A DISTRIBUIÇÃO HOJE esteve à conversa com Pedro Osório de Castro, Country Manager myPOS, que nos deu a sua perspetiva sobre o crescimento do mercado de pagamentos e a digitalização que este atravessou. Confira o essencial desta conversa nas linhas abaixo.
Sentimos durante o período da pandemia um boom na área dos pagamentos em Portugal. Quais foram para vós as principais dinâmicas a assinalar?
De facto, a pandemia marcou, ou acelerou, o passo, na tendência digital em vários setores. No caso específico dos pagamentos isso também aconteceu. Houve uma procura, nomeadamente em 2020, mais acentuada para as soluções de aceitação de pagamentos eletrónicos e em particular a questão do contactless. Mesmo o online cresceu em termos de procura. A pandemia trouxe-nos isso em vários setores, houve essa aceleração. No caso do contactless, por exemplo, que era uma solução que já era usada, mas que não era maioritária, sentiu-se essa aceleração. Também na questão dos pagamentos eletrónicos, com a questão sanitária em relação ao dinheiro físico, houve uma adaptação. Isso é positivo, ou seja, a pandemia foi uma coisa terrível, mas dinamizou a digitalização de vários setores. A título de curiosidade, nós conseguimos servir o cliente nos vários canais que ele disponibiliza, seja presencial, seja online. Nesse sentido, o cliente, com apenas um parceiro, consegue alimentar os vários canais.
Os pagamentos eletrónicos são hoje uma das chaves para o sucesso de uma operação de retalho? Acha que ainda vai acelerar mais a inovação neste segmento?
A nossa perspetiva é que essa tendência vai manter-se ainda que talvez não tão acelerada ou com uma evolução tão clara como em 2020. Será uma tendência natural que todo o comércio, inclusivamente pequenos estabelecimentos, vão adotando soluções de pagamento eletrónico, porque torna-se mais fácil fazer negócio. Costumo muitas vezes dar o exemplo de que se tiver 10 euros na carteira, estou numa loja, vejo uma coisa de 20 euros, e se a loja não aceitar pagamentos eletrónicos tenho de ir levantar dinheiro para pagar. Se esse estabelecimento aceitar pagamentos eletrónicos, tiro o cartão e pago. A aceitação de pagamentos eletrónicos é um potenciadora de negócio. É importante que os comerciantes tenham isto em conta. Esse potenciador de negócio é mais importante que as taxas que pagam ou os custos que possam ter.
Obviamente houve uma necessidade de o consumidor se adaptar por causa das contingências da pandemia, mas havia também algumas questões mais culturais: terminais desadequados, desconfiança nos pagamentos online e baixa taxa de penetração de e-commerce. Houve uma real transformação dos pagamentos?
Ainda se mantém uma percentagem relevante de terminais que não aceitam contactless. Porquê? Porque são os chamados terminais multibanco, só aceitando multibanco. Esta é ainda uma realidade muito relevante. A oferta de muitos bancos é apenas de um terminal com multibanco, terminais esses que não aceitam VISA/Mastercard. Essa estrangulação tem vindo a reduzir-se, mas ainda é relevante. Por outro lado, há um obstáculo grande, em muito comércio, pelo facto de que os comerciantes são pessoas com mais idade e menos literacia digital, e, portanto, têm mais dificuldade em entrar no mundo digital. Ainda assim, houve uma evolução significativa, mas continuaremos a precisar de dar mais passos para evoluir nessa questão. Precisamos de formas mais rápidas e simples de pagamento, como é o caso da tecnologia contactless, mas também de soluções que passam pela adoção pelos pagamentos online, que permitem multiplicar os canais de negócio. Houve uma evolução importante, mas ainda há um caminho a percorrer.
Agora com a recuperação esperada do turismo, existirão vários métodos de pagamento a ser utilizados. Os vossos terminais já suportam pagamentos com cartões estrangeiros de forma fácil?
Nós disponibilizamos, de forma imediata, as principais marcas internacionais: VISA, Mastercard, American Express, JCB, Union Pay. Um cliente quando abre uma conta connosco, fica logo com essas marcas disponibilizadas. Não tem de fazer contratos adicionais para essa situação. Portanto, a nossa solução é uma solução que encaixa muito bem no setor do turismo exatamente por ser uma solução que disponibiliza as principais marcas internacionais, mas, por outro lado, permite a um cliente que atue em vários países possa utilizar a nossa solução. A nossa solução funciona em todo o espaço económico europeu. Clientes que estejam relacionados com o turismo são ótimos clientes para nós e nós uma ótima solução para eles. Esta vertente de marcas internacionais e dos nossos terminais trabalharem todo o espaço económico europeu facilita e muito a gestão diária.
A digitalização de todo o comércio tornou-se o novo standard. É imprescindível para as empresas estarem neste ambiente? Os estudos também indicam que as facilidades permitidas na altura do pagamento são uma das chaves do sucesso de um e-commerce…
Temos integrações com os principais checkouts para permitir essa simplificação. A integração num website de um cliente é um processo bastante simples. Para clientes mais pequenos, que estão menos digitalizados, a possibilidade de criar uma loja online connosco é claramente uma vantagem. Essa é uma funcionalidade interessante, mas juntámos ainda uma outra, que também é considerada em online, que é o pagamento por link, dando a possibilidade de enviar a um cliente um link, já com o valor, bastando a este colocar os dados bancários num ambiente seguro e fazer um pagamento à distância. Conseguimos disponibilizar um conjunto de ferramentas para lá do presencial.
