O grau de confiança registado entre os consumidores portugueses registou, no 2.º trimestre de 2020, uma quebra de 31 pontos em comparação com período homólogo, fixando-se nos 63 pontos, contra os 94 do ano passado. Este valor coloca a confiança dos portugueses abaixo da média europeia que se situa nos 74, também ela alvo de uma quebra (-13 pontos).
Em termos de confiança dos consumidores, embora os níveis de confiança dos consumidores portugueses não seja ao mais baixos, é verdade que a maior descida foi registada no nosso país, quando comparado com Espanha, Itália, Reino Unido, França e Alemanha.
O país com um grau de confiança mais baixo é a Itália, com 54 pontos, correspondendo a uma quebra de 15 pontos face aos 69 pontos de igual período de 2019. Segue-se a Espanha, com uma queda de 28 pontos, o que leva “nuestro hermanos” a passar de 90 para 62 pontos.
Com graus de confiança superiores aos dos consumidores portugueses aparecem a França (70 pontos, descida de 11 pontos), Reino Unido (84 pontos, descida de 10 pontos) e Alemanha (87 pontos, descida de 16 pontos).
Este menor grau de confiança dos portugueses não quer, no entanto, dizer que os consumidores consumam menos. Segundo os resultados do estudo “The Conference Board Global Consumer Confidence Survey”, conduzido em colaboração com a Nielsen, os Bens de Grande Consumo apresentam neste segundo trimestre do ano uma forte tendência de crescimento (+8,2%), tal como já tinha a acontecer no primeiro trimestre (+14%). Portugal posiciona-se assim no 14.º lugar entre os 21 países analisados no estudo.
Como explica Ana Paula Barbosa, Retailer Vertical Director da Nielsen Portugal, “mesmo em tempos de incerteza nos que diz respeito às finanças dos consumidores, as vendas dos Bens de Grande Consumo no segundo trimestre de 2020 são impactadas pelo efeito da pandemia covid-19, particularmente no que respeita ao fator volume, que regista crescimentos significativos”.
Num período marcado pelo confinamento obrigatório e pelo encerramento de centros comerciais, restaurantes, e outros estabelecimentos comerciais, “as lojas de retalho alimentar mantiveram-se em funcionamento e direcionaram, com sucesso, todos os seus esforços para apoiar e fornecer os seus consumidores numa altura tão atípica como a que vivemos”, considera a responsável da Nielsen. Ana Paula Barbosa considera ainda que “nesta volta à normalidade, o mercado tem vindo a adaptar a sua oferta e terá de continuar a trabalhar no sentido de responder a todas as novas necessidades e limitações deste (novo) consumidor.”
Economia e Saúde no top das preocupações dos portugueses
A Economia e a Saúde surgem neste trimestre como as principais preocupações para 47% e 46% dos portugueses, respetivamente. O valor alcançado para o fator Saúde atinge neste período uma marca histórica, evidenciando o efeito e os novos receios associados à pandemia covid-19.
Com alguma relevância destaca-se também, mas já numa terceira posição, a questão do emprego. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, que ocupava a 2.ª posição no trimestre anterior, não alcança agora o pódio das preocupações dos portugueses.
Com 84% dos portugueses a afirmar que o seu país se encontra em recessão económica (um valor próximo ao registado para a média europeia – 86%), um certo pessimismo encontra-se refletido nas perspetivas de emprego para os próximos 12 meses, já que mais de 80% dos inquiridos afirmam esperar tempos difíceis no que diz respeito a esta situação e cerca de 70% não anteveem perspetivas positivas para as suas finanças pessoais.
Em linha com este sentimento, 77% dos consumidores portugueses afirmaram terem alterado no último ano os seus gastos para economizar nas despesas domésticas, sendo as principais medidas de poupança em roupa (54%), entretenimento fora de casa (54%), gás e eletricidade (43%), uso do automóvel (40%), pedido de refeições take-away (39%) e férias anuais (37%).