O consumo “Out-of-Home” (OOH), em Portugal, caiu 23% desde o início de 2020 até ao mês de agosto, revelam os mais recentes dados do relatório “Out-of-home food and drinks landscape. COVID-19 impact and the road to recovery” da Kantar. O estudo que cobre 11 países do mundo (incluindo Portugal) e que aborda duas perspetivas – a diminuição do consumo de snacks e bebidas não alcoólicas fora do lar (OOH) e como consequência o aumento da entrega de comida ao domicílio – salienta que a Europa é uma das regiões mais afetadas do globo no que diz respeito ao consumo fora de casa.
No caso particular de Portugal, durante este período, o comportamento do nosso país é similar ao observado no resto dos países analisados, com o consumo dentro do lar a crescer 3%. Esta evolução não foi, contudo, suficiente para compensar completamente a queda do consumo fora do lar, resultando num crescimento de 0% na combinação do consumo de snacks e bebidas não alcoólicas dentro e fora do lar.
Há, no entanto, um setor que minimizou algumas perdas do consumo fora de casa, destacando a Kantar as entregas de comida ao domicílio. “O home delivery trouxe ao consumidor a possibilidade de replicar os eventos fora de casa, em casa, fazendo chegar os restaurantes à sua mesa”, salienta a consultora.
Através de um questionário realizado pela Kantar, na zona da Lisboa a pessoas com menos de 50 anos, 57% dos respondentes afirmaram que utilizaram pelo menos uma vez os serviços de entregas de comida em casa. Dessa percentagem, 7% encomendou pelo menos uma vez por semana ou mais, 26% encomendou entre uma e três vezes por mês, enquanto que os restantes 24% encomendaram apenas uma vez.
As razões para tal escolha estão relacionadas com a conveniência e com o prazer, ou seja, 50% dos respondentes admite que utilizou esta solução por não querer cozinhar, por não saber como confecionar, por não ter comida no frigorífico ou simplesmente por não querer sair de casa. Para os outros 50% para proporcionar momentos de prazer, para experimentar algo novo ou por achar que merece.
Ainda em Portugal, 52% destes compradores encomendou a refeição através do telefone, 40% através do site/app do restaurante e 37% fê-lo através de um agregador de restaurantes (Uber Eats, Glovo, etc).
Para Marta Santos, sector director da Kantar, “a chegada do outono a uma parte do globo vem acompanhada da temida segunda vaga da covid-19, que resultou numa série de restrições e confinamento em muitos países. Já começámos a ver os impactos deste estado de emergência, que já está a travar a recuperação que se estava a viver nos meses seguintes ao desconfinamento”.
A responsável da Kantar destaca ainda que “os períodos do Natal e da passagem de ano serão cruciais para perceber qual o impacto efetivo de tudo isto no consumo fora de casa e se o home delivery será suficiente na recuperação do setor”.