em valor, teve crescimento, ainda que ligeiro (+1%). O bacalhau congelado tem valores de vendas inferiores ao seco mas a tendência é de crescimento, mostrando assim que a conveniência é uma realidade também nesta categoria. Enquanto o Litoral Norte (área IIIN) é a área geográfica mais importante para bacalhau seco, a principal área para as vendas do congelado é a Grande Lisboa (área I)”, adianta à DISTRIBUIÇÃO HOJE.

A consultora comunicou recentemente o facto de o Natal ser o período do ano mais importante para as vendas do retalho alimentar, sendo o bacalhau uma das categorias mais relevantes. Segundo Marta Teotónio Pereira, “a conveniência tem ganho especial importância no consumo e o bacalhau não é exceção. O bacalhau congelado representa ainda uma reduzida fatia do mercado mas revela uma dinâmica positiva, tendo crescido 7% no Natal de 2015 (ao contrário do bacalhau seco, que teve um decréscimo de 6%). As vendas do bacalhau congelado atingem o máximo na semana do Natal, revelando nitidamente ser este um produto mais conveniente. Por outro lado, o bacalhau seco tem um decréscimo significativo de vendas na semana do Natal. As suas vendas começam a crescer algumas semanas antes, impulsionadas pela forte atividade promocional”, acrescenta.

bacalhau Riberalves - Distribuição Hoje

A DISTRIBUIÇÃO HOJE falou com alguns representantes de empresas que comercializam bacalhau em Portugal para perceber de que forma se desenrola a sua atividade no setor. A palavra de ordem é estabilidade. “O consumo de bacalhau está estável, em linha com o previsto para este ano de 2016, mesmo tendo em conta o aumento do preço da matéria-prima, em cerca de 20%, registado a partir de junho, e que veio provocar um inevitável aumento de preço para o consumidor final, na ordem dos 10% – o restante é absorvido graças um esforço da indústria. Ainda assim, face à paixão que os portugueses têm pelo bacalhau, a perspetiva é a de que o consumo continuará estável também neste final de ano, em linha com o registado em 2015. Em termos de categorias, o bacalhau demolhado ultracongelado – Pronto a Cozinhar sobe ligeiramente as vendas, confirmando a tendência de crescimento”, explica Ricardo Alves, administrador da Riberalves.

A Soguima, dedicada à produção de bacalhau demolhado congelado, tem observado que a categoria “tem evoluído positivamente no retalho e na Grande Distribuição”, explica a equipa do Departamento Comercial. “Temos vindo a assistir, com natural agrado, ao gradual aumento no interesse e preferência pelos nossos produtos, em detrimento do tradicional bacalhau salgado seco. Hoje, este último ainda tem uma maior quota de mercado, mas a tendência é de inversão na preferência, o que representa uma oportunidade para a empresa aumentar o alcance dos seus produtos de reconhecida qualidade”.

bacalhau Soguima - Distribuição Hoje

A atividade promocional tem sido, na opinião de João Gonçalves Vieira, administrador da Pascoal, “muito agressiva”, impulsionando “as vendas deslocando-as do retalho tradicional para pontos de venda das suas insígnias”. No que respeita à posição da empresa no setor, o responsável explica que “a Pascoal é conhecida pela sua atividade principal de produtos de bacalhau demolhado ultracongelado, pelo que continua a marcar a sua posição na qualidade intrínseca do bacalhau, recusando o uso de aditivos químicos (ditos polifosfatos), adequando os cortes e a apresentação às necessidades do consumidor”.

A Ramirez lançou há mais de 20 anos “a primeira conserva  de bacalhau fabricada em Portugal, nomeadamente, bacalhau com  azeite e alho, e a sua posição no setor é marcada pela alta qualidade  do produto que comercializa”, defende Manuel Guerreiro Ramirez, CEO da empresa. Ainda que o bacalhau em conserva seja “um produto de preço mais elevado, destina-se a uma camada de consumidores que gostam de comer um bom produto, embora com um preço mais alto”.

Ramirez - Distribuição Hoje

No que à distribuição diz respeito, “a sua disseminação é global no mercado nacional, embora mantendo-se a evolução das vendas estável, mas com tendência a algum crescimento, ano após ano”.

A Lugrade acaba de construir uma segunda unidade de produção “com vista a responder às necessidades dos seus clientes, verticalizando a produção e aumentando a capacidade de produção em todas as suas gamas de produtos”, explica Joselito Lucas, administrador e diretor comercial da empresa. O responsável lança ainda a crítica a propósito da Grande Distribuição: “mais uma vez, este ano, a mesma tem utilizado a categoria para servir de âncora às suas lojas praticando preços bastante agressivos”.

