Na semana de 23 a 29 de março – equivalente à semana 13 – as vendas de Bens de Grande Consumo (BGC) registaram uma quebra de 6% face a período homólogo de 2019, correspondendo a menos 12,5 milhões de euros, e uma descida de 12% face à semana anterior (semana 12 de 2020), avança a quarta edição do Barómetro semanal da Nielsen sobre o impacto da pandemia.
Por oposição a esta diminuição, na semana em que Portugal entrou oficialmente na fase de mitigação do COVID-19 (transmissão comunitária do vírus) e no momento em que os portugueses começam a viver com restrições, a consultora revela que o e-commerce continua a registar ganhos em termos de ocasiões de compra (+77%) e de captação de lares (+75%). “Conduzidos pelo contexto atual, os consumidores parecem mais recetivos à facilidade e comodidade de realizarem as suas compras através de plataformas digitais”, salienta a Nielsen.
O período em análise integra um salto no número de casos confirmados de infeção por COVID-19 em território nacional, entrando Portugal na quinta das seis etapas identificadas pela Nielsen – #5 Vida com restrições.
Nesta semana 13, os Produtos Alimentares cresceram, contrariando a quebra generalizada verificada no retalho alimentar. Os Frescos apresentam um decréscimo, mas este é inferior à média do total do mercado.
“O facto de os portugueses estarem agora confinados nas suas casas altera alguns dos seus hábitos e rotinas diárias. No caso da Alimentação, muitas das refeições passaram a ser confecionadas e consumidas em casa. Tomar o pequeno-almoço e o lanche em casa e fazer petiscos e sobremesas levou a um forte dinamismo de algumas categorias, que surgem agora no topo dos maiores crescimentos, como as Bebidas Quentes (+38%) e as Sobremesas/Doces (+30%)”, explica Marta Teotónio Pereira, Client Consultant Senior da Nielsen.
Os dados da consultora mostram ainda que os portugueses “parecem mais propícios a cozinhar em casa”, algo que é também patente no facto de o retalho alimentar perder neste período mais de 70% em Take-Away/Cafetaria face à semana homóloga.
Entre os Frescos, apesar dos decréscimos em algumas categorias, há segmentos que evidenciam uma tendência contrária e que se destacam pelo forte crescimento devido a dois fatores: defender o sistema imunitário e cozinhar mais em casa.
Mantém-se também a preocupação com a higiene, saúde e limpeza do lar, registando-se crescimentos significativos em Acessórios de Limpeza (+44%), Limpeza do Lar (+20%), Cuidados de Saúde (+9%), entre outras categorias.
Neste contexto, as categorias com maiores quebras refletem bem que os Portugueses se mantêm em casa, entre as quais se destacam os Produtos Solares (-85%), os Produtos para Calçado (-52%) e os Perfumes (-51%).
“A evolução das categorias de FMCG não deixa dúvidas de que os portugueses se mantêm em casa e que se estão a adaptar à vida em quarentena, procurando já produtos que os fazem sentir melhor em casa”, admite Marta Teotónio Pereira. A responsável da Nielsen destaca ainda que “será interessante acompanhar tendência das próximas semanas que, para além de continuar a refletir a vida em quarentena, dará indicações sobre a tendência da Páscoa em 2020”.
Com as escolas fechadas, as férias da Páscoa foram passadas em casa e as vendas da semana anterior à Páscoa (este ano foi a semana 14) no retalho alimentar deverão refletir os preparativos desse período.
“Com o agravamento da limitação à circulação no período da Páscoa, este ano todos sabemos que foi diferente”, indicando Marta Teotónio Pereira que se registaram “alguns sinais de menos – menos reuniões familiares, menos saídas dos centros urbanos e menos ofertas –, mas também alguns sinais mais – mais mesas de Páscoa e mais refeições em casa”.