E à 18.º semana do ano 2020, compreendida entre 27 de abril a 3 de maio, Portugal sai finalmente do estado de emergência, decretado a 18 de março e findo a 2 de maio, numa transição para o estado de calamidade, e com os Bens de Grande Consumo (BGC) a totalizaram vendas na ordem dos 182 milhões de euros, um aumento de 6% face ao período homólogo de 2019.
Segundo os dados da Nielsen, a semana que inclui o 1 de maio, é desde 2012 uma semana de elevado nível de vendas e de promoções nos BGC e este ano não foi exceção, com o online a contribuir, igualmente, para este dinamismo, com o canal digital a continuar a registar crescimentos na ordem dos 200% em número de ocasiões de compra e número de lares compradores neste canal.
Categorias evidenciam efeito do armazenamento
Na semana 18, a Alimentação destaca-se como a única categoria a crescer nos BGC. Nesta última semana de estado de emergência continuaram a destacar-se, com incrementos acima da média, as categorias de consumo em casa e os produtos de maior durabilidade, particularmente as Bebidas Quentes (+44%), os Produtos Básicos (+26%) e os Congelados (+22%).
As Bebidas Alcoólicas cresceram 11%, embora no total as Bebidas tenham registado uma quebra de vendas de 1%.
A maioria das categorias de Higiene Pessoal e do Lar apresentaram um decréscimo, algo que pode ser explicado pelo facto de os portugueses se manterem em casa (exemplo dos Produtos Solares e Produtos para Calçado) e porque terá existido um forte armazenamento deste tipo de produtos nas semanas anteriores (tendência visível no Papel Higiénico e Higiene Oral).
Promoções à boleia dos folhetos
Verificou-se, igualmente, uma subida no peso das promoções através de Folheto na semana 18 (31,3%), que ascende neste período ao seu valor mais elevado desde a semana 11. Esta semana – que inclui o 1.º de maio – representa desde 2012 um dos principais períodos de vendas e atividade promocional do ano. Nesta semana, a percentagem total de vendas em promoção atingiu os 39,3%.
Proximidade conquista relevância
No período COVID, o fator “proximidade” é o que mais se destaca com a variação mais acentuada das vendas, invertendo a tendência do período pré-COVID.
Como aponta Marta Teotónio Pereira, Client Consultant Senior da Nielsen, “em pleno de estado de emergência, a saída à rua é feita ainda com cuidados redobrados. Por este motivo, as lojas de proximidade continuam a apresentar crescimentos superiores aos registados no período pré-COVID, com um dinamismo superior ao dos restantes tipos de loja, comprovando que os portugueses procuram soluções mais próximas das suas casas e evitam deslocar-se desnecessariamente”.
Para além disso, a responsável da Nielsen aponta, também “uma preocupação em reduzir o número de visitas às lojas, registando-se um maior gasto de ocasião por visita. A área alimentar é aquela em que os consumidores mais apostam nesta fase em que o consumo é feito em casa. Para os portugueses, é fundamental assegurar o recheio da sua despensa e garantir as refeições a realizar em casa durante este período”.
Marta Teotónio Pereira conclui ainda que, “apesar de serem altamente criteriosos na sua lista de compras, os consumidores encontram-se também atentos às promoções”, antecipando que esta tendência promocional deverá “continuar nas próximas semanas, pelo que é expectável que as promoções continuem a aumentar relevância no retalho alimentar”.