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Economia

Um quarto das empresas sem dinheiro para um mês de salário

Um quarto das empresas sem dinheiro para um mês de salário

25% das empresas não dispõem de recursos suficientes para fazer face a mais do que um mês de salários, avança uma análise do Gabinete de Estudos e Estratégia (o GEE) do Ministério da Economia a mais de 100 mil empresas. Num cenário de paragem total, as empresas medianas disporiam de fundos suficientes para fazer face a aproximadamente 2 meses e meio de salários.

Considerando a distribuição da variável por classes de dimensão o estudo verifica que são as empresas de maior dimensão, aquelas que dispõem de menor capacidade de fazer face os custos com salários utilizando montantes em caixa ou depósitos bancários.

 

“Este resultado, à primeira vista surpreendente, não será, no entanto, de estranhar, uma vez que empresas de maior dimensão disporão de maior acesso ao crédito, permitindo-lhes uma gestão muito mais flexível da sua tesouraria”, salientam Nuno Tavares e Gabriel Osório de Barros, autores do estudo. Na verdade, a manutenção de saldos elevados em caixa ou em bancos poderá constituir mais um sinal da existência de restrições no acesso ao financiamento do que de um nível acrescido de liquidez, reforça o GEE.

O setor com menor capacidade de fazer face aos custos salariais com recurso a disponibilidades é o do alojamento e da restauração, precisamente um dos mais expostos às medidas de contenção adotadas. Neste setor, 50% das empresas não disporiam de recursos para assegurar muito mais do que um mês de custos salariais. Em situação oposta, o setor mais preparado para fazer face a encargos com salários recorrendo a disponibilidades seria o comércio, uma vez que 50% das empresas conseguiriam assegurar aproximadamente quatro meses de pagamento de salários com recurso a disponibilidades.

 

Analisando resumidamente os números, verifica-se que até 50% das 118.644 empresas observadas consegue garantir até 2,5 salários em caso de paragem total.

“O atual cenário de pandemia provocado pelo novo COVID-19 criou um cenário de disrupção económica sem paralelo no último século. Ainda que num contexto marcado por uma enorme incerteza, hoje, é praticamente dado como certo o facto da economia mundial poder entrar em recessão já no segundo trimestre do ano, sendo de esperar uma quebra significativa no crescimento do produto em 2020”, concluem os autores do estudo da GEE.

 

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