As lojas de rua e de centros comerciais, incluindo já dados referente à região de Lisboa, demonstram, desde a abertura após o confinamento, uma quebra média nas vendas na ordem dos 40% face ao mesmo período de 2019, indicam os dados revelados pela Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR).
A análise contou com dados recolhidos em mais de 2.000 lojas de associados da AMRR, de norte a sul do país, e referem-se à terceira semana de junho, entre os dias 15 a 21, altura em que foi permitido pelo Governo a reabertura das lojas com maior área, incluindo os Centros Comerciais, em Lisboa, depois de um longo período de encerramento devido à pandemia causada pelo novo coronavírus.
Os lojistas esperavam que após meses de confinamento e pelo facto de estarem a fazer grandes promoções, se verificasse uma ida aos centros comerciais para comprar produtos em falta, “mas a realidade tem sido diferente”, confessa a AMRR, em comunicado.
Neste período em análise, a região de Lisboa reporta assim uma queda de vendas de 40,1%, sendo que os lojistas do resto do país reportam perdas de 42,5%, demonstrando uma queda global nacional média de 41,3%. Olhando para os valor globais, desde a abertura da atividade económica do retalho e restauração, no dia 1 de junho, os lojistas têm vindo a perder, em média, 40% das vendas, havendo uma clara tendência para o aumento de perdas ao longo do tempo. Outro facto de realçar é que as lojas de rua caem ligeiramente menos que as lojas em centros comerciais. Isto apesar das lojas de rua nos centros de Lisboa e Porto, apresentarem quedas superiores devido à falta de turistas.
Na semana de reabertura das lojas em todo o país à exceção de Lisboa, os lojistas reportam quebras de vendas na ordem dos 39%, sendo que essa descida foi acentuada na segunda semana de operação, para os 40,5% e, terminada a terceira semana e já com os dados recolhidos dos lojistas de Lisboa, as perdas chegaram a 40,6% no total do País.
“Apesar das promoções que os lojistas estão a fazer, ainda é notória a fraca adesão dos consumidores às lojas. Estes dados reforçam a crise que ainda estamos a viver pelo que é urgente haver legislação que regule as rendas, em particular dos Centros Comerciais, sob pena de virmos a assistir a um desastre económico no retalho, com fechos de lojas e muito desemprego.” explica Miguel Pina Martins, presidente da AMRR.
“Não podemos aceitar que a faca e o queijo estejam nas mãos dos senhorios e dos centros comerciais, que abordam os lojistas com propostas alegadamente vantajosas e com o que aparenta ser uma política de moratória das rendas, mas que depois exigem o dobro ou triplo ao longo do tempo, com contratos que deveriam ser ilegais e reportados, pelas cláusulas abusivas que integram” reforça o presidente da associação.
Recorde-se que a AMRR tem vindo a reunir com as forças políticas e com os Centros Comerciais, no sentido de alcançar uma maior partilha de sacrifícios entre todos os intervenientes, tendo ainda apresentado o resultado de um inquérito feito aos seus associados, que revelou que 73% dos pequenos e médios lojistas de Centros Comerciais foram pressionados para assinarem acordos com cláusulas abusivas, para que pudessem aceder a apoios dos senhorios e Centros Comerciais, para minimizarem o impacto causado pelo período de fecho.
Entre as várias cláusulas abusivas que os lojistas reportaram estavam a proibição de recorrer a tribunais (87% dos contratos), o aumento do período de contrato (68%), o assumir das responsabilidades por parte do lojista em caso de uma nova vaga da pandemia (64%) ou até o aumento da renda variável (31%).