O comércio eletrónico B2B e B2C deverá atingir um valor de 110,6 mil milhões de euros em Portugal já este ano. Quem o diz é a Associação da Economia Digital (ACEPI) que revelou esta segunda-feira (19 de outubro) os principais resultados do estudo “Economia e Sociedade Digital em Portugal”, desenvolvido em parceria com a IDC.
De acordo com o documento, tem-se registado uma forte penetração da Internet em Portugal com valores próximos da média europeia, crescimento do número de compradores online, do volume e frequência das compras e aceleração da transformação digital dos negócios das empresas em 2019, com o e-commerce a atingir um valor de 96 mil milhões de euros em 2019, valor que deverá este ano aumentar devido ao impacto da pandemia de covid-19 nos hábitos de compra dos portugueses.
População mais digital
O estudo mostra também que a utilização da Internet tem crescido ao longo dos últimos anos, com a penetração a atingir em 2019 os ¾ dos portugueses. Já considerando o efeito da pandemia prevê-se que em 2020 a penetração da Internet atinja os 81% da população.
Pandemia acelera e-commerce
Além disso, com o estudo da ACEPI ficamos a saber que mais de metade dos utilizadores de Internet já fez compras online (51%) em 2019, estimando-se que, esse valor cresça para 57% em 2020, devido à pandemia. A pandemia é também responsável pela alteração de comportamentos de compra online: cerca de 60% dos compradores online afirmam ter aumentado o valor das suas compras através da Internet e 73% dos compradores online passou a comprar, em média, entre três a cinco vezes por mês através destes canais.
Nas categorias de compras online destacam-se agora as refeições entregues ao domicílio, que no ano anterior não tinham expressão, e os produtos alimentares e bebidas, que este ano refletem a alteração comportamental dos portugueses provocada pela pandemia. Também as categorias de equipamentos para utilizar em casa – tanto informáticos, como eletrodomésticos – registaram crescimentos acentuados. Nos serviços digitais destacou-se a categoria filmes e séries.
Pagamento por Multibanco é o preferido
Importa ainda referir que, de acordo com a ACEPI, a eficácia das modalidades de pagamento, o conteúdo e transparência da informação, os métodos de entrega e o carrinho de compras flexível e intuitivo das lojas online portuguesas são agora apontados pelos consumidores como “muito bons”, com cada vez mais portugueses a afirmar que confiam nos serviços digitais e nas lojas online, existindo cada vez menos receio na sua utilização.
As entregas em períodos horários definidos e as entregas no mesmo dia ou no dia seguinte são consideradas muito relevantes pelos portugueses e os pagamentos por referência Multibanco continuam a ser o método preferido, verificando-se, contudo, um crescimento do MBWay e de outras wallets eletrónicas.
O estudo estima que o valor do comércio eletrónico B2C tenha ultrapassado os 6 mil milhões de euros em 2019, representando atualmente 2,9% do valor do PIB. Para 2020, estima-se que o valor do B2C alcance os 8 mil milhões de euros.
Empresas nacionais reforçam presença na Internet
Além disso, ficamos ainda a saber que a percentagem de empresas com presença na Internet é agora de 60% do número total de empresas, sendo que no estudo anterior apenas 40% das empresas tinham presença online. Este crescimento, muito significativo, deve-se sobretudo ao aumento da presença na Internet das micro e pequenas empresas – que representam a maioria do tecido empresarial português-, face ao ano anterior, respetivamente de 30% para 48% e de 53% para 76%.
Quando se trata de comércio eletrónico, a taxa de empresas de grande dimensão que vende online situa-se nos cerca de 52%. Quando questionadas sobre a perspetiva de evolução do comércio eletrónico, cerca de metade das empresas referiu que prevê um crescimento.
As empresas que têm o comércio eletrónico como uma forma de exportar online os seus produtos e serviços indicaram que os países que possuem um maior peso no volume do comércio eletrónico são Espanha e França, com um peso próximo dos 40%, logo seguidos do Reino Unido e dos PALOP. A grande maioria das empresas que realiza comércio eletrónico ainda não integra a loja física com a loja online, mas cerca de 25% das empresas já faz esta integração.
O estudo da ACEPI e da IDC estima que o valor do comércio eletrónico B2B/B2G em Portugal – vendas de empresas a outras empresas ou ao Estado – ultrapasse os 103 mil milhões de euros em 2020.