Novos ritmos de vida exigem novidades

O momento é de transição também no setor do bacalhau, notando-se uma transferência de consumo. Os novos consumidores e os novos ritmos de vida das famílias jovens “vieram colocar novas exigências ao nível da qualidade e do caráter prático do bacalhau. A Riberalves foi pioneira neste campo e soube responder da melhor forma, investindo no desenvolvimento de uma nova categoria de produtos, de bacalhau demolhado ultracongelado, que não só se tornou uma referência no mercado português, como ajudou a empresa a abrir novas portas no plano internacional. 30% do mercado de bacalhau em Portugal, em 2016, já se refere ao bacalhau demolhado ultracongelado e a tendência é de continuar a crescer”, sublinha o responsável.

No final deste ano, a Riberalves apresentou algumas novidades no bacalhau salgado seco, “como o Bacalhau de Cura em Flor de Sal, que se insere numa categoria de produtos de nicho muito apreciados no momento de celebração especial que é o Natal”.

Novos investimentos são necessários para manter o dinamismo do setor. A Soguima defende a presença nos pontos de venda com “o constante acompanhamento do mercado, permitindo atuar em conformidade, perante as exigências do mesmo”. Segundo o Departamento Comercial, “o investimento no mercado do retalho resultou na obtenção de novos e importantes clientes neste setor, tendo aumentado a visibilidade da marca”.

Além da diversificação da oferta, a empresa prepara novidades para o próximo ano. “O início do ano foi promissor e a segunda metade do ano confirmou as nossas expetativas, uma vez que o interesse por estes produtos aumentou”, explica o Departamento Comercial.

A Pascoal pretende continuar a apostar na inovação dos pratos cozinhados à base de bacalhau no próximo ano. “Estamos constantemente a adequar os cortes, as embalagens e os pesos às diversas solicitações que a evolução do mercado exige, quer o consumidor final, quer o Canal Horeca”, revela o administrador.

Há alguns anos, a Ramirez lançou no mercado “o bacalhau com grão  a ‘meia desfeita’, de que existem algumas cópias fabricadas com sucedâneos do bacalhau”, explica o CEO. As vendas de 2016 sofreram um “aumento, destacando-se não só as do mercado nacional, mas também as exportações para países da Europa, América do Norte e Sul e ainda para países da diáspora portuguesa”.

Este ano, a Lugrade lançou uma novidade no mercado: “Lugrade Vintage – 20 meses de cura, Islândia, com uma embalagem a recordar os tempos antigos e que até agora tem sido um sucesso. Um produto que surge das nossas origens do tempo da pesca do bacalhau, muito se tem escrito sobre a nossa arte em pescar e preparar o tradicional ‘fiel amigo’, assim como foi designado por milhares de portugueses. O bacalhau cura Vintage Lugrade é uma edição limitada ao número de 2000 exemplares, sendo os mesmos numerados de forma a garantir a autenticidade do mesmo”, salienta Joselito Lucas.

Expectativas para 2017

A Lugrade prevê faturar ainda este ano um valor “próximo dos 19 milhões de euros apesar de este ter sido um ano difícil com problemas no abastecimento de matéria-prima, dado ter sido um ano atípico com capturas concentradas em tamanhos pequenos ”, explica o responsável.

Extremamente crítico relativamente a algumas cadeias da distribuição moderna, Joselito Lucas diz-nos que “mais uma vez assistimos, por parte de algumas cadeias da distribuição moderna, a uma prática de preços abaixo de preço de custo. Este comportamento mantido por alguns operadores leva a uma quebra de confiança por parte do consumidor final. Assistimos ainda, em alguns pontos de venda, a uma oferta de uma qualidade de produto muito abaixo daquilo que seria expetável”, refere. Para o próximo ano, espera-se “um ano marcante”. 2017 marca a celebração de 30 anos dedicados ao bacalhau por esta empresa. “Contamos celebrar efusivamente com os clientes num ano em que teremos a nova unidade a funcionar em pleno. O objetivo da passa por continuar a crescer e ultrapassar a barreira dos 20 milhões de euros. A nossa missão é continuar a afirmarmo-nos como uma empresa de referência no mercado nacional, estendendo a sua influência a outros mercados”, diz-nos.

A Ramirez assume-se como “pioneira em Portugal no setor das conservas de peixe, na apresentação  da sua vasta gama de produtos  em tabuleiros, o que veio facilitar o manuseamento e a venda na grande distribuição e no retalho que os adotou, melhorando e potenciando a sua bonita apresentação e volume de vendas”, revela Manuel Guerreiro Ramirez. As vendas para o próximo ano “em volume” estarão sempre “sujeitas à manutenção das vendas no mercado nacional e ao aumento na exportação”.

A Pascoal também prevê alterações e novidades para o próximo ano. “Será um 2017 caracterizado pelo reposicionamento institucional e comercial da empresa preparado para as alterações sérias que prevemos no quadro de consumo de bacalhau”, explica João Gonçalves Vieira.

