A Unilever definiu uma nova meta de vendas globais de mil milhões de euros de alimentos de origem vegetal alternativos à carne e laticínios, nos próximos cinco a sete anos.
Estas metas da multinacional anglo-holandesa são parte da iniciativa “Future Foods”, lançada com dois objetivos principais: ajudar as pessoas a transitarem para dietas mais saudáveis e, assim, contribuírem para a redução da pegada ambiental da cadeia alimentar.
O crescimento será impulsionado pelo lançamento da marca The Vegetarian Butcher, bem como de alternativas veganas de marcas como Hellmann’s, Magnum e Olá.
Além disso, a Unilver compomete-se, igualmente, reduzir para metade o desperdício alimentar nas suas operações diretas desde o fabrico até colocação dos produtos no ponto de venda até 2025, antecipando em cinco anos o compromisso assumido pela Champions 12.3, coligação multisetorial comprometida com os Padrões de Consumo e Produção Responsáveis (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas).
Mas há mais! A companhia que também detém marcas como Lipton, Ben & Jerry’s e Knorr, pretende duplicar a quantidade de produtos que fornecem uma nutrição positiva até 2025. Estes são produtos que contêm uma grande quantidade de vegetais, frutas, proteínas ou micronutrientes, como vitaminas, zinco, ferro e iodo.
Também a diminuição contínua da quantidade de calorias e do teor de sal e açúcar em todos os seus produtos está entre os objetivos definidos pela Unilever, snedo que 85% do portfólio de produtos alimentares da companhia possibilitarão uma dieta de no máximo 5gr de ingestão de sal por dia até 2022, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Noutros produtos, destaque para 95% dos gelados embalados que conterão no máximo 22gr de açúcar do total de açúcar e 250Kcal por porção até 2025. De relembrar que os gelados para crianças contêm 110Kcal desde 2014.
Hanneke Faber, presidente da divisão de Foods & Refreshment da Unilever, afirma, em comunicado, que “dever da Unilever contribuir para a transformação do sistema alimentar mundial. O nosso papel não é decidir o que as pessoas querem consumir, mas cabe-nos a nós apresentar soluções mais saudáveis e à base de vegetais que sejam acessíveis a todos. Estas metas são ambiciosas e abrangentes e demonstram o nosso compromisso para sermos uma força para o bem”.
O que dizem os números …
De referir que o mercado de alimentos à base de vegetais está a crescer com uma taxa de crescimento anual composta de 15,8%, devendo alcançar 35,4 mil milhões de dólares até 2027. O Barclays estimou, em 2019, que o mercado de produtos à base de vegetais poderá crescer mais de 1.000% nos próximos dez anos, alcançando 140 mil milhões de dólares até 2029.
Contudo, é do conhecimento geral que o atual sistema alimentar mundial é injusto e ineficiente. Segundo um estudo da Oxfam – “A billion people hungry” -mil milhões de pessoas no mundo passam fome, enquanto dois mil milhões são obesas ou têm excesso de peso.
Para além disso, os números indicam, também, que um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado, apontando, dados oficiais para o facto de a pecuária ser o segundo fator que mais contribui para a emissão de gases efeito de estufa, sendo superado apenas pelos combustíveis fósseis. A pecuária é a principal causa da desflorestação, da poluição da água e do ar, bem como do declínio da biodiversidade, referem os estudos publicados no Climate Nexus.
… e os especialistas
Jessica Fanzo, professora associada pela Bloomberg, em alimentação global e ética e políticas de agricultura, na Universidade Johns Hopkins e coautora do relatório EAT-Lancet, refere que, “em média, a dieta diária de uma pessoa precisará de mudar radicalmente nas próximas três décadas para garantir que todos têm acesso a alimentos sem que os recursos do planeta se esgotem. Ao melhorar a produção de alimentos e do ambiente alimentar, transformando os hábitos alimentares e reduzindo o desperdício alimentar, podemos começar a solucionar estes problemas”.
Já Liz Goodwin, diretora e membro sénior no no World Resources Institute, na área de Food Loss And Waste, salienta que “o desperdício alimentar tem um impacto enorme na economia global, no ambiente e na sociedade”. Esta especialista conclui, ainda, que “precisamos que o maior número possível de empresas dê prioridade à questão do desperdício alimentar e tome medidas para o reduzir”.