Angola está interessada em parceiros e investidores estratégicos nacionais. Esta foi uma das principais conclusões do seminário ‘Investimento estrangeiro em Angola’, que se realizou recentemente na Porto Business School e que contou com membros do Governo de Angola.
“A diversificação da economia é a solução mais urgente, para que, no futuro, não sejam tão evidentes os efeitos da crise provocada pela subida do preço do petróleo. O caminho passa por aproveitar as potencialidades ‒ apostar noutras indústrias, utilizar os recursos naturais, qualificar os cidadãos ‒ e transformar as riquezas do país em produtos de exportação. Precisamos, hoje, de parceiros estratégicos que nos ajudem na expertise e know-how na forma como vamos desenvolver a nova era de crescimento de Angola”, sublinhou Cândido Pereira Van-Dunem, Ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria de Angola.
O Ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria de Angola referiu que é importante integrar todos os cidadãos na reorganização económica e social do país e defendeu que “Angola conta com cerca de 25 milhões de habitantes, dos quais 800 mil são cidadãos e familiares de antigos combatentes. Por isso mesmo, temos uma oportunidade de integrar estes recursos humanos, numa perspetiva de economia de mercado mais global. A presença de empresas e do know-how português tem sido uma parte fundamental para este projeto. Queremos, por isso, reforçar a ligação, estreitar as parcerias e confiar na presença portuguesa no país.”
Isaac Francisco Maria dos Anjos, Governador da Província de Benguela e antigo aluno da Porto Business School, também marcou presença e referiu que “queremos criar zonas de produção de alta qualidade e de todo o tipo de produtos, que possam ser exportados para as grandes potências mundiais. Temos, por isso, previstos vários projetos nomeadamente uma autoestrada Benguela-Lobito, a requalificação urbana do Lobito ‒ que deixa de ser o espaço para a indústria ‒ o loteamento industrial da Catumbela, a aposta em opções turistas e atrativas para a região e a criação de uma zona de expansão económica do Cubal, através de um polo industrial, com serviços e habitações.”
Já Carlos Palhares, antigo aluno da escola de negócios e CEO da Mecwide, empresa nacional que atua na área da metalomecânica e que já passou pelo processo de internacionalização para Angola, partilhou a sua experiência e revelou que “não foi fácil, cometemos alguns erros e foi um processo lento e com muitas ‘batalhas’. No entanto, hoje, passados três anos, contamos com uma equipa de cerca de 80 colaboradores, o que nos permite conquistar grandes projetos a nível mundial. A par dos serviços que desempenhamos, criámos uma Escola de Soldadura em Angola, precisamente, para qualificar a mão-de-obra local e apoiar, assim, o desenvolvimento do país.”
Fernando Teixeira dos Santos, antigo Ministro das Finanças, encerrou a sessão e explicou que “há vários anos que ouvimos os empresários portugueses a falar das dificuldades e das derrotas quando procuram levar os negócios para Angola. Mas não desistem e é esse fator que é distintivo nas relações entre Portugal-Angola. Os portugueses podem ter um papel relevante no desenvolvimento do país, especialmente na qualificação e formação dos recursos humanos locais, aos vários níveis, desde a gestão até à produção nas indústrias.”