O ano de 2016 foi “muito interessante para a Soguima”. O Departamento Comercial reforça que houve “um aumento das vendas no mercado nacional e também no mercado internacional. Num ano que se apresentava como um dos mais desafiantes da nossa história, é com regozijo e orgulho que podemos afirmar que superámos os obstáculos e iremos apresentar um crescimento de cerca de 35%, em relação ao ano anterior”, defende o Departamento Comercial. O desafio para o próximo ano passa por “manter as margens”. Os últimos cinco anos têm representado “índices de crescimento muito altos, pelo que a empresa pretende voltar a crescer no próximo ano, com especial atenção à manutenção das margens. Num mercado volátil como o do bacalhau é pertinente que esta questão seja uma das prioridades”. A Soguima pretende ainda fazer um investimento nos mercados internacionais, com o objetivo de consolidar e potencializar as exportações.

A Riberalves prevê uma subida de faturação no final deste ano, relativamente a 2015, na ordem dos “13 a 15%, atingindo cerca de 145 milhões de euros. Observou-se algum dinamismo em mercados específicos onde a empresa tem uma presença importante, como Angola e Brasil, afetados por condições socioeconómicas adversas nos últimos anos. Ao mesmo tempo, denotou-se um desempenho muito interessante em Portugal, tanto na Distribuição, como no Canal Horeca, cumprindo as expectativas iniciais”, revela Ricardo Alves.

Os bons resultados permitem traçar novos objetivos para 2017. “Essencialmente, pretendemos continuar o nosso trajeto de crescimento em consistência, garantindo a máxima qualidade nos nossos produtos, e procurando inovar ao nível das referências. O mercado nacional de bacalhau é bastante maduro, pelo que temos de ser bastante exigentes e inovadores. Por outro lado, é a inovação que também nos permite entrar em outros mercados internacionais, tradicionalmente mais resistentes ao bacalhau salgado seco, mas seduzidos pela qualidade e carácter prático do bacalhau pronto a cozinhar”, acrescenta o responsável. Ao nível da exportação, “o objetivo passa por crescer em mercados, como o brasileiro, que representa 20% das vendas do grupo, e apostar também no México e nos EUA”, conclui.

Perguntámos aos participantes neste Especial como tem sido a presença das empresas que representam no online e qual a importância da omnicanalidade para o negócio.

Lugrade – “Temos forte presença nas redes sociais, nomeadamente o Facebook representando uma das grandes estratégias de comunicação da Lugrade onde tem vindo a conquistar bastante público através de posts diários, contando atualmente com mais de 7000 seguidores em iniciativas, como por exemplo: showcookings, workshops e ações de ativação de marca”, explica Joselito Lucas.

 

A marca Lugrade também está presente no Instagram, sendo esta rede social, a segunda grande aposta para o ano de 2017. “Reunimos esforços na integração dos nossos clientes (retalhistas, grossistas e média distribuição) na nossa cadeia de valor para responder à necessidade da Lugrade em ter uma comunicação uniforme, independentemente do ponto de venda em que o clientes adquirem os nossos produtos”, reforça o responsável.

Pascoal – Apesar de reconhecer a importância das novas tecnologias para chegar a futuros mercados, a empresa ainda está a estudar a melhor forma de as usar. “Esta abordagem terá de ser adequada aos diversos pontos de venda que irão surgir futuramente”, defende João Gonçalves Vieira.

 

Ramirez – “Temos presença nas redes sociais, sendo nosso objetivo potencializá-la em 2017”, afirma o administrador.

Riberalves – Lançou no final do ano passado um novo site oficial, no âmbito da celebração dos 30 anos da empresa, que para além de apresentar a história e gama de produtos da mesma, é ao mesmo tempo uma base de receitas de bacalhau. “Estamos presentes de forma oficial no Facebook, onde mantemos uma relação direta com os consumidores e amigos. A mesma contava, à data de fecho desta edição, com 32739 gostos.

 

Temos também presença no Youtube, onde promovemos, por exemplo, novos vídeos que desenvolvemos especialmente para o 30º aniversário. As redes sociais têm a sua importância provada, e para a Riberalves, não são exceção”, salienta Ricardo Alves.

Soguima – “Num mercado tradicional, como é o do Bacalhau, as novas tecnologias ainda estão numa fase embrionária. No entanto, a Soguima está presente no Facebook (com 3233 seguidores à data de fecho desta edição), onde abriu uma plataforma de diálogo com os consumidores dos nossos produtos. Contratámos uma empresa que trata da comunicação nesses meios e os resultados têm sido entusiasmantes. Aproveitamos a oportunidade para convidar os leitores a visitarem o nosso Facebook e a nossa página (http://www.soguima.com/), onde poderão obter receitas e outras informações interessantes”, sugere o Departamento Comercial.

Artigo publicado na edição de dezembro/janeiro de 2017 da revista DISTRIBUIÇÃO HOJE

 

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