Portugal avança para a linha da frente da biotecnologia aplicada à alimentação com o lançamento do CellBlue, um projeto que desenvolve produtos alimentares à base de biomassa de polvo cultivada a partir de células. A iniciativa é liderada pela Cell4Food – Cellular Culture, SA e financiada pelo COMPETE 2030 / Portugal 2030 com cerca de 1,5 milhões de euros.
O CellBlue reúne um consórcio multidisciplinar que integra centros de investigação, entidades colaborativas e parceiros industriais. O objetivo é criar um processo biotecnológico completo, desde o isolamento e cultivo celular até à formulação de produtos híbridos com sabor, textura e valor nutricional equivalentes ao polvo tradicional.
Segundo Vítor Verdelho Vieira, CEO da Cell4Food, o projeto posiciona o país “como referência europeia na biotecnologia marinha aplicada à alimentação sustentável”, combinando ciência, indústria e visão estratégica.
O consórcio inclui o Colab4Food, o CATAA, a Universidade Católica Portuguesa e a Sense Test, cobrindo áreas que vão da biotecnologia e desenvolvimento de produto à avaliação sensorial, aceitação pelo consumidor e neuromarketing.
A tecnologia em desenvolvimento pretende reduzir a pressão sobre os ecossistemas marinhos e promover modelos de produção alimentar mais éticos, seguros e circulares, alinhados com a crescente procura global por proteínas sustentáveis.
Para Filipa Soares, CTO da Cell4Food, o CellBlue representa “uma visão de futuro, onde o mar e a biotecnologia convergem para criar alimentos éticos, seguros e sustentáveis”.
Fundada em 2022, a Cell4Food opera em rede com laboratórios em Braga, Oeiras, Açores e Vila do Conde, colaborando com universidades e empresas europeias para acelerar novas soluções de produção alimentar baseada em agricultura celular.
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Rodrigo Cabrita
