Gonçalo Santos Lopes, Country Manager Visa em Portugal
Facilitar o envio e a receção de dinheiro deve ser uma prioridade, para consumidores, comerciantes e Governos.
De que forma é que a aposta da VISA nos pagamentos contactless, contribui para o desenvolvimento do vosso negócio e para o cliente de forma global?
A Visa posiciona-se como um definidor de tendências, tentamos sempre estar à frente das exigências dos consumidores e antecipar as suas necessidades. Portanto, um dos nossos principais objetivos tem sido trabalhar ativamente com o ecossistema global de pagamentos, a fim de permitir transações inovadoras e seguras, como os pagamentos contactless.
Este tipo de pagamento está a ganhar relevância na vida quotidiana dos consumidores europeus. De acordo com dados recentes, na Europa, 8 em cada 10 transações efetuadas em loja são através do contactless.
 Na Europa, 8 em cada 10 transações efetuadas em loja são através do contactless.
Neste contexto, as PME portuguesas estão no caminho da digitalização, e é essencial que estejam preparadas para responder às exigências de um consumidor cada vez mais híper conectado e digital. Mesmo assim, há PME que ainda não deram o salto. É por isso que, na Visa, estamos empenhados em ajudar estas empresas no seu processo de digitalização, apoiando milhões de PMEs em todo o mundo e na Europa.
Ajudamo-las a introduzir novos métodos de pagamento digitais e sem contacto, trabalhamos com o comercio físico e online, e oferecemos experiências de pagamento ágeis e seguras. Por exemplo, a nível europeu, estamos agora a ajudar consumidores em 34 países a fazer pagamentos móveis seguros, com cerca de 800 programas de pagamento móvel e wallets.
É crescente a expansão dos Mobile Payments / Wallets. Da parte da VISA, como olham para esta solução de pagamento, nomeadamente no mercado português?
Os consumidores portugueses estão a utilizar cada vez mais a tecnologia contactless, uma vez que lhes permite pagar de uma forma simples. Em dezembro de 2021, de acordo com dados do Banco de Portugal, quatro em cada dez pagamentos com cartões, nacionais e estrangeiros, foram efetuados com recurso ao contacless. Dito isto, a Visa quer alavancar ainda mais o sistema de pagamentos e explicar, a nível global, que o próximo passo já chegou, e são os pagamentos móveis.
Pagar com o smartphone é rápido e seguro. Os cartões podem ficar em casa. Por exemplo, em Espanha, no final do ano passado, quase 40% dos espanhóis disseram ter utilizado o telemóvel para pagar as suas compras.
Em Portugal temos uma margem de crescimento muito grande, pois ainda há quem esteja relutante em adotar esta tecnologia. De acordo com o estudo Silver Consumer, do Centro de Inovação de Pagamentos e da Visa, em Portugal, as barreiras a esta adoção prendem-se com a falta de conhecimento, ou a desconfiança sobre a forma de como a utilizar, e isto é algo a que assistimos sobretudo na população sénior.
Acreditamos que devemos desempenhar um papel ativo na literacia financeira. Lançámos este ano uma campanha de pagamentos móveis, que visa encorajar os consumidores portugueses a adotarem mais amplamente este tipo de pagamento. A campanha segue o slogan “Simplificar. Pague com contactless, agora no seu telemóvel”. O objetivo é facilitar a vida diária dos consumidores através do recurso aos pagamentos Visa através de dispositivos móveis; gerar diferenciação e destacá-los, pela sua simplicidade, rapidez e segurança de utilização.
De que forma está a VISA a apoiar os comerciantes, nomeadamente das PME, a dar resposta a consumidores cada vez mais digitais e adeptos dos pagamentos electrónicos? O que podemos esperar de tecnologias como o tap to phone?
Durante a pandemia a transformação digital desempenhou um papel fundamental para as empresas, tornou-se cada vez mais relevante, especialmente para as PME, ter uma presença online.
Um estudo da Visa e da GFK mostra que os consumidores portugueses aumentaram a sua utilização de e-commerce em 44%. No final do ano passado estimava-se que 4,6 milhões de portugueses já estavam a comprar online. Por outras palavras, as PME têm agora uma excelente oportunidade de crescimento e, para serem bem sucedidas, têm que disponibilizar métodos de pagamento rápidos, ágeis, simples e seguros. O objetivo da Visa é fornecer sistemas que protejam todo este processo: da decisão de compra por parte do consumidor, à conclusão do ato, com o pagamento.