Com todas estas transformações, que papel será o papel do dinheiro no futuro? Estamos cada vez mais afastados do dinheiro físico e mais próximos de pagamentos digitais?
Vamos assistir a transformações muito significativas. A inovação e a tecnologia são um comboio que não para. É um comboio que anda mais depressa ou mais devagar dependendo do desenvolvimento das sociedades ou do contexto, como, por exemplo, a pandemia. Aquilo que vamos assistir é um ambiente de muitas alterações nos pagamentos e na nossa relação com o dinheiro. O dinheiro continua a ser muito relevante e vai continuar a ser durante muito tempo, mas o que vai acontecer, de forma gradual, é essa transformação. Provavelmente se falarmos com uma pessoa de uma geração mais antiga, ter dinheiro na carteira é uma coisa relevante. Ainda há muitos negócios que assentam em dinheiro, muitas vezes negócios com pagamentos de baixo valor. É importante trazer estes negócios para os novos ambientes. Se falarmos com uma geração mais nova, provavelmente nem andam com dinheiro na carteira. Pagam com telemóvel. Há exemplos interessantes, por exemplo, no caso asiático que, como houve um desenvolvimento mais tardio, o desenvolvimento nem passou pelo cartão, mas para wallet. O que vamos assistir nos próximos anos é essa transformação muito grande na forma como pagamos.
Há algum setor onde vamos assistir a uma mais rápida transformação?
Um dos desafios maiores será no âmbito do retalho. Hoje entro num supermercado ou loja, escolho os meus artigos e quando olho para a caixa tenho dez pessoas à minha frente. Este é um exemplo interessante. Já temos tido alguns pilotos, mesmo em Portugal, em que aquilo que assistimos é quase uma desmaterialização do pagamento. A criação de uma situação em que vou à loja/supermercado, escolho os produtos e venho embora… Tudo isto são passos que estão a ser dados, mais rápidos ou lentos consoante os países e os mercados, mas não tenho grandes dúvidas que o futuro é já hoje. Estes projetos são embriões que se vão desenvolver. No futuro vamos pagar sem dar por isso, sem termos de ter uma ação complexa. O pagamento será cada vez mais seamless.
A segurança é outra das chaves para atrair clientes. Estas soluções têm garantidas estas ‘necessidades do consumidor’?
Os pagamentos eletrónicos são das formas mais seguras que há de pagar. A forma mais insegura é o dinheiro porque, enquanto comerciante, se receber pagamentos em dinheiro e for assaltado vou ter de lhe dar aquele montante que tenha em caixa. Se receber a esmagadora maioria ou totalidade dos pagamentos em cartão ou pagamento eletrónico, o assaltante deixa de ter interesse em assaltar-me. Não terá nada para roubar. Isto é um fator de segurança para o comerciante muitíssimo relevante. Isto é claramente uma vantagem, para lá das componentes de gestão. Numa solução como a nossa, todas as transações estão numa única plataforma que dá para integrar em softwares de gestão ou faturação. O cliente passa a ter um fluxo de trabalho totalmente digital e fluído, o que melhora brutalmente a operação de backoffice. Para o consumidor essa segurança é bastante grande. Por exemplo, com contacless permite um conjunto de operações não ilimitado. Depois de algumas operações temos de digitar o código. A proteção dos cartões, em caso de roubo, em algumas situações até retroage 24 horas.
Para terminar, as taxas pagas por serviços como os vossos eram um dos maiores entraves aos comerciantes disponibilizarem pagamentos por cartão. O que se alterou para haver hoje uma maior recetividade dos comerciantes?
O que tem acontecido, na verdade, é que essas comissões que são cobradas por transação têm vindo a baixar ao longo dos anos. Também em virtude do mercado ter cada vez mais players, as taxas têm vindo a baixar e os custos são cada vez mais acessíveis. Há uma componente que disponibilizamos que é o facto de não termos mensalidade. O cliente não tem uma lógica de custos fixos: adquire o terminal e depois não tem mais custos fixos, pagando apenas o que utiliza. Se houver um período em que não recebe transações, não tem custos. Estes custos, que o comerciante tem, têm vindo a baixar o que leva a tornar mais atraentes estas soluções. Permitimos também que os comerciantes personalizem os terminais: Podem personalizar o recibo que é emitido; na sua plataforma dar um nome ao terminal, para facilmente o identificar, conseguindo saber o volume de transações em cada terminal. O cliente não precisa de fazer o fecho porque qualquer transação feita num dos nossos terminais, pois essa transação entra instantaneamente na conta do cliente. Isto quer dizer que o cliente tem acesso à informação em tempo real, conseguindo depois exportar tudo para o seu backoffice e contabilidade, melhorando toda a reconciliação contabilística. A necessidade de imprimir talões desaparece. Na nossa plataforma aparecem todas as transações separadas da fee paga por essa transação. Tudo isto não é apenas uma questão de terminal, mas uma questão de uma ferramenta de gestão que otimiza todo o trabalho de backoffice, permitindo poupar custos e capitalizar recursos humanos para tarefas de valor acrescentado. Não disponibilizamos apenas terminais, mas uma ferramenta de gestão.
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