 O ‘Tap to Phone‘, ao transformar qualquer smartphone num terminal de pagamentos, revolucionou o ecossistema
Para apoiar e satisfazer as necessidades dos clientes criámos, com marcas parceiras e líderes da indústria, um ‘Kit de Negócios Digitais’, que fornece às pequenas e médias empresas uma orientação especializada end-to-end – que vai da criação e crescimento da presença digital, até à deslocação de áreas centrais do negócio para o online.
Também o fazemos de várias outras formas, por exemplo fornecendo aos vendedores soluções inovadoras, com a tecnologia ‘Tap to Phone with Visa‘. Este foi o primeiro produto da Visa que permitiu aos vendedores aceitarem pagamentos nos seus smartphones. Ao utilizar este equipamento o vendedor apenas tem que descarregar uma aplicação e o seu telemóvel está pronto para ser utilizado como TPA. Os pagamentos eletrónicos tornaram-se mais simples e mais rentáveis para os pequenos comerciantes, que conseguem assim fazer checkouts mais rápidos e cashless. O ‘Tap to Phone‘, ao transformar qualquer smartphone num terminal de pagamentos, revolucionou o ecossistema, pois permite a todas as empresas, independentemente da sua dimensão, receber pagamentos digitais ou contactless sem a necessidade de um TPA formal, ao mesmo tempo que mantém a segurança do pagamento inalterada. Estas tecnologias representam um acesso universal mais fácil ao atual ecossistema de sistemas de pagamento.
Hoje, a realidade reflete a afirmação da mobilidade urbana, coletiva e individual, como é que estão a responder os sistema de pagamento interoperáveis?
A forma como nos deslocamos nas cidades está a mudar, tal como os nossos hábitos de pagamento ou consumo, existe uma clara tendência para a digitalização e pela exigência de experiências mais ágeis. Adicionalmente, de forma global, todos temos como prioridade tornar as nossas cidades em espaços mais habitáveis e sustentáveis.
Neste contexto, acreditamos que os pagamentos digitais desempenham um papel fundamental, pois facilitam a mobilidade urbana. Geram uma experiência de pagamento rápida e segura, e promovem a utilização de transportes amigos do ambiente, tais como os veículos elétricos (VE).
Acreditamos que os pagamentos digitais desempenham um papel fundamental, pois facilitam a mobilidade urbana
Do ponto de vista da mobilidade individual, a Visa tem apelado à normalização dos sistemas de pagamento nos pontos de carregamento de VE por toda a Europa. Acreditamos que a indústria europeia deve comprometer-se a dar aos consumidores a liberdade de pagar com o método que preferirem. Além disso, a adoção generalizada de veículos elétricos é fundamental para que a Europa cumpra os seus objetivos de emissões zero. Impulsionar a adoção de VE implica assegurar que as pessoas consigam facilmente carregar os seus veículos.
A Visa lançou este ano uma consulta com fabricantes de pontos de carregamento de veículos elétricos, e outros líderes da indústria, para identificar barreiras e procurar soluções para a aceitação consensual de pagamentos interoperáveis sem contacto e digitais. Fomos também a primeira empresa da indústria de serviços financeiros e de pagamentos a aderir à ‘Charging Interface Initiative’ (CharIN), que encoraja uma maior e mais rápida adoção de veículos elétricos.
Por outro lado, numa perspetiva de mobilidade urbana coletiva, temos também muito bons exemplos sobre como os sistemas de pagamentos estão a reagir e a ajudar as experiências de viagem das pessoas a tornarem-se mais fáceis. Estamos a trabalhar com autoridades locais em 50 das maiores áreas urbanas da Europa, incluindo Atenas, Paris, Londres, Varsóvia, Milão e Génova, no apoio a iniciativas de mobilidade urbana. No ano passado, em Portugal, a Visa implementou um projeto-piloto nos transportes públicos no Porto, em parceria com o Andante. Esta ação permite aos clientes pagarem as suas viagens aproximando simplesmente o seu cartão de débito, de crédito, pré-pago ou dispositivo de pagamento contactless, ao torniquete.
Novos hábitos de consumo, transformação do sector financeiro e dos meios de pagamento, em que medida, estamos a falar de democratização dos sistemas de pagamento?
O que queremos é exatamente isso, que haja uma adoção generalizada de sistemas de pagamento que sejam simples, fiáveis e que garantam a segurança dos consumidores e dos comerciantes. É por isso que antecipamos as novas exigências e tendências dos consumidores e desenvolvemos tecnologia inovadora para responder às mesmas.
Facilitar o envio e a receção de dinheiro deve ser uma prioridade, para consumidores, comerciantes e Governos.
Na Visa acreditamos que quanto mais opções de pagamento existirem, melhor será a experiência de cada um. É por isso que facilitar o envio e a receção de dinheiro deve ser uma prioridade, para consumidores, comerciantes e Governos.
A experiência e conhecimento da Visa em sistemas de segurança permite-nos inovar e elevar a experiência de pagamento a um nível superior e continuar a introduzir tecnologia disruptiva junto dos consumidores, comerciantes, e claro, pequenas empresas. O maior exemplo é a partilha da utilização de novos métodos de pagamento móveis, através de carteiras digitais, e a viabilização de fluxos de pagamento mundiais.
Qual a vossa expectativa em relação às tendências no sistema de pagamentos? Que espaço há ainda para crescer e que papel a VISA assume neste processo de transformação?
A indústria de pagamentos tem vindo a transformar-se rapidamente, e há já algum tempo, mas o que é diferente hoje em dia é a velocidade dessa mudança. É evidente que a pandemia serviu para aumentar, um pouco por todo o mundo, a adoção do comércio eletrónico e a digitalização dos pagamentos. Mas identificamos algumas tendências que acreditamos que irão ganhar território neste ecossistema. Uma são os métodos de pagamento para além do cartão, os já referidos pagamentos móveis, ou o pagamento através de wearables (relógios, pulseiras ou outros acessórios) e o, natural, aumento do recurso a wallets.
Os marketplaces estão a mudar para pagar aos seus vendedores através de sistemas cashless; e os Governos estão a aderir aos reembolsos digitais.
A forte e crescente preferência pelos pagamentos digitais não é apenas uma tendência entre os consumidores. As empresas estão cada vez mais a reembolsar os clientes (B2C) e a pagar a outras empresas (B2B) digitalmente. Os marketplaces estão a mudar para pagar aos seus vendedores através de sistemas cashless; e os Governos estão a aderir aos reembolsos digitais. De facto, desde o final de 2019, as empresas e os Governos sentiram a necessidade de reexaminar as formas como pagam e são pagos, a fim de se manterem à frente e prosperarem neste `novo normal´, presente e futuro.
Na Visa vemos que hoje, mais do que nunca, os clientes e os utilizadores finais estão mais interessados em novas formas de melhorar a velocidade, a segurança e os dados que acompanham qualquer pagamento – por forma a otimizar operações e melhorar o fluxo de caixa – do que na forma como pagam. Vimos que as empresas que têm sido mais lentas a adaptar-se às práticas digitais são as mesmas que mais se debateram durante a pandemia, e que, apesar da flexibilização geral das restrições em toda a Europa, ainda enfrentam dificuldades.
Quase metade de todos os consumidores globais (42%) manifestaram interesse em soluções BNPL
A procura de soluções ‘Buy Now, Pay Later‘ (BNPL) também continua a crescer em todo o mundo. Ainda que o crédito não seja uma novidade, estão a surgir novos formatos de BNPL e esta é uma boa maneira de apoiar tanto os consumidores como os retalhistas. Um estudo recente da Visa revelou que quase metade de todos os consumidores globais (42%) manifestaram interesse em soluções BNPL – nas que são oferecidas pelos seu atual cartão de crédito ou por outro que possam vir a solicitar numa próxima oportunidade. O estudo também indicou que o futuro revela um elevado interesse no BNPL, que excede a atual adoção em todos os países testados, o que sublinha ainda mais a oportunidade que está a surgir.
Esta investigação mostra-nos que quando as opções BNPL estão disponíveis na caixa de pagamento, há uma maior adoção por parte do consumidor, o que beneficia os retalhistas e os seus clientes, que são mais propensos a completar a sua experiência de compra desta forma.
É necessário um compromisso a 100% para continuar a inovar e elevar a experiência de pagamento um nível acima. Isto requer disponibilização de tecnologia mais disruptiva, a consumidores e comerciantes, para que possam pagar e ser pagos de formas mais ágeis e seguras.